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Clubes debateram punição e correm com ação contra o Flamengo no STJD

Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, concede entrevista no Ninho do Urubu - Alexandre Vidal/Flamengo
Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, concede entrevista no Ninho do Urubu Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Igor Siqueira e Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/09/2021 04h00

Os clubes se movimentam para formalizar até amanhã (10) o pedido no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para derrubar a liminar conseguida pelo Flamengo, que dá ao Rubro-Negro o direito de ter público nos estádios em jogos como mandante. A ação conjunta combinada na reunião de ontem (8), junto à CBF, vai bater na tecla de que houve uma decisão em colegiado do conselho técnico da Série A, formado pelos clubes, contrária à presença de público enquanto todas as cidades que acolhem o calendário nacional não derem aval para isso.

A argumentação sublinhará que a CBF, tem, sim, uma parcela de autonomia para deliberar sobre o assunto do público, já que é organizadora da competição. Na visão dos clubes, a prerrogativa das autoridades para liberar a presença de torcida — como citada na liminar concedida pelo presidente do tribunal, argumento reforçado pelo Fla — corre em paralelo.

Os clubes querem que o processo ande rápido no STJD, até pela proximidade ao jogo do Flamengo contra o Grêmio, pela Copa do Brasil. O presidente gremista, Romildo Bolzan, disse no encontro com os pares que não vai colocar o time em campo se a partida tiver público. A reunião teve um tom duro em relação ao Flamengo. Houve uma convergência entre os outros representantes nas críticas ao ausente rubro-negro.

Diante do cenário, presidentes citaram uma situação hipotética relacionada à tentativa de formação da liga dos clubes — uma decisão seria tomada em colegiado e mesmo assim haveria o risco de que um clube contrariado recorresse à Justiça para mudá-la. A citação mostra como anda estremecido o debate em relação à formação de um bloco de clubes.

Ainda durante a reunião, os dirigentes debateram como o Flamengo poderia ser punido se passasse por cima do combinado entre os clubes. Mas os cartolas não encontraram um meio viável para definir a questão naquele ambiente de discussão.

O presidente do Palmeiras, Mauricio Galliote colocou um pouco de pressão na CBF, dizendo que a entidade não poderia aceitar que o rival coloque público em seus jogos pelo Brasileiro sem a aprovação dos demais clubes.

Alguns dirigentes se dispuseram a falar diretamente com Rodolfo Landim sobre o assunto, na tentativa de demovê-lo da ideia de ter torcida nas partidas.

Um deles foi o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos. "Companheiro" de Landim na função de interventor da CBF — que foi determinada pela Justiça, mas não chegou a se concretizar na prática —, Reinaldo disse aos demais que a postura devida de Landim seria participar da reunião e não mandar nota. Ao mesmo tempo, o dirigente paulista ainda incentivou que os clubes tentem resolver a liberação junto às respectivas prefeituras.

A decisão de não ir a campo, caso o Flamengo use a liminar, foi a última medida acertada entre os clubes na reunião. A visão deles é que essa é uma medida extrema para frear a iniciativa rubro-negra, caso a empreitada no STJD não dê certo. Mas o recado da CBF é que a suspensão da rodada, administrativamente, pode não ser tão simples. A entidade disse que "irá analisar juridicamente a questão, uma vez que interfere na esfera de direito de terceiros adquirentes de propriedades comerciais da competição".

Flamengo seguro

Do seu lado, os rubro-negros entendem que estão totalmente amparados pela legislação vigente e não se incomoda com quem chama a postura do clube de isolacionista e egoísta.

Divergências à parte, os principais dirigentes do clube enxergam total coerência na medida, já que o Flamengo sempre se colocou a favor do retorno do público. Além disso, as críticas são consideradas oportunistas, visto que os clubes não demonstraram unidade em diversas ocasiões que desfavoreceram os rubro-negros.

O impedimento de levar torcida ao jogo diante do Palmeiras, no Allianz Parque, no Brasileiro de 2019, foi um exemplo usado para ilustrar essa postura ocasional dos rivais. A recusa da CBF em adiar jogos por conta das convocações para as Eliminatórias também foi lembrada na Gávea. Na ocasião, o Fla não conseguiu angariar um apoio sequer entre os clubes e todos se calaram quando a equipe foi desfalcada em várias rodadas da competição nacional.

Apesar de críticas abertas de parte dos adversários, fato é que o Fla não irá mover um milímetro a sua determinação de ter de volta parte do Maracanã com público. O clube firmou posição em torno do assunto e vai jogar no limite da regra estabelecida pela Prefeitura do Rio de Janeiro.