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Neto de Jairzinho sonha em ser jogador e defende o Botafogo no futsal

Jair Ventura Neto, neto de Jairizinho, atua no futsal do Botafogo - Arquivo Pessoal
Jair Ventura Neto, neto de Jairizinho, atua no futsal do Botafogo Imagem: Arquivo Pessoal

Alexandre Araújo

Colaboração ao UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

18/10/2021 04h00

Aos 12 anos, muitos meninos brasileiros têm o sonho de ser jogador de futebol. Um deles, porém, tem, ao alcance das mãos, exemplos familiares que o nome facilmente denuncia: Jair Ventura Neto. Neto de Jairzinho, o "Furacão" da Copa do Mundo de 70, e sobrinho do técnico Jair Ventura, o jovem tenta trilhar o próprio caminho com a bola nos pés e, inclusive, também veste a camisa do Botafogo, clube do qual o avô é um dos grandes ídolos.

Atualmente, Jair Neto atua no sub-12 no campo do America e no futsal do Botafogo/Casa de Espanha, parceria entre o clube e a instituição. Praticante desde os seis anos, ele concilia a agenda da semana entre os treinos e os estudos.

"É uma honra para mim [vestir a camisa desses clubes], e é especial defender o Botafogo", conta ele, ao UOL Esporte, afirmando não se sentir pressionado pelo DNA que carrega.

No meio dos treinamentos, jogos e competições, o menino, claro, conversa bastante com o avô e com o tio. Recentemente, pôde acompanhar, ao lado de um dos grandes protagonistas, a campanha do Brasil no México.

Jair Ventura Neto e Jairzinho, ídolo do Botafogo e da seleção brasileira - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Imagem: Reprodução Instagram

"Vimos a reprise de todos os jogos da Copa de 70, nos 50 anos do Tri [no ano passado]", lembra. E dentre as memórias contadas por Jairzinho, elege a favorita. "Tem a história que ele sempre conta, a do porteiro Doroteu, de General Severiano".

Funcionário do Botafogo por muitos anos, Doroteu se tornou uma figura popular no clube. Quando garoto, Jairzinho, morou na rua General Severiano e participava de um time na região. Nas tentativas de pular os muros da sede alvinegra para bater bola atrás do gol, tirava Seu Doroteu dos prumos. Não à toa, em entrevista ao "A Pelada como ela é", d'O Globo, em 2010, apontou o então porteiro do Glorioso como o maior marcador que enfrentou.

Apesar dos "atritos" na infância, após Jairzinho se tornar jogador do Alvinegro, os dois se tornaram grandes amigos.

Jana, que é filha de Jairzinho e irmã de Jair Ventura, conta que o filho tem neles não apenas exemplos no esporte, e lembra que há conversas para que o jovem saiba filtrar as coisas positivas, mas tendo a ciência do que vai ter de encarar ao longo da caminhada.

"Como exemplos não só no futebol, como em outros segmentos. Ele sabe e pode filtrar aquilo que não é construtivo. Não deve fugir da pressão e, sim, encarar de frente para aprender a lidar com ela em qualquer situação na vida", disse.

"O próprio avô já contou vários relatos de sua carreira, além de vídeos e fotos e reportagens antigas. Ele dá muitos conselhos, e prefere que o neto, primeiro, conquiste seu espaço para depois se aproximar mais dos eventos", completa.

Jairzinho, ídolo do Botafogo e da seleção, Jair Ventura e Jair Ventura Neto - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

O esporte, e o futebol, não estão na família de Jair Neto apenas por parte do avô e do tio. Jana é faixa preta de jiu-jitsu — foi terceira colocada em um campeonato Mundial em 1998 — e, atualmente, treina futevôlei. André, o pai, chegou a atuar na sexta divisão do futebol alemão, em 2002.

Apesar da herança que carrega, Jair Neto garante não ter tratamento diferenciado, o que o deixa satisfeito. Por outro lado, os companheiros, de vez em quando, tentam matar algumas curiosidades:

"Os treinadores me tratam como todos os outros, o que me deixa muito feliz. Já os jogadores, os que conhecem o meu avô devido ao que os pais contam, fazem perguntas e pedem para tirar fotos. Já o meu tio, eles conhecem porque está na ativa".

"Garoto muito disciplinado"

Cria do Botafogo, Jairzinho surgiu em 1959 e permaneceu até 1974, período em que o Alvinegro teve equipes históricas — ele encerrou a carreira no Glorioso, em 1981. Ele também teve marcante passagem pelo Cruzeiro, onde foi campeão da Libertadores de 1976. Além disso, atuou pelo Olympique de Marseille, da França, Jorge Wilstermann, da Bolívia, dentre outros.

Titular da Copa do Mundo de 1970, quando o Brasil conquistou o tri, ficou conhecido como "Furacão" ao fazer gol em todos os jogos do torneio.

"Ele [Jair Neto] está entusiasmado, o que é normal para a idade. Está querendo o seu espaço dentro do futebol. É um garoto muito disciplinado, conhecedor da posição em que atua, sabe desenvolver muito bem. Ele joga como meia, fazendo a centralização do meio de campo. É muito dedicado, com disciplina tática", elogia.

"Claro, ele sempre faz algumas perguntas. Mas essa geração tem algo que eu não tive, que é o material gravado, para usar de referência. Hoje em dia algumas coisas são muito mais práticas", completa.

Pressão como combustível

Jair Ventura também foi jogador e defendeu alguns clubes de menor expressão no Rio de Janeiro, mas ganhou grande notoriedade nacionalmente como treinador. A primeira experiência, inclusive, foi no próprio Botafogo, em 2016 e 2017 — quando comandou o time na Libertadores. De lá para cá, esteve no Santos, Corinthians, Sport e, mais recentemente, na Chapecoense.

O sobrinho busca acompanhar de perto esta trajetória. "Quando não consigo ver os jogos ao vivo, vejo as reprises. Na época que meu tio treinou o Botafogo, ia praticamente em todos [os jogos] e fazia questão de entrar em campo com os jogadores (risos)", lembra.

Jair Ventura, por sua vez, retribui com muito bate-papo. "Converso muito com ele, vem de uma família do futebol, com o avô ex-jogador e o tio treinador! Vai ter comparação e pressão? Vai, mas ele tem que superar tudo e se dedicar ainda mais! Persistência, resiliência e dedicação para alcançar os seus objetivos", apontou.

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