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Caboclo, afastado da CBF, chora em entrevista: 'Sou homem de família'

Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF - Reprodução
Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF Imagem: Reprodução

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/10/2021 23h17

O presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, chorou durante entrevista à Jovem Pan News, hoje (27), em um momento no qual comentou como tem vivido após ser alvo de uma denúncia de assédio por parte de uma funcionária da entidade. Punido com 21 meses de afastamento do cargo, em decisão da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro confirmada pelas federações, Caboclo reconheceu que errou no diálogo com a mulher que o acusou, mas afirma "não ser merecedor" do rótulo de assediador.

"Eu vivi nos últimos tempos o que chamaria de choque de realidade, entre o entusiasmo e a euforia de cada dia trabalhado para uma circunstância absolutamente inusitada na minha vida. Sempre fui tido como homem trabalhador, respeitador e educado. De uma hora para outra, me vi envolvido num emaranhado de circunstâncias que eu nunca me imaginei e hoje eu digo que não desejo a ninguém. Todo ser humano é falível. Eu cometi e reconheci o erro que cometi. Mas longe de ser merecedor de um rótulo ou de roupagem de alguém que assedia, que desrespeita. Sou homem de família. Tenho muitas mulheres na minha família. A vida inteira trabalhei com mulheres e jamais vivi nada parecido", afirmou o dirigente.

Caboclo voltou a dizer que foi alvo de um golpe e reiterou que o trecho do diálogo no qual aparece perguntando à funcionária se ela se masturbava foi tirado de contexto. Ainda assim, ele disse que "as palavras não foram bem colocadas" e, em uma resposta posterior, não estava fazendo um ataque à mulher.

"Não sou vítima, não quero passar por vítima. Reconheci meus erros, mas estou certo que não cometi assédio. Nunca me insinuei para ela. Que tenham responsabilidade. E os homens mais ainda. Infelizmente, vivemos no momento em que qualquer palavra tirada do contexto ou empregada em uma finalidade política nebulosa — e aí eu não me refiro à funcionária — pode manchar reputações, derrubar cadeiras. Peço aos homens e às mulheres: tenham muita responsabilidade, porque você nunca sabe no mundo de hoje do que você pode estar sendo alvo. Ou de quem. E repito: não é nenhum ataque à funcionária", disse Caboclo, dizendo-se envergonhado:

"Não é algo que me possa deixar orgulhoso. Ao contrário, me deixa envergonhado, hoje, olhando para trás. Mas ela teve todo um contexto que, extraído da realidade, dá outra conotação. Só aqueles que ouviram o áudio na íntegra e sem edição podem fazer uma boa avaliação daquilo que aconteceu. Eu me arrependo pelo conteúdo, é impróprio entre um chefe e uma funcionária, por mais que exista um ambiente de amizade e que meu objetivo inicial fosse reposicioná-la. Ela passou por algum tempo por dificuldades familiares. O início da conversa dizia respeito à vida privada por iniciativa dela. Eu, ao final, terminei de uma maneira que foi incorreta".

Caboclo não foi perguntado sobre as demais denúncias contra ele, as quais também já negou em notas oficiais anteriores. Ele é acusado por mais duas ex-funcionárias da CBF de assédio. A comissão de ética ainda conduz um procedimento aberto por denúncia feita pelo diretor de tecnologia da informação da CBF, Fernando França. Possíveis novas decisões condenatórias vão ampliar o período de afastamento para além dos 21 meses, o que acarretará em nova eleição na CBF, já que a pena futura extrapolaria o tempo restante de mandato de Caboclo (abril de 2023).

O presidente afastado da CBF comparou a comissão de ética a um "tribunal de exceção" e citou que a corte atuou com um viés "muito típico da época da inquisição".

"Mas quero lembrar que a justiça não termina aí. Vou levar aos tribunais aqueles que porventura possa provar que têm responsabilidades", ameaçou.

Caboclo citou ainda que é inocente por estar "quite com a Justiça" no âmbito criminal. Ele fez um acordo e não foi indiciado.

"O que existe ainda e pendente de recurso é uma decisão que considero absurda e covarde por parte da comissão de ética", pontuou.

Em relação ao presidente em exercício da CBF, Ednaldo Rodrigues, Caboclo o considerou um vice "voluntarioso", mas respondeu que "é carecedor de pelo menos dez dispositivos estatutários para que seja presidente da CBF".