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Brasileirão - 2021

Presidente do Bahia diz que formação de liga dos clubes é "irreversível"

Rodolfo Landim e Guilherme Bellintani, presidentes de Flamengo e Bahia, em encontro para criação da Liga de clubes - Igor Siqueira/UOL Esporte
Rodolfo Landim e Guilherme Bellintani, presidentes de Flamengo e Bahia, em encontro para criação da Liga de clubes Imagem: Igor Siqueira/UOL Esporte

Marcello De Vico

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

15/06/2021 22h32

O presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, afirmou que a decisão de formação de uma liga independente entre os clubes para organizar o Campeonato Brasileiro é irreversível. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o dirigente tricolor esclareceu que o movimento pretende começar a estruturar a liga já nos próximos dias e deixou claro que a ação do grupo não significa um rompimento com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Dezenove dos 20 clubes que disputam a elite do Brasileirão apresentaram à CBF na tarde de hoje (15) a intenção de criar uma nova liga. O único que não assinou o documento —divulgado pelo próprio Bellintani nas redes sociais (confira mais abaixo)—, foi o Sport, que estava sem representante por conta da renúncia do agora ex-presidente Milton Bivar. O clube, porém, já confirmou a participação na nova Liga.

"A decisão de formação da liga é irreversível. Foi uma decisão unânime. A partir da formação da liga, a CBF continua com papel fundamental na organização de todas as competições, exceto o Campeonato Brasileiro, e, mesmo no Brasileiro, pode nos ajudar e, se assim quiser, estar disponível em vários elementos dessa organização. A gente quer ter autonomia para organizar a competição, mas não precisa virar as costas para a CBF de uma hora para outra, já que nosso movimento não é contrário à CBF, é a favor de uma nova forma de organizar o Campeonato Brasileiro", explicou o presidente, para depois explicar os principais pontos da reunião de hoje.

"Na carta que apresentamos hoje à CBF, os pleitos iniciais são de maior participação dos clubes nas decisões políticas da CBF, processos eleitorais, questões de gestão, como, por exemplo, a redução dos filtros para registrar candidatos à eleição e o fim dos votos com pesos diferenciados, retornando ao modelo anterior, dos votos individualizados —ou seja, votos de federações e clubes com o mesmo peso. Mas é óbvio que a proposta informada à CBF de que os clubes criarão, imediatamente, uma liga para gerir o Brasileiro, significa um deslocamento dessa competição para uma instituição gerida e controlada pelos clubes de Série A e B do futebol brasileiro. Na prática, uma das competições que são hoje geridas pela CBF passará a ser gerida por uma liga", acrescentou Bellintani.

De acordo com o presidente do Bahia, há reuniões marcadas para ainda esta semana para dar início ao processo de estruturação da liga, que ainda não tem um nome oficial.

"A estruturação será iniciada imediatamente. Já ao longo dos próximos dias, temos reuniões justamente para ajustar planejamento, foco, atribuições de cada clube e presidente nesse cenário... Quando ela começa a ter impacto real, a organizar de fato as competições? A gente preferiu não determinar porque o processo deve ser construído com toda calma. Sabemos que o projeto começa imediatamente, mas ainda não temos uma data de início das competições geridas pela liga do futebol brasileiro que sequer tem nome, mas já está muito amadurecida nos seus princípios: unidade dos clubes, transparência, democracia, planejamento, agressividade em relação à política comercial...", afirmou.

"Foi tudo isso que foi discutido de uma maneira muito madura e serena entre os clubes que demonstraram nesses dois dias de discussão uma maturidade enorme e uma compreensão de que está na hora de os clubes começarem a gerir um produto tão importante quanto o campeonato brasileiro sem que isso signifique um rompimento com a CBF. A gente quer que isso seja feito com o maior equilíbrio possível", acrescentou.

Guilherme Bellintani explicou ainda por que a nova liga merece credibilidade e destacou o 'ambiente propício' que há no futebol brasileiro para impulsionar o movimento.

"Mas por que agora vai ser diferente? Por que agora a liga, de fato, vai ser formada? Porque o ambiente está propício, os clubes estão maduros e o Campeonato Brasileiro pede um avanço, um desenvolvimento mais pleno, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista da organização dele mesmo", disse.

Acredito que esse movimento é diferente de todos os outros que aconteceram, primeiro pelo momento. Os clubes estão sofridos e estão maduros. As dificuldades estão muito grandes e a serenidade dos processos decisórios se mostrou determinante nos últimos dias. Era um tema que já vinha sendo trabalhado pelos clubes há muito tempo. Eu estou como presidente do Bahia desde 2018 e participei de várias discussões coletivas sobre esse tema, e entendemos que esse era o momento de dar esse passo mais concreto, mais firme para a formação da liga.