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Herói do Palmeiras, Deyverson se alimentava de pipoca no início da carreira

Deyverson comemora o título da Libertadores após marcar o gol da vitória do Palmeiras sobre o Flamengo - PABLO PORCIUNCULA / AFP
Deyverson comemora o título da Libertadores após marcar o gol da vitória do Palmeiras sobre o Flamengo Imagem: PABLO PORCIUNCULA / AFP

João Henrique Marques

Colaboração para o UOL, em Paris

29/11/2021 04h00

O roteiro é comum. Menino pobre, talentoso, escondido e desafiador. Agora, Deyverson também é herói. Autor do gol da vitória do Palmeiras sobre o Flamengo na prorrogação na final da Libertadores, o atacante chega ao auge de uma carreira em que ele precisou superar desafios muito mais pesados do que qualquer zagueiro adversário.

"No meu bairro (Santa Margarida, zona oeste do Rio de Janeiro) tem muita gente boa de bola, mas frustrada com o futebol. As mensagens que me passavam eram de pessimismo, de que era mais um a viver uma ilusão. Só que eu arrisquei. O caminho de uma criança pobre dificilmente é o mesmo, realmente. Mas nunca devemos desistir", disse Deyverson, em entrevista ao UOL Esporte em 2017.

Em 2012, aos 19 anos, Deyverson defendia o Mangaratibense na terceira divisão do futebol carioca. O salário era de R$ 500. "Quando recebia", ressalva. A persistência veio com o apoio do pai, Carlos Roberto Silva, e da mãe, Cristiane Quintiliano. "Passei por dificuldades no Mangaratibense. Ficávamos sem café da manhã, almoço. Era pipoca ou pão sem manteiga para nos alimentarmos. É um clube de gente de bom coração, mas sem condição", lembrou.

O rumo da carreira quando um empresário português viu suas boas performances com a camisa do time de Mangaratiba. Foi quando aceitou o convite para testes no Benfica B e encarou o desafio europeu mesmo sem dinheiro no bolso. "O Benfica me abrigou no alojamento do clube em período de testes. 15 dias depois fui chamado para assinar contrato. Foi tudo tão rápido que era difícil das pessoas acreditarem", comentou.

Com dificuldades para sobreviver em Portugal, o "maior auxílio da carreira", como define, apareceu. O então atacante brasileiro do Benfica, Alan Kardec, convidou Deyverson para morar em sua casa até conseguir juntar dinheiro. "Como vascaíno de coração, já tinha o (Alan) Kardec como ídolo. E depois ainda cheguei aqui e dividi quarto no alojamento com ele. É o cara que mais me ajudou em Lisboa", definiu Deyverson.

O atacante brasileiro já atuava emprestado ao Belenenses, da primeira divisão de Portugal. No Benfica, o máximo atingido foram treinos com profissionais - jamais realizou uma partida oficial pelo clube -. E a escolha da agremiação portuguesa foi a de emprestá-lo ao Colônia, em 2015.

"Tinha que seguir arriscando. Joguei pouco na Alemanha, pois tive lesão na coxa, mas tudo é aprendizado. Foi a única vez que joguei pelos lados do campo, não sendo uma referência no ataque. O estilo de jogo por lá é bem diferente", comentou.

Ao retornar para o Belenenses, em 2015, Deyverson teve temporada de sucesso, sendo posteriormente vendido ao Levante da Espanha por 2 milhões de euros. Na temporada de estreia no Campeonato Espanhol, a de 2015/2016, fez 9 gols, em 33 partidas, e chegou a marcar na derrota em casa, por 3 a 1, contra o Real Madrid. Com o rebaixamento do time, a transferência ao Deportivo Alavés foi o caminho.

E foi aí que o Palmeiras entrou na vida de Deyverson. Após uma temporada no Alavés, o centroavante foi adquirido pelo Verdão e entrou em uma montanha-russa em solo brasileiro: altos e baixos, amores e desavenças com o torcedor. Foram três temporadas e a conquista do título do Brasileirão de 2018.

Sem espaço — e consistência em campo — retornou à Espanha por empréstimo entre 2019 e 2020, passando por Getafe e novamente o Alavés. Voltou ao Palmeiras nesta temporada e foi abraçado pelo técnico Abel Ferreira. O português deu mais uma chance para o centroavante e Deyverson recompensou a confiança do comandante da melhor maneira possível: o gol do título do tricampeonato da Libertadores.

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