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Tite detalha planejamento da seleção em meio a críticas e 'caso Neymar'

Tite durante o treino da seleção brasileira de hoje (13) na Arena da Amazônia - Lucas Figueiredo/CBF
Tite durante o treino da seleção brasileira de hoje (13) na Arena da Amazônia Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro

Do UOL, em Manaus

13/10/2021 21h07

A campanha até o momento invicta nas Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar não faz com que a seleção brasileira seja imune às críticas externas pelo desempenho nas duas últimas rodadas. Apesar da classificação muito próxima para o Mundial de 2022, o setor criativo da equipe ainda não agrada em cheio. Mas de acordo com o técnico Tite — que reconhece a oscilação —, o momento atual está dentro do planejamento.

Na véspera do jogo contra o Uruguai, em Manaus, o treinador disse que não trata os jogos contra Venezuela e Colômbia, sendo este o primeiro empate após nove vitórias, como sinais de que o time está desnorteado. Tite explicou que o ciclo para a Copa do Qatar é diferente do que foi o planejamento para o Mundial da Rússia, em 2018, e por isso há mais instabilidade.

"Na última vez havia necessidade premente de classificar a equipe [para a Copa do Mundo], jogamos os primeiros jogos com necessidade de resultados. Não tínhamos a possibilidade que temos hoje. São momentos distintos e precisamos ter a consciência. Críticas e elogios fazem parte. Imagine que antes do momento em que o Corinthians foi campeão da Libertadores e do Mundial eu tivesse sucumbido às críticas? No Grêmio ou no Internacional? Elas [críticas] fazem parte e eu tenho que compreender, porque é o papel da imprensa", disse, antes de completar:

Mas eu externo que são etapas e ciclos diferentes e que [o time] vai continuar oscilando, porque é do planejamento, sim, para que no momento futuro se defina uma estrutura básica de equipe, se repita padrão e se prepare para a Copa do Mundo. Agora ainda é, sim, hora de oportunizar Raphinha, Antony, Emerson, Veríssimo, Arana, um leque muito grande. Que se compreenda ou se critique a ideia, mas sabendo que ela existe."

Um dos pilares para o sucesso da seleção é Neymar. As atuações recentes não encantam tanto e, pelo discurso dele, já remetem a uma fadiga mental relacionada ao futebol. O jogador, inclusive, já disse que a Copa de 2022 pode ser a sua última porque "não sabe se terá mais condições de cabeça, de aguentar mais futebol."

Neymar - Mauro Neto/Faar - Mauro Neto/Faar
Neymar brinca com Tite durante treino em Manaus
Imagem: Mauro Neto/Faar

Tite foi perguntado sobre como lida com seu camisa 10. Embora não tenha respondido diretamente a respeito do estado mental do jogador e da presença do pai dele no treino de hoje (13), falou que tenta preparar um ambiente adequado para que Neymar se sinta satisfeito quando está na seleção.

"Converso com o Neymar a respeito da posição e função, das situações importantes, da alegria que ele remete à equipe, dele ser um jogador que tem espaço criativo importante, dele vir para a seleção e desfrutar na melhor condição possível. Tem tantos outros aspectos. Respeitar o lado de sentimento de cada um. Mas o nosso foco é muito grande. Quando a gente vê a menina, a Isabela Vitória, colocar a camisa [de Neymar] e se sentir representada é muito legal. Essas situações são normais e particulares de cada um. Temos um trabalho muito forte e direcionado à performance, a jogar bem, produzir bem, acertos, erros e correções", explicou Tite.

Contra os uruguaios, Neymar terá a companhia de Gabriel Jesus no ataque. Outra mudança é a entrada de Raphinha como titular na ponta direita.

Tite - Reprodução/CBF TV - Reprodução/CBF TV
Tite durante entrevista coletiva da seleção brasileira em Manaus com bottom do Zé Gotinha
Imagem: Reprodução/CBF TV

Tite foi perguntado ainda sobre como enxerga o futuro, se encara como possível uma trajetória similar à de Oscar Tabárez, técnico do Uruguai, que está no cargo há 15 anos. O técnico não foi direto, driblou a questão e até filosofou.

"Eu estou me lembrando de um poeta gaúcho. Ele falava que a grande caminhada é sempre olhar para o próximo passo. Tenho orgulho muito grande de estar como técnico da seleção hoje. E viver hoje. E fazer o melhor trabalho possível. Eu quero ter essa paz comigo mesmo. Então, é sempre ao próximo passo que eu vou estar atento", comentou o técnico.