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Sylvinho comemora 'vitória importantíssima' e vê Brasileirão se afunilando

Yago Rudá

Do UOL, em São Paulo

14/10/2021 00h43

O técnico Sylvinho não conseguiu esconder a alegria pela vitória conquistada diante do Fluminense, em casa, por 1 a 0. O comandante do Corinthians enalteceu o trabalho coletivo da equipe ao longo dos 90 minutos do confronto e falou em um Campeonato Brasileiro cada vez mais competitivo com a proximidade da reta final da competição.

"Vitória importante em um campeonato difícil. Entendo que os jogos ficarão mais difíceis a partir de agora, estão de um nível de competitividade muito alto, os objetivos começam a aparecer, os pontos precisam ser somados. Estamos trabalhando em busca de uma construção desse clube enorme. Temos trabalhado em cima de três pilares: atletas já vencedores, atletas jovens e que me fascinam, e atletas que chegaram agora para qualificar o nosso grupo. É um grupo em construção, estamos somando os nossos pontos e sabemos que o campeonato ficará ainda mais difícil. Estamos em uma zona alta da tabela, contentes com o trabalho e vamos seguir construindo", afirmou o treinador em coletiva de imprensa na Neo Química Arena.

Para vencer o Fluminense e chegar aos 40 pontos ganhos no Campeonato Brasileiro, o Corinthians contou com o gol do garoto Gabriel Pereira, de apenas 20 anos, após passe de Gustavo Mosquito. A jogada aconteceu aos 23 minutos do segundo tempo, justamente em um momento de pouca criatividade da equipe na partida.

Poucos instantes antes da rede ser balançada, Sylvinho teve uma conversa com Fernando Lázaro — coordenador do CIFUT e um de seus homens de confiança na comissão técnica — e tomou a decisão de inverter os pontas: jogando Gabriel Pereira para o lado direito e trazendo Mosquito para a esquerda, ao lado de Fábio Santos. Foi justamente dali que saiu o gol solitário do Corinthians na partida.

"A troca resulta em uma diferença para o adversário porque é uma outra postura, já que você precisa marcar um atleta com o pé invertido. O campo fala, muitas vezes nessa troca surgem situações como essa. Simplificando: o Gustavo pela direita tem a bola pelo fundo e isso acaba nos ajudando muito. Temos assistências e participações do Gustavo desde o começo do campeonato muito boas. Do lado contrário, o Gustavo tem o cruzamento com o pé contrário. O GP é um atleta muito bem dotado tecnicamente, mas o lado trocado é o lado que ele mais gosta. São características diferentes, temos trabalhado essa jogada de cruzamentos de pé trocado", festejou Sylvinho ao comentar sua mudança.

O elenco do Corinthians se reapresenta amanhã (14) pela tarde no CT Joaquim Grava. O próximo compromisso da equipe no Campeonato Brasileiro acontece na segunda (18), às 20h (de Brasília), diante do São Paulo, no Morumbi. Em caso de vitória no Majestoso, o Alvinegro pode retornar ao grupo dos quatro primeiros colocados.

Veja outros trechos da entrevista coletiva de Sylvinho:

Sobre a situação de Willian

"Os departamentos são absolutamente ligados. O atleta fez exames, tratamento, não viajou para Recife, voltou, treinou segunda e terça e estava apto para jogar na quarta. O atleta, assim como os demais, não é uma máquina. São jogadores de altíssimo nível, que qualificam muito o grupo e precisam de um período de readaptação ao futebol brasileiro. Conversamos com o atleta em dias passados, ele fez exames e estava absolutamente tranquilo, sem sentir nada. Todo atleta que vai a campo está correndo um risco, é um atleta experiente e entendemos que ali pôde ter tido um desconforto. Vamos com muito cuidado e esperamos que não seja nada".

Sobre as dificuldades de criação da equipe

"Sabíamos das qualidades do nosso adversário. Um time com um tripé de meio de campo, com atletas jovens, dinâmicos, técnicos. Por fora, atletas velozes e potentes. Um time compacto e que toma poucos gols. Esperávamos um jogo muito difícil. Não queríamos um jogo muito aberto, de transição, sabendo que os externos eram potentes. Queríamos tirar essa transição, jogar compactos e com posse de bola. Em partes conseguimos e em outras não. Vitória importante no nosso estádio com o nosso torcedor. Fica claro que o torcedor ajuda e empurra bastante, é uma atmosfera, um ambiente bom e isso ajuda em campo. O jogo foi difícil, o campeonato é assim e temos o entendimento de que fizemos todo o esforço e contamos com esse 'plus' do nosso torcedor".

