Topo

Cruzeiro

Cruzeiro paga parte dos salários, mas não tem prazo de zerar atrasados

Cruzeiro vive momento crítico do ponto de vista financeiro e agoniza sem ter como quitar obrigações básicas - Divulgação/Cruzeiro
Cruzeiro vive momento crítico do ponto de vista financeiro e agoniza sem ter como quitar obrigações básicas Imagem: Divulgação/Cruzeiro

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

23/07/2021 04h00

Com uma dívida global que se aproxima de R$ 1 bilhão, o Cruzeiro definha financeiramente e passa por grandes dificuldades, agravadas ainda mais pela pandemia da covid-19. Com acúmulo de salários atrasados e pendências que se arrastam desde 2019, a atual diretoria do clube garantiu a funcionários e jogadores nesta semana um pequeno respiro nas contas. É que nos últimos dias foi quitado parte dos atrasados de 2021 com os atletas, assim como a folha de junho paga aos funcionários administrativos.

Segundo uma fonte disse ao UOL Esporte, desta vez até os colaboradores que recebem mais de R$ 3 mil foram contemplados com o pagamento, tendo em vista que nos últimos meses apenas quem recebia no máximo essa quantia estavam recebendo na integralidade — mesmo com atraso. Essa informação foi antecipada pela Rádio Itatiaia e confirmada pela reportagem.

Salário dos atletas

Em relação aos salários dos jogadores, há pendências antigas com aqueles que estão na Toca II desde o ano passado. Não foram pagos o mês de outubro e o 13º. Neste ano também há dívidas consideráveis, já que o clube optou pelo pagamento fragmentado pela falta de recursos.

O próprio presidente admitiu em entrevista recente que, por ora, eram quitados parte do valor registrado em carteira, ora feito o pagamento do direito de imagem. Certo mesmo é que essa situação complicada da falta de garantia de salários não tem prazo específico para terminar.

"Não há expectativa de prazo [quitar salários atrasados]. Temos que matar um leão por dia. Na última semana eu solicitei ao presidente Sérgio [Santos Rodrigues] e ao Paulo Assis, que é o nosso CEO, que as coisas se resolvessem o mais rápido possível, e eles prontamente atenderam. Todos os salários de funcionários foram pagos, parte dos salários dos atletas foram pagos, uma folha quase que inteira", revelou o diretor de futebol Rodrigo Pastana.

Depois da derrota para o Remo, o experiente volante Rômulo falou sobre o extracampo interferir no rendimento do grupo, reiterou o momento difícil vivido pelo Cruzeiro, mas ressaltou o empenho do departamento de futebol para resolver os problemas.

"Claro que problemas externos afetam sim o rendimento. Isso é inegável, não só no futebol, mas em qualquer área para qualquer trabalhador. Mas o clube tem dado satisfação quase todo dia de que vai fazer o máximo para trazer parceiros, patrocinadores, levantar verba para que isso seja quitado o quanto antes, não só dos jogadores, mas principalmente dos funcionários com salários baixos. O clube está se movimentando muito para isso, até o [Rodrigo] Pastana, que chegou, está mobilizando parceiros para que isso fique em dia", explicou.

O próprio Rômulo revelou que aceitou vir para o Cruzeiro diminuindo drasticamente o seu salário, quando deixou o futebol italiano e retornou ao Brasil. "A maioria dos jogadores que vieram para cá reduziram e muito o salário. No meu caso particular, eu reduzi 90% do salário para vir para cá. Estamos no Cruzeiro de verdade para dar a vida por esse clube e fazer com que o clube volte como sempre foi", disse.

Com todos os problemas vividos no clube os atletas que ganham valores mais elevados entenderam a situação de funcionários mais necessitados e, neste momento, aceitam que essas pessoas recebam seus pagamentos antes.

"Alguns atletas que ganham valores significativos eu mesmo conversei com eles. Em reunião decidimos que por um bem maior eles deixariam de receber para que outros recebessem", contou Pastana.

Com o diálogo transparente, o dirigente tenta manter o clima bom no vestiário do clube. "Com isso [pagamento de parte do salário e diálogo], claro que o clima é melhor, você pode cobrar um pouquinho mais, as coisas começam a acontecer. Haja vista o último jogo que fizemos um jogo como equipe. Mesmo com nove atletas, tentou o gol até o final. Em seguida houve manifestações até públicas, do Fábio, do [Rafael] Sóbis e do Rômulo dizendo sobre esse ambiente coletivo, que era bom, benéfico, que o treinador era um bom comandante. Enfim, protegendo seus pares, e quando você vê isso, começa a ter esperança de que as coisas vão melhorar", concluiu.

Cruzeiro