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Como Roger calou críticos e mudou Flu em classificação na Libertadores

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/05/2021 04h00

A vitória do Fluminense sobre o River Plate no Monumental de Núñez é uma página que não será esquecida na história do clube na Libertadores. Os passes de Fred e os gols de Caio Paulista, Nene e Yago seguirão na lembrança dos torcedores para sempre. Mas Roger Machado precisa ser exaltado: o técnico calou os críticos e transformou a equipe pela classificação em Buenos Aires.

Contestado pelo desempenho do Tricolor nas duas derrotas que antecederam o triunfo na Argentina, contra Junior-COL e Flamengo, Roger decidiu mudar "apenas" peças na equipe, sem modificar a estrutura. Mas o que se viu foi um time completamente diferente.

Primeiro, definiu as entradas de Caio Paulista e Gabriel Teixeira na vaga dos pontas Kayky e Luiz Henrique, que vinham em baixa. Depois, mudou também os laterais: devolveu a titularidade a Egídio na esquerda e promoveu Samuel Xavier, na direita, na vaga do desgastado Calegari.

Todos os escolhidos fizeram boa partida. Na direita, Samuel e Caio combinaram no merecido primeiro gol. Egídio e Gabriel Teixeira, do outro lado, levaram dinamismo à esquerda do ataque, abandonado nas duas derrotas do Flu para Junior-COL e Flamengo. Biel, inclusive, fez papel importante, criando a partir da ponta em direção ao meio, o que ajudou a evitar contra-ataques e melhorou o posicionamento da equipe.

Pequenos ajustes, entretanto, foram feitos para que o time se apresentasse com os setores mais sólidos. Sem bola, Nene recuou em vários momentos junto aos pontas para formar uma linha de cinco com Martinelli e Yago. Mais bem protegidos, os volantes puderam perseguir mais os adversários, pressionar mais a bola, o que se refletiu nos números: foram 55 duelos vencidos, 20 disputas aéreas ganhas e 26 interceptações.

A pressão na saída de bola incomodou o River, que se viu obrigado a buscar passes longos, dificultando a criação. Com as linhas adiantadas, o Fluminense mandou no jogo no primeiro tempo e poderia até ter feito mais que os 2 a 0. Faltou bem pouco para Fred deixar o dele em cabeçada com belo cruzamento de Egídio. O camisa 9, que também executou com maestria o papel de pivô e armador, merecia o gol.

"Em parte, a gente conseguiu com o Caio e o Biel encurtar mais rápido, ter pressão na bola quando ela cai nos corredores laterais. Mas também com um bom posicionamento mais atrasado do meu meia, saindo de dentro para frente para pressionar, fez com que a gente ficasse sempre com jogadores no centro do campo sem desguarnecer o setor. Então foi uma mudança sensível de posicionamento que alterou muito a disposição da pressão, mas também os jogadores com características diferentes nessas funções de lado", disse Roger na coletiva.

Fluminense teve grande atuação, bateu o River Plate no Monumental e se classificou às oitavas da Libertadores - EFE/ Juan Mabromata /POOL - EFE/ Juan Mabromata /POOL
Fluminense teve grande atuação, bateu o River Plate no Monumental e se classificou às oitavas da Libertadores
Imagem: EFE/ Juan Mabromata /POOL

A classificação com grande atuação teve as digitais de Roger Machado, que insistiu em suas convicções, manteve jogadores ofensivos em campo e estruturou o Fluminense para jogar contra o River Plate com imposição técnica, tática e física. Criticado, o técnico manteve a equipe sem um volante de contenção e corrigiu os problemas do meio de campo pressionando mais a bola em todos os setores.

Organização rende frutos individuais

Taticamente bem armado, o Tricolor deu espaço para que o talento, mais uma vez, fizesse a diferença. Além das assistências de Fred e do golaço de Nene, Caio Paulista mais uma vez aproveitou sua chance, deixando o seu e mostrando malandragem na expulsão de Maidana.

Yago também fez por merecer o belo gol que sacramentou a vitória. O camisa 20 se desdobrou na marcação, esteve em todos os setores do campo, ajudou na criação e já havia carimbado a trave antes de tirar de Armani com a parte externa do pé para fazer o terceiro do Tricolor.

Yago marcou belo gol para sacramentar a vitória do Fluminense sobre o River Plate na Libertadores - Lucas Mercon/Fluminense FC - Lucas Mercon/Fluminense FC
Yago marcou belo gol para sacramentar a vitória do Fluminense sobre o River Plate na Libertadores
Imagem: Lucas Mercon/Fluminense FC

A organização também fez Martinelli subir de rendimento. O camisa 38 comandou a saída de bola, articulou as melhores jogadas da equipe e foi novamente o motorzinho do time, como em 2020.

Destaques na última temporada, Nino e Luccas Claro também tiveram grande noite em Buenos Aires. Protegidos, venceram a maioria dos duelos aéreos e pelo chão. Foram oito interceptações, cinco cortes, e 14 de 18 disputas vencidas para a dupla de zaga do Flu.

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