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Caboclo acusa Del Nero de propor R$ 12 mi para abafar denúncia de assédio

Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF - Jorge Adorno/File Photo/Reuters
Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF Imagem: Jorge Adorno/File Photo/Reuters

Igor Siqueira e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/07/2021 14h40Atualizada em 01/07/2021 17h07

O presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, acusa o ex-presidente da entidade, Marco Polo Del Nero — banido do futebol pela Fifa —, de ter proposto uma indenização R$ 12 milhões para abafar denúncia de assédio moral e sexual que viria a ser feita por uma funcionária da CBF. Essa acusação está em uma nota da assessoria de Caboclo. Um documento manuscrito, que supostamente seria de Del Nero, é apresentado pelo dirigente afastado como prova.

Caboclo foi tirado do poder temporariamente pela Comissão de Ética após ser acusado de assédio sexual por uma funcionária da CBF. Há áudios em que o dirigente usa expressões com conotação sexual com a empregada da entidade.

Na versão de Caboclo, houve a sugestão de proposta feita por Del Nero de pagamento de R$ 12,409 milhões para abafar o caso. Não fica claro se ele falaria em nome da funcionária. Ela negou até agora ter exigido dinheiro e, de fato, protocolou a denúncia.

Caboclo considera "contundente de que Marco Polo Del Nero, ex-presidente da confederação banido do futebol, foi quem trouxe a proposta de R$ 12 milhões para evitar que uma funcionária protocolasse uma acusação no Conselho de Ética da entidade e a tornasse pública", disse a defesa do dirigente afastado, via assessoria.

Bilhete divulgado por Rogério Caboclo que supostamente seria de Marco Polo Del Nero - Reprodução - Reprodução
Bilhete divulgado por Rogério Caboclo que supostamente seria de Marco Polo Del Nero
Imagem: Reprodução

Em seguida, Caboclo anexou uma anotação à mão que afirma ser de Del Nero. "Logo à frente do número 12.409 foi escrito: "corresp [correspondente] 20 anos de salário, transferindo ao valor presente a uma taxa [de correção] de 2,75 [%] anual".

Dentro da CBF, funcionários, que quiseram se preservar anônimos, dizem que foi Caboclo quem pediu que fosse paga uma indenização milionária à funcionária. Esse pagamento, que giraria entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões, foi vetado por diretores da entidade.

Já Caboclo afirma que partiu de Del Nero a proposta: "Este documento é a prova cabal de que as acusações contra Rogério Caboclo fazem parte de um golpe orquestrado por Marco Polo Del Nero para plantar aliados no comando da CBF e, assim, voltar a dar as cartas na entidade."

Del Nero responde

Ao UOL Esporte, Del Nero rebateu a acusação de Caboclo: "O desditoso Rogério Caboclo é perverso, além de seu falar temulento e andar trôpego, e por esse ego inflado, mentiroso empedernido, viaja em alucinações, achando que pode esconder seus assédios, alavancando acusações desconexas e inverídicas a outros. Aconselho-o cuidar de si e das vítimas", disparou o ex-presidente da CBF, que anteriormente já tinha negado participação na arquitetura do caso envolvendo Caboclo.

Amanhã (2), há uma reunião da diretoria da CBF na qual os participantes pretendem estender o afastamento temporário de Caboclo da presidência.