Topo

Ex-River, diretor do Inter entende que lei dá vantagem à Argentina

Do UOL, em São Paulo

21/11/2021 04h00

Com experiência de trabalhar na integração das categorias de base com o profissional no River Plate, o diretor esportivo Gustavo Grossi tem a mesma missão agora no Internacional, em trabalho iniciado este ano, e ressalta que há um fator que dificulta para os clubes brasileiros na busca por jovens talentos em comparação ao que ocorre na Argentina, com o fato de não ser permitido alojar atletas menores de 14 anos.

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, Grossi afirma que pesa a favor de países como Argentina e Uruguai não haver este limite mínimo de idade para buscar jogadores de outras localidades mais distantes em relação ao clube, permitindo um trabalho de desenvolvimento dos atletas a partir dos 10 anos, com alguns exemplos de sucesso no próprio River Plate.

"Na Argentina, entre os 10 e 13 anos se define muito o nível de talento e os atletas já podem morar no clube, já podem se formar integralmente dentro do clube e demais coisas do país e aqui nós, no Brasil, decidiram ter uma lei que limita para a partir dos 14 anos, um atleta de outro estado, que more a mais de 50 km poder fazer parte de um projeto integral para ser atleta de alto rendimento", afirma Grossi.

"Essa diferença se nota muito porque o atleta a partir dos 10 anos até os 13 são idades determinantes em relação à educação, alimentação, formação, o crescimento, então quando o atleta vem aos 14, 15 anos, já vem com coisas infelizmente que não são as ideais. Essa lei eu acho que é o que mais permite que Uruguai e Argentina possam estar perto do patamar do Brasil porque estão três anos com formação adiantada em comparação ao que acontece aqui", completa.

Grossi explica que no caso do Inter, o clube acaba recorrendo a atletas do Rio Grande do Sul na faixa etária até os 14 anos e só a partir daí busca atletas de outros estados. Enquanto isso, na Argentina a maior parte dos atletas já está em um clube a partir dos 11 anos.

"Logo depois dos 14 anos nós podemos começar a trabalhar com um carioca, com um paulista, com um baiano e demais coisas que começam a gerar essa mistura que faz com que o futebol brasileiro tenha esse nível. Mas eu notei uma diferença muito grande em relação ao início da formação, o que se pode fazer aqui no Brasil em comparação a Argentina, onde eu trabalhei nos últimos anos", diz o diretor.

"Na Argentina, em 90, 95%, aos 11 anos o atleta está no clube, ninguém chega aos 14, 15 ou 16. O que mais tarde chegou eu acho que foi agora o Julian Alvarez, que chegou com 13 anos, mas Palacios, Lanzini, Martinez Quarta, todos do interior, que moravam a 600, 800 km do clube, que moraram dentro do alojamento do clube, se educaram na escola do clube. O Montiel mesmo, ele morava em uma área muito humilde de Buenos Aires, então o clube teve que levá-lo aos 11 anos para que ele pudesse ter condições de trabalho", conclui.

O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.