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Há cinco anos Cruzeiro anunciava jogador que 'pode levar clube à Série C'

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

19/07/2021 04h00

A realidade atual do Cruzeiro não é fácil por todo o histórico recente do clube. Com dívidas na casa dos R$ 900 milhões, após ter entrado nas páginas policiais por práticas de má gestão de ex-dirigentes e com centenas de processos na Justiça, a Raposa ainda pode viver o maior pesadelo de sua história: uma eventual ida à Série C do Campeonato Brasileiro. Isso caso não pague uma dívida com o Al Whada, cobrada na Fifa pela equipe dos Emirados Árabes Unidos, pela contratação do volante Denílson. E essa aquisição, feita em 2016, completa cinco anos hoje (19).

"A diretoria do Maior de Minas acertou, na tarde desta terça-feira, a contratação do meio-campista Denilson, de 28 anos, que estava no Al-Wahda Football Club, dos Emirados Árabes. O atleta chega à Raposa por empréstimo até o fim da atual temporada e reforçará a equipe celeste na disputa do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil", diz parte da nota oficial publicada no site do Cruzeiro à 0h46, do dia 21 de julho de 2016.

Revelado pelo São Paulo e com passagem pelo Arsenal (ING), Denilson chegou à Toca II na gestão do então presidente Gilvan de Pinho Tavares, vindo por empréstimo do Al Whada. Essa contratação não teve o pagamento realizado conforme contrato e o clube árabe cobrou do Cruzeiro nos tribunais da Fifa. Em 2020, a Raposa foi executada em R$ 5,5 milhões por conta da inadimplência, perdeu seis pontos na Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado, e vive o risco de rebaixamento sumário à Terceira Divisão caso não quite o débito em uma futura cobrança, que ainda não tem data prevista para ser feita.

Na última temporada, pelo trabalho de advogados, o Cruzeiro conseguiu suspender tanto o pagamento quanto uma das punições disciplinares (rebaixamento à Série C) pelo não pagamento da dívida. Agora, o clube sabe que a próxima cobrança oficial da Fifa terá que ser paga ou o clube sofrerá consequências graves pela inadimplência.

O rebaixamento de um clube por dívidas não quitadas com outras agremiações está previsto no artigo 6º, 3, h do Código Disciplinar da Fifa, que disserta expressamente sobre "rebaixamento para uma divisão inferior"

"Não posso garantir que se chegar [cobrança da Fifa] amanhã, eles [investidores que ajudam o clube] vão pagar (...) Aquilo que todo mundo fala de ir para a Série C, porque é uma consequência natural de gradação de pena do Al Wahda, do Denilson, que acarretou nos menos seis pontos na temporada passada, quando você toma a punição, inicia-se um novo processo para aplicar uma nova pena. Iniciou-se o processo que pode gerar esse rebaixamento, mas esse não tem prazo definido ainda para acabar ou estabelecido", disse o presidente Sérgio Santos Rodrigues, em entrevista à Rádio 98 FM, na última semana.

Outras punições

O Cruzeiro já sofreu outras punições da Fifa por débitos com outros clubes. A equipe celeste foi punida até aqui com três 'transfer ban' — impedimento de registros de atletas — por dívidas com o Zorya [negócio envolvendo o atacante Willian Bigode], com o PSTC [não pagamento de porcentagem pela venda do zagueiro Bruno Viana] e pela pendência com o Defensor Sporting (URU) pelo calote na contratação do uruguaio De Arrascaeta.

Há ainda previsto mais um transfer ban pela dívida com o Mazatlán [novo nome do Monarcas Morelia, do México] pelo não pagamento da dívida gerada na contratação do colombiano Riascos, em 2015.

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