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Até o fim: seleção se especializa em chances e gols na reta final dos jogos

Richarlison puxa fila de comemoração de gol da seleção brasileira em partida contra o Peru - Wagner Meier/Getty Images
Richarlison puxa fila de comemoração de gol da seleção brasileira em partida contra o Peru Imagem: Wagner Meier/Getty Images

Danilo Lavieri e Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

20/06/2021 04h00

A vitória do Brasil sobre o Peru pela segunda rodada da Copa América parecia burocrática e sem muito brilho até sua reta final. Mas, além de aumentarem o placar para chamativos 4 a 0, os gols marcados por Everton Ribeiro e Richarlison já aos 43 e 46 minutos do segundo tempo exibiram o futebol vistoso da equipe comandada por Tite e reforçaram uma característica que tem marcado este time, que é a persistência.

Tite já tinha dado a letra há alguns dias: "Se você pegar todos os nossos jogos, no segundo tempo a gente consegue sempre uma oportunidade melhor do que no primeiro". Um levantamento do UOL Esporte aponta que isso faz sentido: em suas atuações de 2020 e 2021, a seleção brasileira tem o mesmo número de gols na reta final dos jogos (a partir dos 26 minutos da etapa complementar) do que em todos os primeiros tempos.

Essa é uma marca recente, que envolve as seis primeiras rodadas das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar e os dois primeiros jogos da Copa América, período em que a seleção marcou 23 gols. Deles, oito (ou quase 35%) foram feitos já perto do apito final.

Gols da seleção em 2020/2021:

  • Até 25 minutos do primeiro tempo: quatro (Bolívia, Paraguai, Venezuela e Peru)
  • Entre 26 minutos e o fim do primeiro tempo: quatro (Bolívia, Peru, 2x Uruguai)
  • Até 25 minutos do segundo tempo: sete (2x Bolívia, Peru, 2x Venezuela, Equador e Peru)
  • Entre 26 do segundo tempo e o fim do jogo: oito (4x Peru, Bolívia, Equador, Paraguai e Venezuela)

Levando em conta o total de gols do ciclo para a Copa do Mundo do Qatar a conta é um pouco diferente, porque foram apenas 17 nessa reta final dos jogos. Apesar disso, a seleção é permanentemente mais goleadora no segundo tempo do que no primeiro, com 37 gols contra 32.

Tite - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Tite observa treino da seleção brasileira, que tem 30 jogos desde a Copa da Rússia e fez 69 gols
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Todos esses números têm algumas razões de ser, a começar pelo fato de que Tite e sua comissão técnica cobram altíssimo nível de concentração do início ao fim, o que se traduz na criação de chances espalhada por todos os momentos dos jogos. Outro elemento que ajuda a explicar é que o treinador não gosta de romper com o sistema de jogo ao longo dos 90 minutos, mas quase sempre usa todas as substituições para ter no fim jogadores mais frescos contra defesas cansadas.

No Brasil x Peru de quinta-feira fez as cinco mexidas possíveis. Duas no intervalo (Gabigol e Éverton Cebolinha por Richarlison e Everton Ribeiro), e outras aos 25 minutos do segundo tempo (Gabriel Jesus por Roberto Firmino), aos 31 (Alex Sandro por Renan Lodi) e aos 38 (Danilo por Emerson). O time deu um chute a gol no primeiro tempo e oito na etapa final. A lógica não muda muito nos outros jogos.

Para os adversários desta seleção que se especializa em ser fatal nos últimos minutos vale o clichê: o jogo só acaba quando termina.