Camisa da Holanda na Euro de 1988 foi mãe da inovação no design no futebol
As fabricantes de camisas de futebol produziam modelos simples, sem qualquer ousadia, até as décadas de 1970 e 1980. Mas foi já próximo dos anos 1990, a Adidas produziu um uniforme que se tornaria um marco em termos de design esportivo, com a camisa utilizada pela Holanda na Eurocopa de 1988, competição da qual a seleção holandesa foi campeã com um time que ficou marcado por nomes como Marco Van Basten, Ruud Gullit e Frank Rijkaard.
Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, o designer Glauco Diógenes conta a história da camisa que se tornou icônica no futebol mundial. A representação e a inspiração que levaram ao modelo utilizado. A resistência inicial e como ela influenciou para que novos modelos mais ousados passassem a ganhar espaço no futebol.
"Esse design da Holanda realmente é revolucionário e ele acaba ficando bonito por conta da questão do título. Isso ajudou também muito, principalmente lá na Europa, ainda mais com a fornecedora específica dessa camisa holandesa, que já tinha relações mais próximas com a Fifa e é a fornecedora oficial da Copa do Mundo desde 1974. Há um momento de exploração por parte dos designers porque tem uma verdadeira revolução têxtil, tecidos sintéticos que permitiam também essa queima e essas perfurações já a laser ou mesmo fazer tipos de tintura que eram impossíveis de serem feitas ou que custariam muito e não dariam o resultado esperado no algodão", conta Glauco.
"Você, olhando de longe, não percebe, mas ela faz referência a um artista muito importante holandês que é o [Maurits Cornelis] Escher, um cara que brincava com essa coisa meio surrealista de você ter perspectivas que não terminavam nunca, escadas que se entrecortavam e que continuavam o mesmo caminho, então, você nunca conseguia entender onde era o começo e era o fim. Eles pegaram isso como referência, pegaram também a questão da juba do leão, que faz parte do escudo da federação real holandesa, que ostenta aquele leão dentro do escudo, e transformaram isso em setas ascendentes, em degraus e também lembra um pouco a juba do leão", completa.
Ao mesmo tempo em que a camisa trazia aspectos até então inéditos e revolucionários, o primeiro impacto não foi positivo, de acordo com o designer, que considera que o título holandês na Euro de 1988 ajudou a reduzir a rejeição.
"Foi uma coisa muito revolucionária para a época, muito à frente do tempo, causou estranheza dos atletas. O Gullit, o Rijkaard e alguns atletas meio que não curtiram muito a ideia de trajar essa coisa da camisa. Hoje em dia é muito natural, mas os próprios atletas e não só os atletas, como os críticos, jornalistas, enfim, torcedores em geral, quando se deparavam diante de algo assim tão disruptivo... a coisa era muito mais polêmica do que é hoje, se debatia muito e as pessoas rechaçavam, então, essa camisa foi rejeitada inicialmente", conta Glauco.
"Depois, à medida que o time foi avançando, não tem tanto essa questão da sorte —da questão mística que a gente tem aqui, no lado latino—, mas, de uma certa maneira, eles viram a camisa como um amuleto ou como algum elemento que estava ajudando na construção daquele time e ficou marcado como um símbolo mesmo do final da década de 1980 e início dos anos 1990, que foi uma revolução têxtil bem importante. E aí é a mãe de todas as camisas mães que a gente tem visto hoje em dia", conclui.
O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no YouTube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.
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