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Conmebol vê melhora no gramado do Nilton Santos, apesar das críticas

Gramado do Nilton Santos no Brasil x Colômbia, pela Copa América - Lucas Figueiredo/CBF
Gramado do Nilton Santos no Brasil x Colômbia, pela Copa América Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

25/06/2021 04h00

"Inadmissível" foi a palavra que o técnico Tite escolheu para definir o gramado do Nilton Santos. Mas, em que pese as reclamações da seleção brasileira, a Conmebol, nos bastidores, entende que o estado do campo de jogo do palco mais usado na atual edição da Copa América está melhorando.

Desde o início da competição, foram quatro jogos em um intervalo de dez dias. A tabela reserva ainda três — sendo dois pelo provável caminho do Brasil nas quartas e semifinais. Essa sequência foi planejada para envolver a seleção brasileira. Mas como alcançar um terreno aceitável?

Desde que tomou as rédeas do estádio usado pelo Botafogo, o UOL Esporte apurou que a Conmebol já plantou 500 kg de sementes de inverno, trocou a parte do gramado que fica próxima aos gols e fez três aplicações de adubo líquido. O campo recebe produtos para evitar a proliferação de fungos. E, no meio disso tudo, a rapidez do sucesso depende de condições climáticas. Quanto menos chuva e mais sol, melhor.

A organizadora da Copa América reconhece que, esteticamente, o campo está longe do padrão de topo. Segundo Tite, "a bola fica picotada, nervosa. A fluência das jogadas fica toda prejudicada. Em vez de dar um tempo, você dá dois, três na jogada".

No entanto, a Conmebol se resguarda nos relatórios dos agrônomos contratados para apontar para a evolução. A entidade considera que o campo tem níveis de tração e umidade dentro dos parâmetros. A compactação do solo ainda não atingiu o nível ideal, mas os relatos dão conta de que ele não está tão duro, muito embora quem cuida do campo não tenha conseguido ainda fazer furos ao longo dele que servem para amenizar esse problema.

A expectativa é que as sementes de inverno plantadas antes do torneio comecem a se fixar e dar resultado após 14 dias da aplicação, o que seria no jogo Uruguai x Paraguai, segunda-feira, ou nas quartas de final. Enquanto isso, para evitar buracos, profissionais entram em ação nos intervalos e ao término de cada jogo.

Nas partidas da seleção brasileira, os uniformes amarelos ficaram imundos. É lama. Uma explicação para isso pode estar na composição do campo do Nilton Santos. Especialistas apontam que ele é mais argiloso do que o Maracanã, por exemplo. Logo, com água ou umidade, a lama aparece mais.

Na primeira partida feita no Rio, Argentina e Chile se aqueceram no gramado e, depois do empate por 1 a 1, o técnico Scaloni reclamou que com dez minutos de jogo o gramado já estava em condições muito ruins. No jogo seguinte, o Brasil x Peru, a seleção brasileira não pôde se aquecer no gramado e foi redirecionada para a área interna. Ali já começou a insatisfação da comissão técnica. O aquecimento no campo é importante porque os jogadores podem sentir o gramado, ver como a bola se comporta e escolher a chuteira adequada. No jogo seguinte, Equador e Venezuela se aqueceram no campo, mas as áreas dos dois gols ficaram isoladas. O mesmo ocorreu no Brasil x Colômbia.

Para a Copa América, a Conmebol contratou a empresa da engenheira agrônoma Maristela Kuhn. Ela trabalhou em todos os recentes grandes eventos de futebol no país, presta serviço para a CBF e para a própria entidade sul-americana nos torneios de clubes. Mas o maquinário fica por conta da Greenleaf, que tem contrato com o Botafogo.

Como a aparelhagem à disposição não seria suficiente, a Conmebol firmou um aditivo com a Greenleaf. A equipe técnica trazida pela organização da Copa América fez um levantamento dos equipamentos e materiais adicionais necessários. Então, a entidade contratou os serviços adicionais.

Outros estádios

No Maracanã, que está sendo preparado para a final, o campo atualmente se apresentou pior do que quando a Conmebol o recebeu antes da final da Libertadores, em janeiro. O trabalho lá começou depois da vitória do Flamengo sobre o Fortaleza, na quarta-feira (23) e vai durar 17 dias. A final é em 10 de julho.

Gramado do Maracanã passa por reforma para final da Copa América - Divulgação/Maracanã - Divulgação/Maracanã
Gramado do Maracanã passa por reforma
Imagem: Divulgação/Maracanã

O Maná Garrincha, em Brasília, passará por uma troca do pedaço do gramado. A intervenção em parte do campo será a partir do dia 28, já que a partida lá pelas quartas de final será em 3 de julho.

Cuiabá e Goiânia não tinham muitos jogos antes do torneio, ao contrário do Nilton Santos e do próprio Maracanã. Tratar o campo do Olímpico, inclusive, é missão mais simples para a organização da Copa América porque o estádio não tem cobertura. Logo, fica mais exposto ao sol.