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OPINIÃO

Mauro Cezar: Renato tem que agradecer demais o elenco que ele tem nas mãos

Do UOL, em São Paulo

24/09/2021 15h42

O Flamengo venceu o Barcelona de Guayaquil por 2 a 0 no Maracanã, em partida das semifinais da Copa Libertadores na última quarta-feira (22), mas o desempenho do time no segundo tempo decepcionou os torcedores diante do fato de o time adversário ter ficado com um jogador a menos ainda na primeira etapa, com o Rubro-negro não só deixando de aproveitar uma oportunidade para aumentar sua vantagem, mas também levando alguns sustos.

No podcast Posse de Bola #163, Mauro Cezar Pereira aponta a falta de repertório do técnico Renato Gaúcho, considera que o time sob o comando do atual treinador está perdendo características que o diferenciavam nos trabalhos anteriores desde Jorge Jesus em 2019 e que, embora o resultado tenha sido bom, muito se deve à qualidade do elenco.

"O Flamengo perdeu com o Renato uma característica super importante, que é fundamental para um time técnico, que sabe trabalhar com a bola, que é justamente reter a bola, usar a posse de bola como arma, como estratégia, para manter o adversário longe da sua área, para incomodá-lo e no caso específico de um jogo em que você tem um homem a mais, para fazê-lo cansar. O segundo tempo era para cadenciar o jogo, ficar com a bola, trocar passes, mesmo que fosse uma troca longa e até cansativa, e fazer o time adversário correr de um lado para o outro, marcando os jogadores do Flamengo", diz Mauro.

"Mas voltou para o segundo tempo e continua no jogo briga de rua, no jogo lá e cá, no jogo trocação, que é você permitir que o jogo fique igual quando você tem um time melhor que o adversário individualmente, mas não coletivamente, o Barcelona nitidamente é um time mais bem treinado que o Flamengo de hoje, isso é muito claro", completa.

O jornalista ressalta que o resultado final foi bom para o Flamengo, que se aproxima de mais uma final de Libertadores, o que não é recorrente na história do clube, que disputou — e ganhou — as duas que disputou, em 1981 e 2019. Mas a maneira de jogar, na sua visão, coloca o Flamengo para correr alguns riscos que ele não poderia diante da disparidade do elenco em relação ao time equatoriano.

"O Renato tirou de vez do Flamengo características que tinha com Ceni, com Dome e com Jesus, voltou ao estágio do Abel Braga, que queria o jogo de ligação rápida, de velocidade e pouca posse de bola. O Flamengo até não tem pouca posse de bola, mas não trabalha de forma estratégica. Renato tem que agradecer demais o elenco que ele tem nas mãos, o elenco dos R$ 200 milhões que ele falava quando estava no Grêmio tomando de 5 a 0", diz Mauro Cezar.

"O Flamengo parece que não tem estratégia mais, só joga de um jeito, sendo que o perfil do elenco, dos jogadores, é para você ter muitos mais do que isso. (?) O Renato é o técnico do 5 a 0, o Flamengo contratou o técnico que tomou de 5 a 0 há menos de dois anos e ele está fazendo o que ali? Está mostrando pouco repertório. O que eu falava do Abel, falo aqui do Renato. Pode ganhar? Pode ganhar tudo, porque o elenco é muito bom, é muito melhor do que a maioria, mas os trabalhos dos técnicos deixam muito a desejar", completa.

Mauro afirma que, com todos os jogadores que possui no elenco, a mira do Flamengo deveria ser em um time próximo do imbatível para os padrões brasileiros e sul-americanos, mas isso não ocorre no trabalho de Renato Gaúcho.

"O Flamengo era para ter como objetivo ser um time quase imbatível, porque imbatível não há, tem material humano para isso, mas não tem comando técnico para poder se propor a ser um time quase imbatível. Não tem comando técnico, isso está muito claro, o Renato não tem repertório, não tem entendimento do jogo, ele e o seu auxiliar técnico, para fazer mais do que isso", conclui.

Posse de Bola: Quando e onde ouvir?

A gravação do Posse de Bola está marcada para segundas e sextas-feiras às 9h, sempre com transmissão ao vivo pela home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte nas redes sociais (YouTube, Facebook e Twitter).

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