Topo

Tite detona Conmebol e diz que organização da Copa América é "atabalhoada"

Segundo Tite, os jogadores da seleção pediram para que a Copa América não fosse realizada no Brasil - Lucas Figueiredo/CBF
Segundo Tite, os jogadores da seleção pediram para que a Copa América não fosse realizada no Brasil Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Danilo Lavieri e Gabriel Carneiro

Do UOL, em Brasília

12/06/2021 14h34

Além da resposta firme sobre o afastamento de Rogério Caboclo da presidência da CBF após acusação de assédio sexual, o técnico Tite também foi contundente ao comentar hoje (12) sobre a Copa América. Marcada há menos de duas semanas para ser realizada no Brasil, a competição começa amanhã, às 18h, em jogo contra a Venezuela no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Tite usou duas vezes a palavra "atabalhoada" para descrever a organização do torneio e mencionou os alvos de suas declarações: "É uma crítica direta à Conmebol e a quem decidiu, dentro da CBF, ser a Copa América aqui [no Brasil]."

A primeira crítica do treinador da seleção brasileira foi por causa dos 12 casos positivos para covid-19 da Venezuela, que será adversária do Brasil na estreia. Após a informação dos casos, a Conmebol alterou o regulamento retirando o limite de substituições de jogadores pela doença: "Quando um campeonato é feito de forma atabalhoada, rápida, está sujeito a essa situação. E vai modificar de novo. Independentemente de que país fosse."

Segundo Tite, ele e os jogadores da seleção pediram a Rogério Caboclo que fossem informados com antecedência se a Copa América seria disputada no Brasil porque haveria desdobramentos políticos e sociais dessa decisão. Como mostrou o UOL, o então presidente da CBF recebeu um pedido da Conmebol após as desistências de Colômbia e Argentina, alinhou-se com o governo federal e oficializou a realização do torneio sem esse contato com a delegação.

Eu pedi e os atletas pediram, o Juninho [Paulista, coordenador da seleção] pediu, ao presidente da CBF antes de levar ao presidente da República e ao país, colocamos a situação de que não gostaríamos [de sediar a Copa América] pelo respeito, por todo o envolvido, um lado sentimental. Foi pedido tempo para nós, mas a situação foi confirmada e ficamos expostos. A partir de então decidimos nos manifestar todos de forma conjunta, mas já que foi definida [a realização da competição] temos orgulho do nosso país, de representar a seleção brasileira, então colocamos nosso trabalho tendo nossas opiniões fora daqui. Isso é respeito à instituição também. Somos contrários à organização da Copa América, mas não tem bengala, não tem muleta, vamos jogar e ser cobrados por performance."

Tite reconhece que há uma mobilização política em torno da organização da Copa América, pois apoiadores do presidente Jair Bolsonaro veem a existência de uma agenda positiva para o governo ao sediá-la: "[Opinião sobre] A organização atabalhoada não tem viés político nenhum e tenho respeito muito grande em relação a isso. Ao longo da minha trajetória não tenho partido politico nenhum, sempre votei em pessoas e não em partidos e me sinto em paz para falar isso. Não tendo viés político infelizmente politizaram essa situação. Mas optamos por fazer a Copa América e ser leais."

"Temos a responsabilidade de um grande desempenho e de buscar o título. Independentemente dos fatos. Nós temos que assumir a nossa responsabilidade. Estamos aqui, vai jogar e vai ter exigência técnica", completou.