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Comparado a Richarlison, Caio Paulista tem sonho no Flu: 'seremos campeões'

Caio Paulista deu duas assistências na vitória do Fluminense sobre o Cerro Porteño na Libertadores - Lucas Merçon/Fluminense FC
Caio Paulista deu duas assistências na vitória do Fluminense sobre o Cerro Porteño na Libertadores Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

15/07/2021 04h00

Um dos destaques do Fluminense que brilha na Libertadores, Caio Paulista quer ficar por muito tempo no clube. O atacante de 23 anos não guarda mágoas de ter sido dispensado em Xerém. Com contrato apenas até o fim do ano, ele se sente identificado e vê o Tricolor como prioridade.

"Na minha cabeça, o mais importante sempre foi o Fluminense. Eu quero ficar no Fluminense. Eu vim para cá porque gosto, me identifico e todos me abraçam de uma forma que criei um carinho enorme pelo clube. A forma que vai ser, não sei, meu empresário e a diretoria estão discutindo, tenho certeza que vai ser de um jeito que fique bom para todo mundo, mas espero que dê tudo certo", afirma, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Quando escolheu retornar ao clube após um 2019 de destaque no Avaí, o camisa 70 imaginava justamente o que encontra agora em 2021.

"Sempre me senti um Moleque de Xerém. A maior parte da minha carreira foi aqui, a formação toda. Tenho um carinho enorme pelos funcionários, que eles também tem por mim, e isso sempre fez com que eu me sentisse em casa, uma verdadeira cria do clube. Ter voltado para cá e ter sido recebido de braços abertos, como um Moleque de Xerém, foi muito significativo, importante, e eu sempre vou ser um jogador identificado com o Fluminense".

Em meia hora de conversa com a reportagem, o jogador falou muitas vezes a palavra "evolução", síntese de sua passagem pelo Flu. Se em 2020 foi bastante contestado, ele comemora a grande fase e o carinho do torcedor.

"Faz parte, 2020 foi superação, trabalho, e 2021 está sendo de realização de sonhos. Estou sempre em processo de evolução, quero continuar nele para fazer mais gols, dar assistências e ajudar o Fluminense a ser campeão. Meu sonho agora é conquistar títulos. É muito bom estar vivenciar esse momento no Fluminense. Vejo os memes, as brincadeiras, não só o que o clube posta, e acho muito legal porque é carinho, não tem falta de respeito. Vou na onda desse "frio e Caio Paulista", acho muito maneiro [risos]", conta.

Se em seu primeiro ano foram 32 jogos e três gols, Caio já balançou as redes quatro vezes em 24 partidas na atual temporada. Além disso, ostenta ótimos números como titular: são 17 jogos, com 10 vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas, um aproveitamento de 68,7%. Os sete gols e cinco assistências do jogador também são fruto de muito treino, ajuda de Fred e da psicóloga Emily Gonçalves, já homenageada por ele em 2020.

"Melhorei na finalização, que trabalhei muito, o Fred sempre me chamava para treinar, me dava toques de bater na bola, falava do jeito que eu jogava e onde eu poderia evoluir nas jogadas que eu costumava fazer, isso ajudou demais. Agora não me sinto mais nervoso, não faço as coisas com pressa. A psicóloga me ajudou demais a conter essas coisas de ansiedade, então tudo isso influenciou muito na minha evolução".

O crescimento também se deve à ótima relação com Roger Machado, que o ajudou a resgatar o estilo que o trouxe de volta ao Fluminense.

"Roger me ajudou demais. Nesse esquema, eu fico mais perto do gol, embora também ajude fechando os espaços quando estamos sem a bola. Tenho mais chances de finalizar, mais próximo da área, e isso ajudou também a tentar mais, ganhar mais confiança, ter sequência e seguir em evolução. Ele sempre me pede para ir para cima, me acompanha desde o Avaí e diz que quer aquele jogador, que confia no mano a mano, que corre e dribla em direção ao gol, isso é muito importante para me dar confiança. Eu cheguei um pouco tímido, e agora me sinto mais solto em campo. Hoje me vejo tomando melhores decisões no jogo e isso ajuda não só a mim mas também a equipe toda", opina.

