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Já afastado, Caboclo demite secretário-geral da CBF, mas Coronel desfaz ato

Rogério Caboclo, no discurso após ser eleito presidente da CBF, em 2018 - Lucas Figueiredo/CBF
Rogério Caboclo, no discurso após ser eleito presidente da CBF, em 2018 Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/06/2021 04h00

Presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo tentou demitir o secretário-geral da entidade, Walter Feldman, mas não conseguiu.

Em mais um capítulo do racha recente entre os dois, o UOL Esporte apurou com pelo menos três fontes diferentes que Caboclo enviou ontem (7) uma portaria à diretoria da CBF por meio da qual tirava Feldman do cargo.

Detalhe: para compensar o "atraso", o dirigente colocou a medida com a data retroativa de sábado, quando ainda não tinha sido tirado da função. Empossado, o agora presidente interino da CBF, Coronel Nunes, precisou redigir uma nova portaria para manter Feldman no organograma da entidade.

Até a manhã de hoje (8), o dirigente não estava ciente a respeito da recondução ao cargo. Houve um pequeno descasamento no trâmite da documentação na CBF, mas Feldman voltou ao trabalho durante a tarde.

O clima entre o secretário-geral e o então presidente da CBF azedou de vez no Beira-Rio, durante a vitória da seleção brasileira sobre o Equador, pelas Eliminatórias. Caboclo considerou que foi traído por membros da diretoria e os vices. Feldman e o então presidente deixaram Porto Alegre em voos diferentes. A intenção de demitir o secretário-geral veio à tona por conta desse cenário. Coronel Nunes relatou a membros da diretoria que Caboclo contou a ele no domingo que Feldman estaria demitido. A CBF não vai se manifestar oficialmente.

No domingo, Rogério Caboclo foi afastado por no mínimo 30 dias em decorrência de uma decisão da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro, que investiga uma denúncia de assédio sexual e moral contra ele, registrada por uma funcionária da CBF. O Fantástico, da TV Globo, revelou trechos dos diálogos. Caboclo chega a perguntar: "Você se masturba?"

A comissão de ética foi instada a se manifestar por duas vias: uma carta do diretor de compliance, André Megale, e uma representação de um dos vices da entidade, pontuando, inclusive, uma preocupação com a relação com os patrocinadores da CBF.

Ontem (7), o conselho de administração da entidade, composto pelos oito vice-presidentes, reuniu-se para referendar a determinação da comissão de ética. O rito foi cumprido em um encontro rápido na CBF.

Enquanto Caboclo já disse acreditar que irá retornar ao comando do futebol brasileiro, os dirigentes da CBF dão como certa uma decisão da comissão de ética para afastá-lo em definitivo, em um futuro próximo. Por isso, a articulação eleitoral já começou.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Uma versão anterior deste texto afirmava incorretamente no 3° parágrafo desta matéria que o documento assinado por Caboclo foi datado de sexta-feira. Mas, na verdade, foi de sábado. A informação já foi corrigida.