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Rodrigo Caetano analisa o trabalho e revê Inter com Atlético-MG em alta

Diretor de futebol do Atlético-MG, Rodrigo Caetano (esq) usa experiência para levar o Atlético-MG ao caminho dos títulos - Pedro Souza/Atlético-MG
Diretor de futebol do Atlético-MG, Rodrigo Caetano (esq) usa experiência para levar o Atlético-MG ao caminho dos títulos Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG

Guilherme Piu e Henrique André

Do UOL, em Belo Horizonte

16/06/2021 16h23

O duelo entre Internacional e Atlético-MG válido pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro coloca frente a frente, hoje (16), às 19h, no Beira-Rio, em Porto Alegre, dois dos melhores clubes na última edição do torneio: o Colorado, vice-campeão, e o Galo, terceiro colocado. Duas equipes que passaram por mudanças, mas vivem momentos distintos na atual temporada.

O Galo, que é comandado por Cuca, trocou de técnico no começo do ano — Sampaoli pediu para sair e acertou com o Olympique de Marselha (FRA) — e de lá para cá se estabilizou após um período de turbulência. O Internacional já mudou de técnico duas vezes em seis meses, com a saída de Abel Braga, substituído por Miguel Ángel Ramírez, que também já deixou o clube, e agora procura um novo treinador. Enquanto isso, Osmar Loss segue à frente da equipe gaúcha.

Rodrigo Caetano, à frente do departamento de futebol do Atlético-MG desde janeiro deste ano, tem conduzido o Galo de forma a evitar as turbulências. E usa toda sua experiência para tornar o time ainda mais forte.

"Uma das coisas que eu prezo muito é que nunca chego falando em mudança, ruptura, recomeço. Sempre procuro dar um viés de continuidade, de ajustes. Obviamente, salvo um clube que tenha pegado em situação diferente, como aconteceu com o Vasco, em 2009, quando cheguei em um processo de reconstrução após a queda, em 2008. A partir daí peguei trabalhos em clubes para dar continuidade e fazer ajustes, a forma que eu acredito, acho mais fácil ajustar com o passar do tempo, do que imprimir mudanças bruscas, porque a probabilidade de errar é maior, isso é questão de filosofia", citou em entrevista ao UOL Esporte.

Trabalho no Galo

Caetano fez sim mudanças no elenco atleticano, mas pontuais, e passou por uma saída de técnico que, em um primeiro momento, não era pensada pela diretoria do clube. Partiu de Jorge Sampaoli o pedido para deixar o Atlético-MG. E nessa transição de treinador, diferentemente do Internacional, que não teve sucesso no trabalho do seu departamento de futebol, o Galo foi assertivo. Trouxe um profissional que alcançou resultados contundentes, como o título estadual, a primeira colocação geral na Copa Libertadores, e um desempenho superior a 70% de aproveitamento.

"A minha experiência me permite ter uma visão de diagnóstico mais fácil. Por já ter vivido uma situação, passado em algum momento por situações semelhantes. A possibilidade de fazer um raio-x, uma radiografia da situação atual em que o clube se encontra, facilita. A experiência nos traz situações que em algum momento profissional você já viveu. Se de repente lá atrás tomou uma decisão, hoje pode ser que você não tome. Nesse sentido mesmo de que a ideia é valorizar muito os trabalhos dos antecessores, sempre que posso eu valorizo, principalmente o Rui Costa e o Alexandre Mattos. Cheguei para dar continuidade ao que eles estavam fazendo, claro, do meu jeito, com a minha cara, mas sempre com ajustes. Não quis fazer como outros mudanças drásticas que muitas das vezes piora o que havia sido feito anteriormente", analisou.

Depois e estrear com derrota no Campeonato Brasileiro [em casa para o Fortaleza], o Galo conseguiu duas vitórias em sequência [Sport e São Paulo] e começou sua escalada na tabela de classificação. Atualmente, o alvinegro é o 7º colocado, enquanto o rival nesta quarta (16), o Internacional, é o 13º.

Continuidade x revolução

A troca de treinador no Atlético-MG gerou benefícios ao time. Jorge Sampaoli deixou o clube com 62% de aproveitamento, enquanto Cuca, até aqui, tem 74,2%. Além do novo treinador, peças vieram para encorpar um elenco que já havia recebido quase R$ 400 milhões em investimentos. O atacante Hulk, o lateral esquerdo Dodô foram algumas dessas peças.

"A questão é entender a real necessidade de fazer uma revolução, reformulação com mudanças bruscas. O Galo foi o terceiro colocado no Campeonato Brasileiro [de 2020], seria muito pouco inteligente da minha parte usar essa condição. Tiveram dois clubes acima do Galo no Brasileiro de pontos corridos [Flamengo e Internacional], como o elenco não é bom? Como não tem qualidade? É claro que tem. Se porventura a gente puder melhora-lo, estou mais próximo de ser o primeiro. Diferentemente de eu chegar, como eu citei no Vasco, em 2009. O Vasco caiu em 2008, reformulação, reestruturação, são palavras que para aquele momento cabiam. Depois disso tudo eu peguei clubes onde procurei dar continuidade no trabalho", analisou.

Reencontro com o Inter

Rodrigo Caetano volta a Porto Alegre, capital do estado onde nasceu, e cidade onde trabalhou tanto no Grêmio quanto no Internacional. O reencontro com o Colorado terá um sentimento especial neste momento.

"Tem carinho, um reconhecimento pela oportunidade que o Internacional me deu, pelo trabalho que realizamos em quase três anos. Sei que vou ser bem recebido lá [Beira-Rio], por óbvio, onde tenho muitos amigos. A campanha do Internacional no Brasileiro, Libertadores, mostra como foi o meu trabalho. Ninguém quer ser protagonista, mas melhorar por onde você passa, deixar melhor o que já existia. Nos grandes clubes do futebol mundial o objetivo é esse, estar na parte de cima da tabela. Claro que quero ganhar títulos, temos ótimas perspectivas, mas em termos de desafio é manter o Galo na parte de cima da tabela. Entendo que é assim que deve ser a mentalidade dos outros grandes clubes, fica mais perto de ganhar quando a gente está lá em cima", concluiu.

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