Sobre o comandante, sem querer ser "puxa-saco", Caio Paulista é só elogios.

"O Roger é um cara muito inteligente. Só de conversar dá para ver o quanto ele se preparou e estudou para estar ali. Além disso, ele não vê só um jogador, enxerga o ser humano por trás da profissão, e isso faz toda a diferença. É um cara bom de grupo, procura deixar todos a vontade, dar oportunidade a todos e assim consegue gerir bem o elenco. Não é à toa que estamos colhendo tanta coisa positiva", diz.

Caio Paulista comemora gol na vitória do Fluminense sobre o River Plate na Libertadores - Lucas Mercon/Fluminense FC - Lucas Mercon/Fluminense FC
Caio Paulista comemora gol na vitória do Fluminense sobre o River Plate na Libertadores
Imagem: Lucas Mercon/Fluminense FC

O estilo de força e principalmente a trajetória no clube já fazem o torcedor comparar Caio a ninguém menos que Richarlison, xodó nos tempos de Flu e titular da seleção brasileira. Também com a camisa 70 nas costas, o atacante credita a analogia também à paciência.

"A camisa é só coincidência, eu já usava no Avaí, gosto do número, e vejo a comparação da evolução como algo natural, é legal, um grande jogador. É maneiro. Futebol é paciência. A gente dá o máximo para evoluir, ajudar o clube, é normal que a torcida pegue no pé às vezes, o importante é não se deixar abalar, continuar trabalhando para dar a volta por cima. Hoje sou muito feliz com o carinho que recebo da torcida. Vejo as mensagens, leio tudo, nem sempre consigo responder, mas me traz muita felicidade."

Decisivo em 'polêmico' jogo contra o Cerro

Dos sete gols de Caio Paulista pelo Fluminense, todos saíram em jogos onde o Tricolor não foi derrotado. E em grandes partidas. Contra o Cerro Porteño, no Paraguai, pelas oitavas de final da Libertadores, o atacante não balançou as redes, mas deu as duas assistências para o Flu garantir a vitória.

"Queria fazer gol todo jogo [risos], mas que bom que estão saindo em momentos decisivos, assim como os passes para gol. Tomara que passe a ser em todo jogo um gol, uma assistência, isso vai me fazer o cara mais feliz do mundo. É bom para pegar confiança, se sentir importante no grupo e ajudar o Fluminense, que é meu objetivo", disse.

Caio Paulista marcou o gol da virada do Fluminense sobre o Independiente Santa Fe na Libertadores - Lucas Merçon/Fluminense FC - Lucas Merçon/Fluminense FC
Caio Paulista marcou o gol da virada do Fluminense sobre o Independiente Santa Fe na Libertadores
Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

Sobre a polêmica no gol anulado de Boselli, que a Conmebol admitiu erro crasso do árbitro de vídeo, o jogador vê erro também da arbitragem de campo, que teria parado o lance antes de seu final.

"A jogada estava se desenhando, e antes mesmo de concluir, o bandeirinha já havia levantado a bandeira e automaticamente o time parou. O lance claramente parou antes do fim. O gol foi legal pelo que vi nas imagens, mas a gente não tem culpa. Ele tomou a decisão antes, então o lance deveria ser anulado. Não dava para saber o tamanho do erro, mas foi coisa da arbitragem e do VAR. Foi tão rápido que sinceramente não lembro do apito do juiz. Estava de frente para o bandeira, que levantou antes", lembra.

Se seu sonho é levantar uma taça pelo Fluminense, confiança não falta. Dono de uma das grandes histórias de um Tricolor que se mantém competitivo, contraria as previsões e saiu na frente por uma vaga dentre os oito melhores times da Libertadores, Caio Paulista afirma que o Flu será campeão.

"Nós vamos ser campeões. Mirar os títulos é o que mais fazemos, trabalhamos todo dia para isso. Pensamos jogo a jogo, porque não adianta pensar no que ainda não garantimos. Nós queremos todos os títulos: Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores. Vamos dar nosso máximo para conquistar essas competições", disse.

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