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Lazaroni, Maradona e uma seleção (talvez) injustiçada


Copa 90: Farsa de Rojas ajudou Brasil a superar chance de desclassificação

Talyta Vespa

Do UOL, em São Paulo

02/12/2021 12h00

Até 1990, o torcedor brasileiro sequer cogitava a possibilidade de a seleção ficar fora de uma Copa do Mundo. As classificatórias sempre foram apenas um processo burocrático para uma resposta já sabida: o Brasil disputaria a Copa, sempre teve qualidade para isso.

Só que há 31 anos, pela primeira vez, existiu a real possibilidade de acontecer uma Copa do Mundo sem o Brasil. A duvidosa seleção comandada por Sebastião Lazaroni dava sustos, mas o êxito costumava vir —foi ela, inclusive, que quebrou o jejum de 39 anos do país sem vencer a Copa América.

O palco da angústia foi o Maracanã, e o protagonista, o Chile. No jogo de ida, o Brasil viveu, em Santiago, um clima de guerra: torcedores chilenos passaram a noite soltando fogos em frente ao hotel em que a seleção estava hospedada para prejudicar o sono dos jogadores.

No documentário Copa 90, produzido por MOV e UOL Esporte, o ex-meia da seleção Silas relembra que torcedores chilenos tentaram jogar pedras nos brasileiros em frente ao hotel.

"A recomendação era não sair do hotel de jeito nenhum."

Lazaroni descreve o episódio como uma batalha campal. Aos três minutos de jogo, Romário foi expulso por empurrar um jogador chileno. "Não vi o lance, mas a versão é que ele mordeu o peito do Romário, que o empurrou", diz Lazaroni, durante entrevista apresentada no documentário.

Os chilenos acreditavam na possibilidade de uma classificação sobre o Brasil, já que, em 1987, na Copa América, venceram a seleção brasileira por 4 a 0. Mesmo com o desfalque, o time de Lazaroni abriu o placar, e conseguiu segurar o 1 a 0 até o fim do segundo tempo, quando levou um gol. Com o empate, nada estava garantido. Três semanas depois, a decisão aconteceria no Maracanã, onde os chilenos esperavam recepção ostensiva como a oferecida ao Brasil no jogo de ida.

E se prepararam para isso. O goleiro Rojas entrou em campo com uma lâmina escondida nas luvas. Um sinalizador foi arremessado em campo por um torcedor na arquibancada, e o chileno fingiu ter sido atingido —caiu no chão e cortou o próprio supercílio com a lâmina. A partida já estava 1 a 0 para o Brasil, mas, naquele momento, o resultado ficou incerto.

O jogo foi interrompido, e ninguém sabia o que aconteceria. O Brasil poderia ser eliminado por causa do incidente, e, ali, pela primeira vez, o torcedor brasileiro se arrepiou ao cogitar a desclassificação da seleção para o time. Seria, ali, a primeira derrocada brasileira em Eliminatórias?

Só não aconteceu porque um jornalista argentino presenciou e noticiou o que Rojas fez. O Chile foi desclassificado, para alívio do torcedor brasileiro, e o episódio ficou conhecido como "Farsa de Rojas".

Ainda assim, nas Eliminatórias seguintes, para a Copa de 1994, o Brasil viveu outro sufoco: a vaga só foi garantida em uma vitória na última rodada contra o Uruguai. Quando o campeonato assumiu os pontos corridos, ficou mais fácil para as seleções seguintes. Lazaroni, Silas, Mauro Galvão e os jornalistas Luiz Prósperi e Roberto Thomé comentam o fatídico dia no segundo episódio de Copa 90.

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