O Corinthians está previsível na construção ofensiva?

"Nos primeiros 15 minutos estivemos bem. Volto a dizer que a atmosfera do nosso estádio, com o nosso torcedor, é forte. Tivemos duas ou três ocasiões próximas. Claro que do outro lado você tem um adversário que te tira espaço e te marca. Óbvio que não foi uma grande demonstração na parte de construção, um jogo dividido e forte. Entendíamos que o jogo era esse. Tínhamos uma estratégia de posse e amplitude. Quero acreditar que parte do jogo, principalmente esses primeiros 20 minutos, tivemos condições de abrir o placar. Isso é muito importante".

Sobre o substituto de Fagner para o Majestoso e a situação de João Pedro no elenco

"O João Pedro é um atleta de alto nível, um atleta que veio ao clube e nós temos trabalhado o João Pedro para que ele entre em boa condição dentro do grupo e dentro do nosso elenco. A pergunta que vem em seguida é sobre improvisar o Du Queiroz? Não, não. O Du Queiroz é um atleta que tem base, já jogou na lateral-direita, jogou bem, jogos difíceis contra o Athletico-PR e Grêmio. É um atleta que tem leitura de lateral, sabemos que ele fez isso na base, e também pode atuar como meio de campo. É um atleta que me deixa feliz, tem sua contribuição no grupo assim como o Roni, o Vitinho, o Adson, o GP. O Du Queiroz é mais um desse. Reitero: o João Pedro é um atleta que estamos trabalhando bem e vamos construir a história dele no clube com bastante calma".

Sobre o Majestoso no Morumbi e duelo com Rogério Ceni

"É um clássico muito bom, um jogo sempre muito atrativo, de rivalidade, de qualidade técnica, um jogo excelente, difícil. Vamos começar a construir esse jogo a partir de amanhã. Quero entender e, como eu já disse, acredito que a grandeza dos clubes é muito acima de um atleta ou de um treinador. É bonita a história do Rogério, assim como a minha aqui no clube, mas São Paulo e Corinthians estão acima. É assim que eu vejo, os grandes protagonistas são os atletas e, obviamente, a camisa".

Sobre a fase de Gabriel Pereira

"É um atleta que desde a minha chegada estamos olhando para esse potencial, estivemos trabalhando para que ele possa desenvolver esse potencial. Tem gol, tem cruzamento. Outros atletas tiveram os seus momentos, eles estão respondendo, entenderam o momento e estão querendo espaço. É muito bom, um atleta que tem respondido e estamos felizes. Todos eles são atletas com muita margem de crescimento".

Sobre eficácia defensiva

"É uma vantagem não tomar o gol. Se fala muito do futebol alegre, do futebol feliz, do primeiro homem especialista, do Cantillo sair jogando, mas todos eles obviamente precisam defender. Se a gente toma dois ou três gols por jogo, a chance de vencer é muito pequena. O jogo passa por isso, a complexidade é de atacar, construir e defender bastante também. Esse é o futebol, sempre foi. A gente tem que estudar, tem que ir atrás, tem que buscar. Os atletas estão atrás disso, estamos comprometidos defensivamente. Óbvio que nos outros jogos buscamos e trabalhamos em cima, mas sempre temos um adversário e às vezes faz o gol. Quanto menos você tomar, maior é a chance de ganhar o jogo".

O que precisa ser feito no Corinthians para que o torcedor fique mais satisfeito?

"Temos quatro meses, a construção está sendo feita. O grupo está se formando, é o momento. Eu rio pouco, já disse que não tenho a pretensão de que o time tenha a minha cara. O Corinthians tem a cara dele, hoje é um dia histórico, um dia importante para a história do clube: título de 1977. Uma conquista que é simbólica, emblemática. O clube tem a sua cara. Minha pretensão é trabalhar, me dedicar, ver o brilho nos olhos daqueles que têm 30 ou mais e estão buscando tudo. Estou feliz por esse trabalho, ele está crescendo, mas é a cara do clube. Tem bastante coisa para melhorarmos, vamos de jogo em jogo e esperamos que essa fase de construção passe rápido. O momento é de terminar bem o campeonato".

Sobre o momento do Cássio

"O Cássio é um profissional histórico dentro do clube, é um atleta exemplar, que como qualquer outro atleta tem os seus dias e pode ou não falhar. É uma referência dentro do clube, importantíssimo e é um daqueles atletas que brilham os olhos por trabalhar por esse clube. Ele fez uma defesa muito importante no jogo, o Cássio foi muito bem. É um atleta referência, um líder no grupo. Tem desejo de continuar jogando e ganhando. Fico feliz pela história dele".


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