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Por que as crias da base vêm perdendo espaço no Palmeiras nesta reta final?

Danilo, Gabriel Menino e Patrick de Paula comemoram gol contra a Ferroviária pelo Campeonato Paulista  - Cesar Greco
Danilo, Gabriel Menino e Patrick de Paula comemoram gol contra a Ferroviária pelo Campeonato Paulista Imagem: Cesar Greco

Diego Iwata Lima

Do UOL, em São Paulo

23/10/2021 04h00

A julgar pelo que se viu em 2020, não era difícil concluir que o Palmeiras de 2021 teria presença maior de jogadores de suas categorias de base nos momentos mais importantes. E de fato, o ano começou apontando essa tendência. Mas à medida que a temporada vai se afunilando, e os jogos mais agudos vão se sucedendo, veteranos e forasteiros voltam a ser protagonistas.

Lesões, indisciplina e desempenhos inconstantes aparecem como alguns dos motivos pelos quais os jovens jogadores formados no clube acabaram não se firmando. Mas não se pode deixar de mencionar que alguns simplesmente não conseguiram superar os jogadores mais experientes que estão nas suas posições.

As últimas escalações de Abel Ferreira, que coincidiram com o período de três jogos sem derrota — duas vitórias e um empate — indicam que o português está encontrando mais segurança nos jogadores mais velhos.

Contra o Ceará, na última quarta-feira (20), o Alviverde foi a campo sem qualquer jogador formado em casa: Weverton, Marcos Rocha, Gómez, Luan e Piquerez; Felipe Melo, Zé Rafael e Raphael Veiga; Rony, Luiz Adriano e Dudu. Escalação corroborada com sólido 2 a 1 sobre o time que não perdia em casa há 11 rodadas.

Danilo saiu do time durante subida de Felipe Melo

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Danilo, meio-campista do Palmeiras, durante treinamento
Imagem: Cesar Greco/Palmeiras

Dos atletas da base atualmente no elenco, Danilo é quem conseguiu se firmar mais. É, por exemplo, o atleta do time que mais atuou na Libertadores, com 12 aparições. Mas algumas lesões — atualmente se recupera fisicamente depois de uma canelite — fizeram com que mesmo ele ficasse em um plano mais secundário nos últimos jogos.

Um dos favoritos de Abel, o camisa 28 saiu do time em momento ruim para ele. Sua ausência está coincidindo com a subida de produção de Felipe Melo, que desempenha o mesmo papel de Danilo quando faz dupla com Zé Rafael. Cada vez mais titular, o experiente volante de 38 anos parece estar hoje com lugar garantido. Assim, para retomar sua vaga, Danilo seria deslocado de função.

Patrick teve problemas de disciplina; Menino sofre com lesões

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Patrick de Paula, Renan e Gabriel Menino, do Palmeiras, durante treino
Imagem: Cesar Greco/Palmeiras

Quem também poderia estar brigando por uma posição no setor é Patrick de Paula. Mas entre incidentes disciplinares e um futebol inconstante, o camisa 5 até ganhou a briga com Danilo Barbosa e Matheus Fernandes para ser opção, mas não conseguiu se tornar titular da equipe.

Embora tenha sido menos usado como volante, Gabriel Menino também poderia estar listado como opção no setor. Mas com Abel, ele aparece mais como lateral, ala direito ou como homem de meio-campo aberto à direita —sem também conseguir lugar cativo nos jogos decisivos.

Como lateral, pode até vir a ter grande chance no jogo mais importante do ano. Com Marcos Rocha suspenso e Mayke recuperando-se de artroscopia, a titularidade na final da Libertadores estava lhe caindo no colo. Mas no empate sem gols com o Bahia, ele torceu o tornozelo esquerdo e também é dúvida para a decisão de 27 de novembro.

Pontas perderam espaço para veteranos

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Gabriel Veron antes do treino do Palmeiras, na Academia de Futebol
Imagem: Cesar Greco

No ataque de um treinador que aposta em um jogo rápido de transição, Gabriel Veron e Wesley tinham tudo para serem os grandes nomes do Palmeiras. Mas eles também não conseguiram conquistar esse espaço. Abel vem dando mostras que sua linha de frente preferida deve mesmo se formar com Rony e Dudu como extremos, com Luiz Adriano na referência.

Wesley até apareceu mais que Veron, e em momentos importantes, como nas quartas da Libertadores, contra o São Paulo. Mas à medida que Luiz Adriano vai recuperando seu melhor jogo, e sem nenhum interesse em abrir mão de Dudu e Rony, Abel vai deixando o baiano Wesley na espera.

Veron participou não só do jogo, mas do lance mais importante do Palmeiras na temporada, ao fazer a jogada e dar o passe para o gol que empatou a segunda perna da semifinal da Libertadores com o Atlético-MG em 1 a 1. Mas veio do banco e para lá voltou, por enquanto, sem ter aproveitado as chances que lhe vêm sendo dadas. Muitas vezes, vem sendo alvo de reclamações de torcedores nas redes sociais que o acusam de estar disperso em campo.

Renan também participou de "gangorra"

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Abel Ferreira e Renan conversam durante treino do Palmeiras
Imagem: Cesar Greco/Palmeiras

Renan estreou no time profissional em 2020. Fez seu primeiro jogo como profissional no último jogo de Vanderlei Luxemburgo pelo Palmeiras —derrota por 3 a 1 para o Coritiba, em casa, em 14 de outubro do ano passado. Mas foi na atual temporada que ele realmente se firmou, atuando ora como zagueiro, ora como lateral.

Mas a expectativa de que ele poderia vir a ser o dono de uma posição na zaga não se cumpriu, embora ele seja o único beque canhoto do elenco, o que lhe dá um diferencial perante os demais defensores. Com as convocações de Viña para a seleção uruguaia, e o ano oscilante de Victor Luis, ele também apareceu na lateral-esquerda. Mas o espaço por ali diminuiu com as chegadas de Piquerez e Jorge.

Há 8 jogos até a final da Libertadores, e depois mais três até o fim da temporada. Não parece ser tempo hábil para que nenhum dos garotos, à exceção de Danilo, se torne protagonista de primeira prateleira no clube. Mas também não parecia que o Palmeiras chegaria a outubro de 2021 sem que ao menos um deles fosse nome indiscutível. E num elenco tão competitivo como o do Palmeiras, qualquer deslize pode significar alguém perdendo espaço para um colega.

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