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Por que técnico do Equador pediu para Tite seguir no Brasil, 'por favor'

Gustavo Alfaro, técnico do Equador - Heber Gomes/AGIF
Gustavo Alfaro, técnico do Equador Imagem: Heber Gomes/AGIF

Eder Traskini

Do UOL, em Goiânia

01/07/2021 04h00

Um papo eloquente na saída do gramado, que viralizou, revelou um pedido curioso: após o empate por 1 a 1 entre Equador e Brasil, o técnico Gustavo Alfaro insistiu para Tite ficar na seleção brasileira. Mas por quê? O UOL Esporte procurou entender os motivos que levaram o argentino que comanda o Equador a erguer tal bandeira.

Alfaro é admirador de Tite há quase 15 anos. Campeão da Sul-Americana com o Arsenal de Sarandí (ARG) em 2007, ele viu o treinador brasileiro levar o Internacional ao troféu da competição na temporada seguinte e acompanha sua carreira desde então, não importando que cargo ocupasse.

Enquanto o técnico argentino passou por Rosário Central, Al-Ahli (ARS), Tigre, Gimnasia, Huracán e Boca Juniors, assumindo a seleção do Equador no ano passado, Tite passou pelo Al-Wahda (EAU) e Corinthians antes de chegar à seleção brasileira. Alfaro acompanhou bem de perto o momento vivido pelo Brasil quando Tite foi chamado.

Após a eliminação da seleção na Copa América de 2016 ainda na fase de grupos, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) definiu a demissão de Dunga e convidou Tite. Em momento de enorme pressão, Alfaro viu Tite conduzir com "simplicidade, humildade e leveza" — segundo pessoas próximas ao argentino ouvidas pela reportagem — o Brasil para fora da crise.

Após a derrota na Copa do Mundo da Rússia, Alfaro mais uma vez ficou admirado com a reação de Tite. Em um congresso posterior, organizado pelo ex-lateral do Cruzeiro Juan Pablo Sorín, o argentino viu o treinador do Brasil apresentar o conceito de saber perder e da grandeza que também há nisso. Dali para frente, o treinador do Equador formou a opinião que externou ao brasileiro na saída do gramado: o Brasil e o próprio Tite estão prontos para vencer a Copa.

No entanto, as especulações prévias à Copa América deste ano assustaram Alfaro quando ele viu que existia a possibilidade de o treinador deixar o comando do Brasil. Para o argentino, seria uma injustiça tremenda o Brasil vencer a Copa do Mundo sem sua "alma mater", como definiu o treinador brasileiro em coletiva de imprensa após o duelo entre os dois.

Admiro muito o Tite, creio que é um exemplo para nós treinadores, um exemplo a seguir por seu compromisso, por sua luta, por seu pensamento sobre futebol. A grandeza que teve para aprender e para nos ensinar a saber perder como quando foi eliminado da Copa do Mundo da Rússia contra a Bélgica. Jogou uma grande partida e nem todos têm a grandeza que Tite teve para suportar esse momento. O Brasil vive essa realidade, obviamente graças aos jogadores e ao talento que tem em todo o país, mas esse talento tem um condutor, uma alma mater que lhe dá sentido. Para mim, está em condições de ser campeão do mundo e, honestamente, eu gostaria que esses treinadores tivessem sua recompensa porque é dessa maneira que se solidifica a luta de gente que dignifica a profissão, que tem um sentimento muito claro e concreto para defender os princípios dos jogadores, que não negocia esses princípios

Foi assim que o admirador Gustavo Alfaro sentiu a necessidade de aproveitar o momento após o jogo para pedir: "siga lutando porque esta é sua e vai terminar sendo campeão do mundo, lembre-se do que te digo: você dignifica isso. Por favor, eu te peço por favor".