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Chacina nos EUA: Polícia acha textos criptografados na casa de ex-jogador

Viatura parada em frente à casa de Phillip Adams, ex-jogador da NFL acusado de matar seis pessoas - REUTERS/Sam Wolfe
Viatura parada em frente à casa de Phillip Adams, ex-jogador da NFL acusado de matar seis pessoas Imagem: REUTERS/Sam Wolfe

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

28/04/2021 04h00

Semanas após um ex-jogador da NFL supostamente atirar e matar seis pessoas nos Estados Unidos, uma busca da polícia na casa dele tornou o caso ainda mais misterioso ao revelar uma série de textos criptografados. A investigação agora tenta entender se Phillip Adams, o ex-atleta e principal suspeito, estava envolvido com alguma nova religião ou ideologia.

Na versão da polícia, Adams teria invadido uma casa no último dia 7 e assassinado um casal, duas crianças e dois homens que trabalhavam no local. Ainda não se sabe, porém, qual teria sido a motivação do crime nem qual era a sua relação com as vítimas — se é que havia alguma. O acusado nunca prestou depoimento, pois atirou contra si mesmo horas depois.

Os textos são uma grande novidade em semanas de pouco ou nenhum avanço nas investigações. Segundo o comunicado da polícia, foram encontrados "vários cadernos com escrita criptografada e diferentes desenhos e emblemas", mas não está claro se o material tem alguma ligação com o crime.

Além dos cadernos, entre outros objetos, a polícia encontrou na casa de Adams nove armas, vários pentes e uma caixa de munição, celulares e equipamentos eletrônicos em geral.

Phillip Adams jogou em seis equipes da NFL, entre 2010 e 2016. Foi draftado pelo San Francisco 49ers e teve uma carreira cheia de lesões, incluindo duas concussões em um período de apenas três partidas, em 2012.

Quanto às vítimas, Robert Lesslie era um proeminente médico de 70 anos, especialista em medicamentos para pacientes em emergência, além de ter escrito 12 livros e fundar um hospital. Ele e a mulher Barbara (69 anos) deixam quatro filhos. As crianças, Adah (9 anos) e Noah (5), eram dois de seus oito netos. Também foram assassinados James Lewis e Robert Shook, ambos de 38 anos, que trabalhavam na casa.

Entenda o caso

Phillip Adams, ex-jogador da NFL, atirou e matou seis pessoas antes de se matar nos Estados Unidos - Jim McIsaac/Getty Images - Jim McIsaac/Getty Images
Adams teve carreira acidentada e atuou por seis equipes na NFL, incluindo o New England Patriots
Imagem: Jim McIsaac/Getty Images

Phillip Adams é o principal suspeito de matar seis pessoas na tarde do último dia 7, na cidade de Rock Hill, na Carolina do Sul, EUA. Segundo a polícia, ele teria invadido uma casa e disparado contra o médico Robert Lesslie, sua mulher Barbara, as duas crianças e os dois homens que no momento trabalhavam na casa.

Na ocasião do tiroteio, a testemunha que chamou a polícia disse ter ouvido "cerca de 20 tiros" e dito que duas das vítimas, os dois trabalhadores, estavam do lado de fora da casa. Em outra ligação para o serviço de emergência, um colega dos dois funcionários contou que um deles lhe telefonou dizendo: "fui baleado, por favor, avise a polícia". O suspeito fugiu do local, e foi quando a investigação começou.

A polícia afirma ter recolhido "evidências que ligavam Adams à cena do crime" ao chegar à casa da família Lesslie, mas alega que a investigação ainda está em curso e por isso não dá detalhes sobre estas provas. Ao tomar Adams como suspeito, os policiais o procuraram na casa de seus pais, onde, após um impasse, o ex-jogador teria atirado contra si mesmo na madrugada do dia 8.

Perguntas sem respostas

A motivação dos assassinatos ainda é um completo mistério. Há a hipótese de que Adams tenha sido paciente de Robert Lesslie, mas a investigação não confirma esta informação. A polícia ainda procura entender se o ex-jogador tinha de fato algum tipo de relacionamento com o médico ou com outra das vítimas.

A hipótese da família Adams é a de que os seis anos como jogador profissional de futebol americano lhe causaram algum tipo de doença cerebral. "Acho que o futebol americano bagunçou sua cabeça", disse o pai de Adams a um canal de TV.

O cérebro do ex-jogador está sendo examinado por um grupo de cientistas da Medical University of South Carolina (MUSC), que investiga se Adams tinha, por exemplo, encefalopatia traumática crônica (ETC, antigamente conhecida como "demência pugilística"). Esta doença neurodegenerativa não é incomum em ex-atletas e causa comportamentos agressivos súbitos, além de outras desordens cognitivas. Este estudo pode demorar meses até ficar pronto.