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Libertadores - 2021

Rival do Fla tem técnico principiante e goleiro acusado de falsificar teste

Alexis Martin Arias é acusado de falsificar testes PCR para poder jogar mesmo infectado com covid-19 - Reprodução/Instagram
Alexis Martin Arias é acusado de falsificar testes PCR para poder jogar mesmo infectado com covid-19 Imagem: Reprodução/Instagram

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

27/04/2021 04h00

O Flamengo joga às 19h15 (de Brasília) de hoje (27), pela Copa Libertadores, contra uma equipe de personagens marcantes, para dizer o mínimo. O La Calera (CHI) visita o Maracanã com um goleiro acusado de falsificar testes de covid-19 e um treinador cuja carreira está sob suspeita —e também com Jorge Valdivia, que não tem nada a ver com os escândalos.

Segundo o Ministério Público do Chile, o goleiro Alexis Martín Arias participou de um esquema para que outro homem fizesse seus testes de covid-19 em novembro de 2020. O objetivo seria justamente falsificar os resultados e assim poder continuar jogando, mesmo estando contaminado.

"Foi uma manobra executada para obter resultado negativo à presença de covid-19, conseguindo assim, dolosamente, cumprir a exigência de teste negativo para jogar em 3 de novembro contra o Tolima", diz a procuradoria do Ministério Público, em referência a uma partida da última Copa Sul-Americana.

Novas provas sugerem que o esquema pode ter ocorrido também em outros jogos. Segundo a investigação, acontecia assim: em vez de Arias, quem ia até a clínica fazer o exame PCR era Nicolás Ambrosio, que mostrava documento e assinava como se fosse o goleiro.

Ambrosio é bem íntimo de um dos diretores do La Calera, que admite a amizade. O caso é um escândalo no futebol chileno e ainda está sob investigação. Os envolvidos são acusados de falsidade ideológica e de pôr em risco a saúde pública.

Técnico inexperiente

Só que as polêmicas do time chileno não param por aí. O técnico do La Calera, Luca Marcogiuseppe, está no centro de uma controvérsia a respeito da sua contratação e qualificação para atuar. O Chile se pergunta como ele — um treinador com apenas seis meses de experiência — saiu de um time da quarta divisão do futebol argentino direto para disputar a Libertadores?

Um agravante é a relação entre os clubes: os donos do La Calera têm participação direta na gestão do desconhecido Real Pilar (ARG), no qual Marcogiuseppe trabalhava. A história fez uma associação de técnicos do Chile, o Conselho de Treinadores, protestar formalmente contra a sua contratação. O próprio treinador admite que a proposta o "surpreendeu", mas reafirma ter em ordem as licenças para trabalhar.

O currículo dele é modesto. Antes de ser treinador, chegou a trabalhar com Marcelo Bielsa na Espanha e também foi analista de alguns clubes argentinos (Gimnasia La Plata, Racing e Unión Santa Fe), mas só virou técnico de fato em outubro de 2020. De lá, deu um salto para o La Calera —e para a Libertadores.

O time de Martín Arias e Marcogiuseppe é também o de Jorge Valdivia, ex-palmeirense que ainda tenta provar seu valor aos 37 anos. Ele é uma das caras novas da reformulação do time, que perdeu várias peças após chegar às oitavas da Sul-Americana e ser vice-campeão chileno em 2020.