Mauro Cezar: Crise com Rogério Ceni no Flamengo é absolutamente tacanha

O Flamengo sofreu sua quarta derrota no Campeonato Brasileiro ontem (7) diante do Atlético-MG, no Mineirão, e mais uma vez o alvo das críticas de parte da torcida foi o técnico Rogério Ceni, que segue bancado pela diretoria apesar do momento turbulento, com resultados ruins e o time com desfalques importantes devido à Copa América.

Em sua participação no programa UOL News Esporte, com Domitila Becker, Mauro Cezar Pereira vê um exagero no tom com o treinador e a responsabilidade colocada toda na conta dele enquanto jogadores e a diretoria passam ilesas, apontando a questão muito como um reflexo do que acontece hoje nas redes sociais.

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"Existe todo um contexto, de um time totalmente mutilado pelo calendário da CBF e isso está sendo ignorado pelos críticos do treinador, desempenho ruim de jogadores, uma diretoria que não se pronuncia, que não vem a público, que deixa o técnico sozinho entregue a esse ódio das redes sociais", avalia Mauro Cezar.

"Nenhum dirigente vai a público dizer, por exemplo, por que o Flamengo não contratou jogadores para recompor o elenco nesse momento em que várias baixas já se sabia que iriam acontecer por conta da Copa América? Não tem dinheiro? Até tem dinheiro, mas tem que equilibrar as finanças e a prioridade não é contratar jogador, mas manter as contas do clube em dia. Perfeito, eu acho corretíssimo isso. Alguém tem que chegar e falar, 'o time está desfalcado e vai ser esse mesmo porque o clube não pode contratar agora. Primeiro a gente vai organizar a casa, manter a casa em ordem, não vamos fazer nenhuma loucura'. Tudo bem, então de quem é a responsabilidade pelo enfraquecimento da equipe? É da situação, mas está tudo em cima do técnico", completa.

Mauro afirma que há uma ilusão de que tudo poderia ser resolvido com a demissão do técnico, mas lembra que mesmo a saída de Ceni não seria tão simples, pois traria custos tanto com o atual comandante do time, quanto com a contratação de um substituto em um momento de poucas opções no mercado nacional e a dificuldade monetária, já que o euro hoje tem um valor muito acima de quando o português Jorge Jesus foi contratado, em 2019.

"O euro continua girando na casa dos R$ 6, quando o Jorge Jesus foi contratado era R$ 3, 4, agora perto dos R$ 6 e já chegou a R$ 6,50, R$ 6,60. É inviável contratar um técnico até do nível do Jorge Jesus, então vai contratar quem na Europa? Muito difícil nesse momento embora a temporada europeia ainda vá começar. No Brasil qual o técnico disponível? Alguns lunáticos pedem o Renato Portaluppi porque certamente não viram o péssimo trabalho dele nos dois últimos anos no Grêmio. Pode até dar certo, mas ele não se credenciou e aí vem uma outra questão, o Renato era, se não o mais bem pago, um dos mais bem pagos técnicos do país", diz Mauro.

"Dentro da diretoria há forte resistência ao nome do Renato. Se o Ceni for demitido daqui uma semana e o Renato for o novo técnico, pode anotar, vai ser um sapo engolido por alguns dirigentes que não gostariam de vê-lo no Flamengo, enorme sapo, e vai ser para colocar um escudo para os próprios cartolas. Essa crise no Flamengo é uma crise absolutamente tacanha", conclui.