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Tradição no Palmeiras, repatriar jogadores rendeu bons e maus resultados

Deyverson comemora gol com Dudu durante partida contra o Junior Barranquilla em 2019 - Marcello Zambrana/AGIF
Deyverson comemora gol com Dudu durante partida contra o Junior Barranquilla em 2019 Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Diego Iwata Lima

De São Paulo

03/07/2021 04h00

Deyverson já jogou e até fez dois gols. Dudu e Pedrão estão treinando desde quinta-feira (dia 1º). Borja, após a participação colombiana na Copa América, é esperado na Academia de Futebol. E o clube está de olho em Mateus Fernandes, jogador que vendeu ao Barcelona em 2020. Desse modo, o Palmeiras pode ter de volta no elenco de 2021 até cinco jogadores que já vestiram sua camisa anteriormente.

Longe de ser uma novidade, repatriar é uma antiga tradição na Academia de Futebol. Desde os anos 1980, o Palmeiras já fez diversas recontratações ou reincorporações de antigos ídolos —ou nem tão ídolos assim—, com resultados bem variados.

Houve jogadores que retornaram mais de uma vez ao clube e até quem tenha voltado para ser dirigente ou técnico.

Veja algumas abaixo:

Lendário, Emerson Leão teve mais sucesso na primeira passagem e foi técnico

Leão Brandão  - Folhapress/Folhapress - Folhapress/Folhapress
O goleiro Emerson Leão abraça o técnico Oswaldo Brandão da equipe do Palmeiras
Imagem: Folhapress/Folhapress

Para muitos, o maior goleiro da história do Palmeiras, Leão participou da Segunda Academia, time que fez história nos anos 1970. O goleiro chegou ao clube em 1968. Ganhou três Brasileiros (1969, 72 e 73) e três Paulistas (1972, 74 e 76) antes de rumar para o Vasco, em 1978, e depois para o Grêmio e o Corinthians da Democracia Corinthiana.

No Alvinegro, era um notório peixe fora d’água, mas foi campeão paulista de 1983. Em 1984, voltou ao Palmeiras, onde jogou até 1986, sem conquistar títulos, mas mantendo bom nível técnico. Em 1987, foi para o Sport. Foi técnico do Palmeiras em 1989 e 2006-07.

Melhor zagueiro da história verde, Luis Pereira saiu da segunda passagem sem conquistas

luis pereira  - Divulgação - Divulgação
Luis Pereira
Imagem: Divulgação

Outro membro da Segunda Academia, o "Chevrolet", como era conhecido, também chegou ao Palmeiras em 1968, ficando até 1975. Ganhou três Brasileiros (1969 1972 e 1973) e dois Paulistas (1972 e 1974). Do Palmeiras, foi para o Atlético de Madri, onde marcou época e se tornou ídolo, ganhando dois espanhóis, entre outras taças.

Em 1980, se transferiu para o Flamengo. E em 1981, estava de volta ao Palmeiras, de onde saiu em 1985, sem novas conquistas, mas ainda com ótimas atuações e muito carinho da arquibancada.

Velloso foi multicampeão no retorno ao clube, após quase parar

Velloso Band  - Reprodução  - Reprodução
Velloso no programa Jogo Aberto, da Band
Imagem: Reprodução

O promissor goleiro, hoje comentarista do Debate Bola, da Band, estreou no Palmeiras em 1989, desbancando Zetti. Teve uma lesão séria e chegou a desistir do futebol em 1992, quando voltou para sua cidade natal, Araras (SP), e comprou um posto de gasolina.

Mas retornou ao futebol no União São João, time de sua cidade, depois foi para o Santos e, em 1994, estava de volta ao Palmeiras, para ser campeão brasileiro. Ganhou ainda mais um Paulista, em 1996, a Copa do Brasil e a Mercosul de 1998.

Em 1999, era o titular do time na Libertadores até fraturar a mão e perder o lugar para Marcos. Ainda em 1999, foi para o Atlético-MG, onde ficou por cinco anos e é ídolo da torcida.

