Topo

Internacional

Capitão do Táchira é neto de fundador do clube, que morreu vítima da covid

Edgar Pérez Greco, do Deportivo Táchira (à esquerda), divide a bola com Ivan Torres, do Olimpia - Carlos Ramirez/AFP
Edgar Pérez Greco, do Deportivo Táchira (à esquerda), divide a bola com Ivan Torres, do Olimpia Imagem: Carlos Ramirez/AFP

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

11/05/2021 04h00

A ligação de Edgar Pérez Greco ao Deportivo Táchira, adversário do Inter na noite de hoje pela Libertadores, não se dá apenas em campo. O atacante de 39 anos não é capitão do time venezuelano somente por experiência, espírito de liderança, aquilo que já atingiu na carreira pelo clube e pela seleção do país. Mais importante são as raízes. Ele é neto de Antonio Gaetano Greco, um dos fundadores do clube, que morreu em dezembro do ano passado vítima da covid-19.

Gaetano Greco não resistiu às complicações decorrentes do novo coronavírus. Poucos dias antes do Natal, morreu com uma parada cardiorrespiratória, aos 90 anos.

Seu nome pode ser citado como um dos principais personagens do futebol venezuelano. Natural de Siracusa, na Itália, ele chegou ao país como imigrante. Na juventude, erra piloto de corridas de carro, e, conta a imprensa venezuelana, que depois de uma prova entre Bogotá (Colômbia) e Caracas (Venezuela) se apaixonou pela localidade.

Gaetano, ainda, participou até de uma corrida com o piloto histórico Juan Manuel Fangio, entre San Cristóbal e Colón. Do amor pelo automobilismo, veio a fundação de instituições destinadas ao esporte no país.

O apreço ao futebol veio desde a Copa do Mundo de 1970, que acompanhou como torcedor. Viu, no México, a Itália perder para o Brasil de Pelé. Com desejo de desenvolver o esporte na Venezuela, ele participou da fundação do San Cristóbal FC, que posteriormente virou Deportivo Táchira. Anos mais tarde também fundou o Atlético San Cristóbal, clube que deveria rivalizar com o Táchira.

A família seguiu os passos do desportista, e sempre foi envolvida com tais atividades. Edgar é filho de Clara, que junto com Rodolfo e Mery Lucia são os herdeiros de Don Greco. Ele se tornou jogador profissional no Deportivo Táchira. As primeiras partidas oficiais aconteceram na temporada 2000/2001. Em seguida foram oito temporadas na primeira passagem pelo clube, cuja melhor ocorreu em 2008/2009, quando fez 12 gols em 27 partidas.

Nesta época ele passou a ser chamado pela seleção da Venezuela, que defendeu regularmente por ao menos quatro anos.

Depois rumou ao Deportivo Lara, onde viveu o ápice. Foi campeão venezuelano e eleito melhor jogador do campeonato em 2012. Depois passou pelo La Guaira e voltou ao Deportivo Táchira em 2016. Somando as duas passagens pelo clube, esta é sua 14ª temporada vestindo amarelo e preto.

Ainda que seja capitão do time e utilizado quase sempre, Edgar Pérez Greco não é titular absoluto. Os 39 anos de idade já pesam na recuperação após uma sequência de partidas. Mas, sempre que pisa no gramado recebe a braçadeira de capitão. E com ela tenta honrar a memória de Don Greco, que tatuou seu nome na história do futebol venezuelano.

Internacional