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Burocracia e taxas surpreendem torcedor no Uruguai para ver a Libertadores

Bandeira do Uruguai na Praça Independência, em Montevidéu; ao fundo, o Palacio Salvo - Getty Images/iStockphoto
Bandeira do Uruguai na Praça Independência, em Montevidéu; ao fundo, o Palacio Salvo Imagem: Getty Images/iStockphoto

Diego Iwata Lima e Leo Burlá

De Montevidéu, no Uruguai

24/11/2021 04h00

Os brasileiros que vêm ao Uruguai para a final da Copa Libertadores precisam estar atentos a alguns detalhes que podem dificultar muito a vida de quem desembarca no simpático e agradável "Paisito".

Em primeiro lugar, é preciso contratar seguro viagem. Informações sobre uma apólice do tipo são requisitadas para o preenchimento da declaração juramentada que precisa ser feita no site do governo.

Como é possível preencher o formulário eletrônico com qualquer número, há quem acredite que não haverá problemas ao desembarcar, já que essa numeração não obedece a um único padrão. Mas para entrar no país uma comprovação digital ou impressa pode ser pedida no processo de imigração e fazer com que o torcedor seja barrado.

Quem vier por terra deve ainda imprimir os documentos necessários para a entrada no país, como a "Declaração de Saúde do Visitante" (no site www.gub.uy), o exame que comprova o PCR negativo para covid-19 e o Certificado Nacional de Vacinação do SUS. No aeroporto, as versões digitais bastam. Mas a aduana terrestre vem exigindo os documentos físicos.

Por conta disso, há relatos de que o processo de imigração por terra superou três horas para quem veio à partida do último sábado. Isso também vai demandar habilidade dos policiais de fronteira para organizar o escalonamento entre os veículos das duas torcidas, a fim de evitar confrontos.

Caução para aluguel de veículos é exorbitante

Outro ponto diz respeito ao aluguel de veículos. Devido a preços e lotação, muitos torcedores tiveram de optar por cidades da redondeza de Montevidéu na hora de se hospedar, como Atlántida, Canelones e até mesmo Punta del Este. O aluguel de carros será uma constante. Mas mesmo quem fez os trâmites e pagou tudo diretamente do Brasil pode ser surpreendido.

A maioria das locadoras, ademais dos pagamentos de diárias e seguros acertados à distância, cobra uma caução que vai de 900 a 1200 dólares (R$ 5,5 mil a R$ 7 mil) a ser cobrada no cartão de crédito do titular do contrato de locação. O valor não é descontado e não vai aparecer na próxima fatura do cartão. Mas fica bloqueado para ser debitado em caso de multas, por exemplo.

Segundo Diego Di Lorenzo, executivo da locadora Alamo, a medida também tem como objetivo evitar a apropriação indébita de veículos. "Com o contrato atrelado a uma instituição bancária, é muito mais complicado para algum locatário tentar se evadir para outro país, por exemplo", explicou ele ao UOL Esporte.

Custo de vida não é baixo; motoristas de aplicativo não se queixam

Os preços uruguaios são relativamente altos para os padrões brasileiros. Uma compra de supermercado de itens básicos para três dias de hospedagem, como água, cerveja ou vinho, itens de higiene pessoal, chocolates e os famigerados salgadinhos de pacote, por exemplo, sai por cerca de R$ 100. Para facilitar a conversão, vale a conta: cada 100 pesos equivale a cerca de R$ 13.

Nunca é demais também lembrar que o câmbio do aeroporto é normalmente pior que o das cidades. E no Aeroporto Internacional de Carrasco, funcionários de uma casa de câmbio localizada ainda antes da saída para o processo de imigração praticamente laçam quem sai da esteira de bagagens rumo ao país propriamente.

Uma dica interessante e positiva: o valor dos combustíveis é tabelado e fixado pelo governo. Não há necessidade de se buscar um posto com valor mais baixo.

Os motoristas de Uber ouvidos pela reportagem tiveram também declarações positivas a dar. "A tarifa é reajustada com regularidade e está sempre num mesmo patamar. Mas durante a pandemia, muitos amigos que faziam esse trabalho tiveram de procurar outro trabalho. Pagando parcelas, mas sem passageiros, esse emprego se tornou um dreno de dinheiro", contou ele, que sofreu menor impacto por ser proprietário do carro com que trabalha.

Preços altos e pedras

Os torcedores que vierem ao Uruguai para ver o jogo in loco, mesmo convidados VIP, devem ficar atentos na hora de retirar seus ingressos. Parceiros dos clubes finalistas da Sul-Americana, Athletico-PR e Red Bull Bragantino, que preferiram não se identificar por temerem represálias da Conmebol, relataram demora no trâmite de entrega dos bilhetes. Mesmo sem fila, a espera superou uma hora.

A expectativa é que haja cinco vezes mais pessoas na partida entre Palmeiras e Flamengo em relação à partida da Sul-Americana.

Dentro do estádio, é importante ter pesos uruguaios. As lanchonetes, que oferecem baixa variedade de alimentos, não aceitam cartões de crédito, muito menos moedas estrangeiras, sejam euros, dólares ou reais. Os preços também são salgados. Uma garrafa de água mineral de 500 ml custou 150 pesos na final da Sul-Americana —cerca de R$ 20.

Por fim, no último sábado, dia 20, havia também pedaços de paus e pedras dentro do Estádio Centenário, munição para o eventual caso de briga. O UOL Esporte conversou com pessoas que estiveram nesta terça (24) no local, e o entulho permanecia por lá.