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Dudu Beberibe, do 4 de Julho, ouvia do pai histórias sobre o "mestre Telê"

Dudu, atacante do 4 de Julho, do Piauí, após derrota para o São Paulo na Copa do Brasil - Reprodução/SporTV
Dudu, atacante do 4 de Julho, do Piauí, após derrota para o São Paulo na Copa do Brasil Imagem: Reprodução/SporTV

Eder Traskini e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

10/06/2021 04h00

"A fé na vitória tem que ser inabalável" diz uma canção do grupo musical O Rappa —"Anjos (Pra Quem Tem Fé)". O Morumbi se agigantava ao redor de Dudu Beberibe quando ele invadiu a área, venceu Tiago Volpi e encontrou as redes. Em lágrimas, o são-paulino de coração que cresceu ouvindo as histórias sobre o "grande mestre Telê Santana" acreditou.

O atacante do 4 de Julho resolveu seguir, ir atrás, com cara e coragem. Não durou muito tempo até que o São Paulo virasse o resultado e transformasse a partida em um passeio: 9 a 1. É que você sai em desvantagem quando enfrenta o autointitulado "Clube da Fé". Dudu Beberibe já sabia disso, culpa dos ensinamentos de seu Geraldo, o pai que ensinou o ofício de ser são-paulino ao atacante.

"Na minha casa são oito pessoas, e seis são são-paulinos. É uma coisa que vem de berço. O meu pai, o seu Geraldo, pegou a melhor fase do São Paulo, com o Telê Santana. Pra ele, Telê é o grande mestre dos treinadores, o melhor. Eu já ouvi muitas histórias sobre ele vindo do meu pai, então foi uma paixão que veio de infância, desde moleque eu aprendi a amar o São Paulo. Palavras não são capazes de expressar a minha emoção pelo que eu vivenciei ontem", disse Beberibe ao UOL Esporte.

Encantado em visitar o templo sagrado que sempre sonhou, Beberibe passou pelo mural do São Paulo e fez diversos vídeos para o seu Geraldo, o pai, que não segurou a emoção. Tal pai, tal filho.

"Eu vi o mural falando toda a história do São Paulo e fiz alguns vídeos pra mandar pro meu pai, o seu Geraldo. Ele mandou uns áudios aqui chorando bastante apesar do resultado do jogo, mas ficou muito alegre pelo gol que eu fiz, por eu ter realizado um sonho e todo o amor que eu tenho pelo São Paulo. Eu tirei várias fotos, vídeos, tentei aproveitar ao máximo pelo menos nessa primeira oportunidade que eu estive lá", contou Beberibe.

Pra te provar e mostrar que a vida é linda, ainda na canção d'O Rappa, o 4 de Julho acreditava na façanha e não queria apenas se defender. Mesmo em vantagem no confronto após o triunfo em Teresina, os piauienses, que disputam a Série D nesta temporada, desembarcaram no Morumbi para jogar e de fato abriram o placar, com o próprio Beberibe.

"Quando eu fiz o gol, eu não sabia se eu comemorava ou se não comemorava por todo o respeito ao São Paulo, mas passou um filme na cabeça. Passou pela cabeça que iria dar. Até então, a gente ia pra jogar, não só se defender. A gente tinha ganhado o primeiro jogo, 3 a 2, sabíamos da qualidade do São Paulo, que, para mim, aqui no Brasil é o melhor time. Tem Flamengo, mas hoje no momento é o São Paulo. Nós perdemos, mas ninguém imaginava que seria desta forma. Nós sabíamos que não poderíamos errar contra o São Paulo e acabamos não errando só uma vez, erramos várias vezes", disse.

Fanático como Beberibe é, não poderia ser diferente: o atacante não esconde que sonha em um dia vestir a camisa do Tricolor paulista. "Ninguém vai te escutar se não tem fé, ninguém mais vai te ver", diz aquela música.

"Ah, quem não sonha, né? Claro que sim, principalmente quando é torcedor de carteirinha. Eu não posso dizer que tenho só um ídolo, tem uns cinco, seis caras que foram muito importantes durante esses anos todos. Raí, Rogério Ceni —que pra mim é o maior de todos—, Muricy Ramalho, Telê Santana, Miranda, Hernanes, Luis Fabiano, Aloísio... São muitos, eu sou um cara que conheço um pouquinho a história do São Paulo e, se eu falar mais ídolos, vou ficar falando aqui com você até amanhã (risos)", contou Beberibe.

Aos 28 anos, há quem possa dizer que Beberibe nunca terá espaço em um clube poderoso como o São Paulo, mas pra quem tem fé, a vida nunca tem fim. Não tem fim...

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