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Crespo transforma São Paulo após fracasso em 2020 e leva taça em três meses

Thiago Fernandes

Do UOL, em São Paulo

24/05/2021 04h00

Hernán Crespo precisou de pouco menos de três meses para transformar o São Paulo que assumiu em 26 de fevereiro. Não foi só a forma de jogar, saindo do 4-4-2 do antecessor Fernando Diniz para o 3-5-2, mas também a mentalidade do elenco.

Logo que chegou ao Morumbi, deixou clara a sua intenção com o grupo: queria transformar o time em protagonista. O título do Paulistão obtido sobre o Palmeiras, na tarde de ontem (23), no Morumbi, foi a prova de que o elenco sob o seu comando atua de forma diferente do que era feito na temporada passada.

Sob o comando de Fernando Diniz, o São Paulo chegou a liderar o Brasileirão com sete pontos de vantagem para o segundo colocado. Entretanto, a oito rodadas do fim, viu a distância despencar e perdeu a primeira colocação, terminando em quarto na competição.

O primeiro trabalho de Crespo era mudar o estado anímico do grupo em sua chegada ao Morumbi. Depois da temporada com uma queda de rendimento, que culminou na perda do título nacional, o treinador teve que trabalhar o lado psicológico e resgatar a confiança de seus comandados. Sem tempo para pré-temporada por causa da mudança de calendário devido à pandemia do novo coronavírus, foi obrigado a mudar a mentalidade dos atletas em meio aos jogos e aos raros treinos.

O trabalho feito no dia a dia no CT da Barra Funda foi testado no Campeonato Paulista e colocado à prova na decisão diante do Palmeiras, atual campeão da Libertadores e da Copa do Brasil. A vitória por 2 a 0 mostrou que o perfil do treinador já pode ser identificado dentro das quatro linhas. O argentino, contudo, atribui a transformação ao elenco.

Crespo durante o duelo entre São Paulo e Palmeiras, pela final do Paulista, no Morumbi - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Crespo durante o duelo entre São Paulo e Palmeiras, pela final do Paulista, no Morumbi
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

"A atitude dos atletas, quero parabenizar os atletas, eu penso que seguramente não estamos sozinhos, somos um time muito grande, somos uma equipe de 20 milhões de pessoas. Não é só a comissão técnica e os dirigentes, não só os atletas, é tudo maior", afirmou em entrevista coletiva na noite de ontem (23).

A mudança também aconteceu dentro das quatro linhas. Crespo resgatou o esquema tático que se tornou o xodó do são-paulino na década de 2000, quando o clube venceu Libertadores, Mundial de Clubes e três edições do Brasileirão. O argentino abandonou o 4-4-2 de Fernando Diniz e passou a colocar em campo o 3-5-2.

Com três zagueiros e um esquema que privilegia a velocidade de alas e atacantes, conseguiu colocar o São Paulo no rumo das vitórias. Não à toa, fecha o Paulistão com 11 vitórias, quatro empates e apenas uma derrota, o que lhe confere 77,08% de aproveitamento. O time marcou 38 vezes e sofreu 11 gols apenas.

No novo esquema, resgatou atletas que não vinham rendendo com a antiga comissão técnica. Dani Alves e Pablo são as ilustrações de atletas que não se destacavam anteriormente e se tornaram pilares do São Paulo de Hernán Crespo. O dono da camisa 10 deixou o meio de campo e voltou à lateral direita, posição em que se tornou um dos melhores do mundo por Barcelona, Juventus e Paris Saint-Germain.

Tratado como reserva na temporada passada, sobretudo após a ascensão de Brenner, Pablo termina o Paulistão como artilheiro do São Paulo. Ele fez cinco gols no torneio.

Crespo, agora, tenta dar sequência ao trabalho que culminou no título Paulista para os jogos de Libertadores e Brasileirão. O próximo jogo da equipe será amanhã (25), às 21h30 (de Brasília), diante do Sporting Cristal (PER), no Morumbi, pela última rodada da fase de grupos.

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