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Final brasileira da Libertadores esquenta turismo da maconha em Montevidéu

Homem mostra pacote que contém a maconha comprada em farmácia de Montevidéu, no Uruguai - MIGUEL ROJO/AFP
Homem mostra pacote que contém a maconha comprada em farmácia de Montevidéu, no Uruguai Imagem: MIGUEL ROJO/AFP

Diego Iwata Lima e Leo Burlá

Do UOL, em Montevidéu (Uruguai)

26/11/2021 12h00

Qualquer pessoa que tenha ido às arquibancadas de um estádio sabe que as culturas do futebol e da maconha muitas vezes se entrelaçam. Assim, não é nenhuma surpresa que muitos palmeirenses e rubro-negros presentes ao Uruguai para a final da Copa Libertadores, amanhã (27), estejam aproveitando a estada no país para se aproveitar das benesses do primeiro local do mundo a legalizar o cultivo e o consumo da cannabis, em 2013.

Na realidade, as aventuras de torcedores tupiniquins na terra charrúa em busca da erva tiveram início já há cerca de duas semanas, quando começaram a chegar ao país as torcidas de Red Bull Bragantino e Athletico Paranaense, que decidiram a Copa Sul-Americana, no último sábado (20).

"Entra um brasileiro a cada cinco minutos aqui", contou ao UOL Esporte Lucas Lopes, 29, proprietário da 4:20, única loja de artigos relacionados à cultura canábica atualmente em funcionamento na Avenida 18 de Julho, a principal de Montevidéu.

"Eles querem saber se vendemos, como fazem para comprar, se podemos dar o telefone de alguém", conta Juan Pablo, 32, funcionário do estabelecimento que não vende maconha. Aliás, nenhuma loja, legalmente, pode simplesmente vender maconha, mesmo para os cidadãos locais.

"A lei não fala sobre turistas"

A lei promulgada em 2013 tornou legal, no Uruguai, o consumo e a comercialização, por parte de farmácias, de frações porcionadas de maconha para usuários cadastrados junto ao governo. A erva é plantada e curada por empresas também registrados junto aos órgãos federais.

A legislação também passou a permitir o cultivo doméstico em quantidade limitada a seis plantas por pessoa. E regulamentou os clubes de cultivo, que enviam quantidades da droga aos seus sócios periodicamente. Tudo estritamente dentro da lei.

O que não está na lei é o consumo por parte de turistas. "A lei não fala sobre turistas. Fala sobre quem pode vender e como. E as condições não favorecem que turistas consigam comprar legalmente", explicou Lucas Lopes.

Mas isso está longe de significar que turistas, brasileiros ou não, sejam incapazes de adquirir e fumar a droga. Um simples contato com um uruguaio cadastrado permite que uma compra legalizada seja feita, e que a droga seja oferecida a um estrangeiro não cadastrado junto ao governo.

A legislação também não proíbe que qualquer cidadão consuma cannabis no Uruguai. De modo que, uma vez em mãos, fuma-se com tranquilidade. Quer dizer, muitas vezes com certo estranhamento.

O torcedor palmeirense C.M, 40, no Uruguai desde quarta-feira (25), fumava e conversava com a reportagem quando, por instinto, escondeu seu cigarro ao ver um grupo de policiais se aproximar. "Eu ainda não estou acostumado com tanta liberdade", confessou, entre risos, antes de puxar e passar para um amigo alviverde.