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Eliminatórias Sul-Americanas

CBF envia defesa à Fifa sobre Brasil x Argentina suspenso

Agentes da Anvisa interrompem partida entre Brasil e Argentina - Alexandre Schneider/Getty Images
Agentes da Anvisa interrompem partida entre Brasil e Argentina Imagem: Alexandre Schneider/Getty Images

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/09/2021 20h08

A CBF enviou hoje (13) sua defesa à Fifa como parte do procedimento aberto pela entidade após a suspensão do Brasil x Argentina pelas Eliminatórias da Copa de 2022. A partida só levou cinco minutos em curso porque funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram a campo com a Polícia Federal para notificar quatro jogadores argentinos que vieram da Inglaterra sobre a necessidade de quarentena e o impedimento de participar da partida. A seleção da Argentina, então, deixou o campo.

O documento foi mandado para Zurique no último dia do prazo. A CBF teve seis dias, a partir da abertura do processo no Comitê Disciplinar da Fifa, para montar a peça jurídica. O prazo, na ponta do lápis, terminaria no domingo (12), mas, por ser tratar de fim de semana, houve uma esticada no protocolo para o dia seguinte.

Nos autos estão os relatórios do árbitro venezuelano Jesús Valenzuela do delegado da partida, o colombiano Juan Hernández. A CBF tenta mostrar que não foi responsável ou deu causa à suspensão do jogo do dia 5, na Neo Química Arena.

O lado brasileiro da discussão tenta mostrar que cumpriu suas tarefas na condição de mandante, entre elas alertar aos visitantes as exigências sanitárias do governo local. Para o quarteto que veio da Inglaterra há menos de 14 dias antes da partida — o goleiro Emiliano Martínez, o zagueiro Cristian Romero, o volante Giovani Lo Celso e o meia Eliminano Buendía — era preciso cumprir 14 dias de quarentena, segundo a portaria interministerial 655, de 23 de junho. A AFA poderia ter pedido uma excepcionalidade com antecedência, mas o pedido foi feito após a chegada da delegação ao Brasil — quando eles já tinham informado de forma errada às autoridades locais que não tinham vindo de solo inglês.

Relatórios dos funcionários da Anvisa dão conta de reuniões nas quais a AFA foi notificada previamente sobre a necessidade de isolar os jogadores e não permitir que eles treinassem ou fossem para o jogo. A negativa formal ao pedido de excepcionalidade foi enviada pelo Ministério da Saúde 51 minutos antes de a bola rolar.

No estádio, os funcionários da Anvisa, ainda segundo os documentos oficiais do órgão, relataram obstrução no acesso, dificuldades para chegar ao vestiário e uma tentativa de "contenção" dos agentes com oferta de lanches em um dos camarotes do estádio.

Em outro documento, a Anvisa informou que "não havia intenção ou determinação para suspensão do jogo, sendo esta ação de responsabilidade da Seleção de Futebol da Argentina, que se recusou a apresentar os jogadores para receber as respectivas notificações e decidiu por abandonar a partida".

Os argentinos alegam que deixaram o campo por orientação do delegado da Conmebol. O delegado da partida cita que mandou as duas seleções aos vestiários para "evitar agressões", segundo publicado pelo GE. O Brasil seguiu em campo para que não se configurasse W.O.

"As quatro pessoas que adentraram ao campo entraram para cumprir regras de poder que eles tinham, que era deportar os jogadores. Era Polícia Federal, não era qualquer pessoa estranha. Se os jogadores saíssem de campo e entrassem outros três, o jogo aconteceria. Quem deu causa não foi a CBF", disse ao UOL Esporte um dos vice-presidentes da CBF, Gustavo Feijó.

Semana passada, após abrir os procedimentos, a Fifa explicou que pediu a posição das duas seleções sobre os fatos que levaram à suspensão da partida. E isso será "analisado exaustivamente pelo Comitê Disciplinar da Fifa".