César Sampaio foi capitão e muito importante nas duas passagens. Depois, foi dirigente

Sampaio Liberta  - Folhapress - Folhapress
César Sampaio levanta a taça do Palmeiras campeão da Libertadores em 1999
Imagem: Folhapress

Capitão no Paulista de 1993, no clube onde chegou em 1991, vindo do Santos, Sampaio viveu anos gloriosos no Palmeiras, conquistando também o Rio-São Paulo e o Paulista do mesmo ano.

Em 1994, conquistou o bi no Nacional e no regional. Em 1995, foi para o extinto Yokohama Flügels (JAP), onde permaneceu até 1998.

Em 1999, voltou ao Palmeiras para ser o capitão da conquista da Libertadores. Em 2000, conquistou outro Rio-São Paulo e, no fim do ano, foi para o Deportivo La Coruña (ESP). Foi gerente de futebol do Palmeiras entre 2010 e janeiro de 2013 e hoje é auxiliar de Tite na seleção brasileira.

Zinho brilhou na chegada ao clube e no primeiro retorno. No segundo, naufragou

Zinho Palmeiras - Antônio Gaudério/Folhapress - Antônio Gaudério/Folhapress
Zinho, do Palmeiras, em lance com Henrique, do Corinthians
Imagem: Antônio Gaudério/Folhapress

Zinho, hoje comentarista dos Canais Disney, foi a primeira contratação de peso da Parmalat para o Palmeiras, vindo do Flamengo, em 1992. Fez parte da geração vencedora dos bicampeonatos estadual e brasileiro em 1993-94.

Com Sampaio e Evair, se transferiu para o Yokohama Flügels. Mas em 1997, estava de volta ao Palmeiras, onde conquistou a Copa do Brasil e a Mercosul de 1998 e a Libertadores de 1999.

Em 2000, foi para o Grêmio, mas em 2002, retornou ao Palmeiras e lamentavelmente fez parte do time rebaixado à Série B. Em 2003, foi para o Cruzeiro.

Evair tornou-se ídolo e foi herói e vencedor nas duas passagens

Evair Morumbi  - Ormuzd Alves-27.fev.1994/Folhapress - Ormuzd Alves-27.fev.1994/Folhapress
O jogador Evair do Palmeiras comemora gol durante jogo contra o São Paulo. 27.02.1994 (Foto: Ormuzd Alves/Folhapress)
Imagem: Ormuzd Alves-27.fev.1994/Folhapress

Em baixa na Atalanta (ITA), foi envolvido como contrapeso na negociação que levou Careca Bianchezi para o clube italiano em 1991. No mesmo ano, foi afastado pelo então técnico Nelsinho Baptista, mas foi resgatado por Otacílio Gonçalves, em 1992.

O Matador foi autor do gol da conquista dos Paulistas de 1993 e 1994, campeão brasileiro em 1993, e também marcou na final do Brasileiro de 1994. Foi para o futebol japonês com Zinho e Sampaio. Quando voltou ao Brasil, em 1997, jogou primeiramente por Atlético-MG, Vasco e Portuguesa.

Mas, em 1999, estava de volta ao Palmeiras para conquistar a Libertadores, fazendo o gol da vitória no segundo jogo contra o Deportivo Cali (COL). Deixou o time e foi para o São Paulo após a derrota para o Manchester United (ENG), contrariado por não ter sido escalado por Felipão.

Edmundo foi excelente primeira passagem e, veterano, importante na segunda

edmundo baier  - Rubens Cavallari/Folhapress - Rubens Cavallari/Folhapress
Edmundo e Paulo Baier comemoram gol do Palmeiras no Brasileiro de 2006
Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

O Animal chegou ao Parque Antárctica em 1993, vindo do Vasco. Rapidamente, tornou-se ídolo dos palmeirenses, conquistando os bicampeonatos paulista e brasileiro (1993-94), além do Rio-São Paulo.

