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Diretoria da CBF prorroga afastamento de Caboclo por até 60 dias

Rogério Caboclo, presidente da CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Rogério Caboclo, presidente da CBF Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/07/2021 21h17

A diretoria da CBF prorrogou, por meio de uma resolução, o afastamento de Rogério Caboclo da presidência por até 60 dias. A medida foi tomada em uma reunião que terminou na noite de hoje (1º). O prazo foi dado para dar tempo suficiente para que a comissão de ética do futebol brasileiro analise o processo no qual o dirigente é denunciado por assédio moral e sexual contra uma funcionária. Caboclo nega que tenha cometido crime.

Se a comissão de ética tomar uma decisão antes, o afastamento provisório não precisará durar os 60 dias estipulados. Caboclo já estava fora do cargo desde o dia 6 de junho, após medida de tirá-lo compulsoriamente, inicialmente por 30 dias.

A reunião inicialmente aconteceria amanhã (2), mas foi trazida para hoje (1). A ação dos diretores é inédita e foi antecipada pelo UOL Esporte. Trata-se de um caminho que correu em paralelo com a tramitação da comissão de ética. Eles usaram como base o artigo 143 do estatuto da CBF. O texto diz que "nos casos de urgência comprovada, a diretoria da CBF poderá afastar, em caráter preventivo, qualquer pessoa física ou jurídica direta ou indiretamente vinculada à CBF que infrinja ou tolere que sejam infringidas as normas constantes deste Estatuto ou do Estatuto da Fifa ou da Conmebol, bem como as normas contidas na legislação desportiva e nos regulamentos da CBF".

A diretoria da CBF espera que a sentença da comissão de ética em relação a Caboclo seja condenando o presidente afastado e recomendando a saída definitiva dele do cargo. A partir disso, a assembleia geral da entidade, composta pelas 27 federações, será convocada para validar ou não o afastamento. É preciso 21 dos 27 votos das federações para confirmar a destituição do dirigente.

Essa sistemática é estabelecida pelo artigo 38 do estatuto da CBF: "Compete, ainda, exclusivamente à Assembleia Geral Administrativa, sempre em escrutínio secreto, destituir o Presidente e Vice-Presidentes da CBF, havendo comprovada justa causa e observado o devido processo legal".

Outras resoluções

O termo "processo legal" foi o motivo de outra resolução da diretoria, estabelecendo regras para esse trâmite ao qual o artigo se refere.

Houve outra resolução da diretoria com a proposta de coibir ações dos presidentes da CBF como a compra do avião feita por Caboclo na sexta-feira em que a denúncia contra ele foi protocolada na comissão de ética. Para compras acima de R$ 5 milhões, será necessária a avaliação de uma comissão composta por cinco pessoas, inclusive o presidente, além do parecer favorável do diretor da área.

Briga política

Caboclo não desiste e se mantém ativo nos bastidores na tentativa de angariar apoio para voltar ao poder. A tentativa de convencer as federações é constante. A defesa dele chegou a protocolar uma petição na comissão de ética tentando revogar o afastamento temporário inicial. Mas com a manobra da diretoria, as mãos dos advogados de Caboclo parecem ficar mais atadas em relação a esse movimento. Ao mesmo tempo, há um trabalho visando à decisão do mérito e o envio da defesa final de Rogério ao órgão que apura o desvio de ética. A comissão de ética já estava se preparando para prorrogar o afastamento compulsório de Rogério Caboclo.

Rogério Caboclo, no meio disso tudo, acusa o ex-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, de arquitetar o plano para tirá-lo da função e retomar o poder no futebol brasileiro. Del Nero nega.