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Bad boy da Copa América? Vidal já furou bolha, brigou, mas é 'Rei' para fãs

Vidal foi um dos responsáveis pelo furo da bola sanitária da Conmebol na Copa América - Reprodução / Instagram
Vidal foi um dos responsáveis pelo furo da bola sanitária da Conmebol na Copa América Imagem: Reprodução / Instagram

Marinho Saldanha

Do UOL, em Brasília (DF)

24/06/2021 04h00

É fácil atribuir a Vidal o título de "bad boy da Copa América". Até agora, o chileno já furou a bola sanitária da Comebol, se irritou com substituição e — como de praxe — reclamou da imprensa. Mas há outras facetas do meio-campista evidentes no Brasil. Ele que é querido pelos colegas, fez as pazes com um antigo desafeto e é "Rei" para torcida.

Não é necessário muito esforço para encontrar registros de polêmicas de Vidal. Desde festas com companheiros, bebedeiras, fugas da concentração, brigas com seguranças em casas noturnas, críticas de treinadores, tudo já aconteceu na carreira do "Rei Arturo", de 34 anos.

E o cenário não é diferente nesta edição do torneio de seleções mais importante do continente. Foi Vidal um dos responsáveis pela quebra da bolha sanitária da Conmebol ao chamar um cabeleireiro para frequentar a concentração do Chile. Posteriormente, o erro foi admitido pelo grupo.

Além disso, as frequentes trocas no time o irritaram. Ao ser substituído na vitória por 1 a 0 contra Bolívia, atirou as ataduras com força no chão e se recusou a vestir o colete oferecido por um funcionário da seleção. "Imagino o quanto ser substituído é frustrante, mas tenho que encontrar as melhores ferramentas para o time", disse o técnico Martín Lasarte.

Vidal também é ávido contra os críticos e a imprensa. Quando aconteceu a "polêmica do cabeleireiro", antes do jogo contra o Uruguai, na última segunda-feira, uma série de especulações foram veiculadas pelos veículos de mídia chilenos indicando que os atletas teriam feito uma festa na concentração e, provavelmente, recebido mais pessoas além do profissional de beleza.

Vidal reclamou e questionou as afirmações dos jornalistas. "Não deveriam inventar coisas que não aconteceram. Foram dias muito complicados, porque se fala muito no Chile, e ao invés de criticar deveriam apoiar a seleção", disse à W Radio. "Cometemos um erro de levar o cabeleireiro, mas assumimos. Esperamos que só se fale de futebol, estamos jogando uma linda Copa e esperamos ganhar", completou.

Carinho da torcida e paz com Bravo

Arturo Vidal durante treinamento da seleção chilena em Brasília - Marinho Saldanha/UOL - Marinho Saldanha/UOL
Imagem: Marinho Saldanha/UOL

Mas o perfil "bad boy", cheio de problemas fora de campo e indisciplinas, contrasta com o carinho dos torcedores e dos colegas de seleção. Vidal é repetidamente visto em momentos de descontração com companheiros nas redes sociais, sorrindo, acompanhado por colegas com os quais vive há muito tempo no ambiente da equipe.

Até mesmo o desafeto mais forte caiu. Na concentração, ontem, Isla promoveu um abraço entre Vidal e Bravo, que selaram a paz após anos de inimizade. Não são poucos jogadores que elegem o meio-campista como ídolo na seleção. Os mais jovens não cansam de repetir que há um antes e um depois dele na equipe.

"Eu vi o abraço deles com muita alegria. Mostra o que nós, jogadores, estamos fazendo. Estamos unidos e comprometidos em ganhar a Copa América. O que marca a diferença deste grupo é a união", contou Alarcón.

"Como líder do grupo eu quero que todos estejam unidos no mesmo objetivo. Que o individual não esteja acima do coletivo, que uma situação pessoal possa ser posta de lado com o objetivo do grupo. Estou contente e satisfeito", comentou o técnico Martín Lasarte.

O mesmo aconteceu no treinamento de véspera do jogo de hoje, contra o Paraguai. O último a ir para o gramado, ele foi 'cornetado' pelos companheiros e distribuía abraços e sorrisos durante os 15 minutos aos quais a imprensa teve acesso.

Vidal ainda é um dos atletas chilenos mais simpáticos com torcedores. Depois de um treinamento, ainda em Cuiabá, Vidal se dirigia ao ônibus para o deslocamento até o hotel e tinha o nome gritado por fãs brasileiros. Os meninos queriam apenas atenção, um autógrafo, mas ganharam mais do que isso. Vidal pegou calção da seleção chilena e presenteou os pequenos.

Na chegada da delegação a Brasília, todos os atletas passaram entre gritos de poucos aficionados presentes. Apenas um virou-se para os locais e acenou: Rei Arturo.

O apelido que remete ao personagem histórico britânico (Rei Arthur) também se vê perto de ficar no passado da Copa América. A idade dificilmente deixará Vidal participar de mais uma edição do torneio. Na próxima, já terá 37 anos e e pode fazer tanto no meio-campo chileno como nas manchetes dos jornais.

Hoje (24), o chile encara o Paraguai pela quarta rodada do grupo A, às 21h (de Brasília), no estádio Mané Garrincha. Ainda que venha sendo substituído a cada jogo, Vidal deve começar como titular. O jogador se recuperou de lesão, depois sofreu com a covid-19, mas ainda segue ocupando posto relevante no time de Martín Lasarte, e reclamando quando sacado, ao melhor estilo Vidal.