Em 1995, saiu com a temporada em andamento para jogar no Flamengo e fazer dupla com Romário — sem sucesso.

Jogou por diversos times, como Vasco, Fiorentina, Corinthians, Napoli, Fluminense, Cruzeiro, Santos, Urawa (JAP), Verdy (JAP) e Figueirense, antes de retornar ao Palmeiras em 2006, de onde saiu em 2007 sem novas conquistas, mas ainda muito amado pela torcida.

Vagner Love deixou o clube quando explodia e teve volta esquecível cinco anos depois

Revelado na base alviverde, Love subiu aos profissionais na Série B de 2003 e não demorou para cair nas graças do torcedor. Com a volta à primeira divisão, ficou no clube até o fim de 2004, jogando bem e indo para a seleção brasileira, quando foi vendido ao CSKA.

Em 2009, na campanha que encaminhava o Palmeiras para a conquista do Brasileiro, voltou ao clube emprestado, mas não foi bem. Perdeu, inclusive, um pênalti contra o Flamengo no Parque Antárctica, em jogo que embalou os cariocas para a conquista do título. Em 2010, Love era jogador do Flamengo.

Após passagens marcantes por Flamengo e Corinthians, não é mais benquisto pelo palmeirense.

Valdivia nunca deixou de ser amado, mas teve tantos gols quanto lesões

Mago - Divulgação - Divulgação
Valdivia é um dos estrangeiros que mais vestiram a camisa do Palmeiras
Imagem: Divulgação

O chileno chegou sem alarde ao Palmeiras em 2006. Em 2007, com boas atuações e muita irreverência, El Mago caiu no gosto do torcedor, que passou a idolatrá-lo. Em 2008, pouco depois de conquistar o Campeonato Paulista, em uma manobra arriscada de Vanderlei Luxemburgo, foi vendido para o Al-Ain (EAU).

Em 2010, Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do clube, investiu até dinheiro emprestado por conselheiros para recontratá-lo. Mas embora seja até hoje amado por muitos torcedores, teve desempenho muito irregular e um número incontável de lesões. Em 2012, participou da conquista da Copa do Brasil e do rebaixamento à Série B do Brasileiro. Ficou no clube até 2015, quando deixou o Palmeiras antes da conquista da Copa do Brasil.

Ainda há quem sonhe com seu retorno ao Alviverde.

Cleiton Xavier saiu no auge e retornou com problemas físicos para ser campeão

CX - Eduardo Knapp/Folhapress - Eduardo Knapp/Folhapress
Cleiton Xavier comemora após abrir o placar para o Palmeiras contra o Corinthians pelo Campeonato Brasileiro
Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

O meia alagoano fez parte de um pacote de contratações da Traffic para o Palmeiras em 2009 e rapidamente foi adotado pelo torcida, que o chamava de CX10. Notabilizou-se, além de boas atuações, pelo gol salvador da intermediária, contra o Colo-Colo, no Chile, pela fase de grupos da Libertadores.

Em 2010, foi vendido ao Metalist (UCR), onde ficou até 2015, quando acertou retorno ao Palmeiras. Em meio a lesões, esteve no grupo campeão da Copa do Brasil no mesmo ano. E em 2016, foi uma espécie de 12º jogador do Palmeiras campeão brasileiro.

Vitor Hugo saiu muito querido e teve segunda passagem relâmpago, sem se firmar

O zagueiro Vitor Hugo chegou ao Palmeiras em 2015, vindo do América-MG. Começou mal, mas logo pegou ritmo e tornou-se, além de importante, muito querido pela torcida. Em 2017, com a Copa do Brasil-15 e o Brasileiro-16 na bagagem, deixou o clube rumo à Fiorentina (ITA). Em 2019, voltaria ao Alviverde, mas sem conseguir desbancar Luan e Gustavo Gómez, já em 2020, foi negociado com o Trabzonspor (TUR).