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Mancini vê erros e cobra elenco do Corinthians: 'Não tivemos futebol'

Técnico Vagner Mancini durante o jogo do Corinthians contra o São Bento na Neo Química Arena - Rodrigo Coca/ Ag. Corinthians
Técnico Vagner Mancini durante o jogo do Corinthians contra o São Bento na Neo Química Arena Imagem: Rodrigo Coca/ Ag. Corinthians

Yago Rudá

Do UOL, em São Paulo

16/04/2021 23h28

Nesta sexta (16), o Corinthians conheceu seu segundo tropeço seguido na temporada ao empatar em casa, em 1 a 1, com o São Bento — equipe que ainda não venceu no Campeonato Paulista. Incomodado com o resultado, o técnico Vagner Mancini reconheceu os erros da equipe, falou sobre a atuação do trio de garotos formado por Vitinho, Rodrigo Varanda e Cauê e cobrou o elenco.

"É uma lista de erros, uma lista de problemas que estão acontecendo. Hoje no começo do jogo faltou concentração. Não podemos tomar um gol do jeito que foi, onde o atleta saiu de trás do meio de campo e chegou finalizando. Isso não pode acontecer. São erros que quando são vistos no futebol você agrega falta de concentração. Também vi outras coisas, vi erros de passe, vi atletas simplificando o jogo até por falta de confiança", resumiu o técnico, evidentemente contrariado.

"O mais importante é readquirir dentro da partida a convicção de fazer dentro da partida o que sabemos fazer. Vi dois tempos diferentes. Na segunda etapa, o Corinthians teve menos espaço. Alguns atletas estavam abaixo. Acabamos empatando a partida com condições de virar o jogo, mas não tivemos futebol para ir lá e fazer isso", afirmou o treinador em entrevista coletiva.

Jogando em casa e amplamente favorito no confronto, o Corinthians saiu perdendo logo aos oito minutos de jogo com um golaço marcado pelo lateral Gabriel. Em desvantagem, o Timão enfrentou mais dificuldade com o São Bento montando um retranca em seu campo de defesa. Na visão de Mancini, este contexto foi determinante para que os jogadores da base escalados como titular não tenham conseguido desempenhar um bom futebol.

"Há uma tendência de errar mais e de que o adversário jogue mais fechado. Acho que isso foi decisivo na partida. Rodrigo (Varanda), Cauê e Vitinho não foram bem na partida, mas isso faz parte do amadurecimento deles. Estou aqui para colocá-los e tirá-los no momento certo dentro de uma perspectiva que a gente acha a mais certa. Os meninos são patrimônio do clube. Tenho que ter jogo de cintura para saber o momento de tirá-los. Embora não tenhamos a torcida no estádio, é importante que eles se habituem. Faz parte de tudo o que eles vão viver na carreira", pontuou Mancini.

Com o empate, o Corinthians somou seu 15º ponto no Campeonato Paulista e segue na liderança isolada do Grupo A. O próximo jogo é domingo (18), contra o Ituano, também na Neo Química Arena. Depois disso, o Timão viaja ao Paraguai para a estreia na Copa Sul-Americana, contra o River Plate local.

Confira outros trechos da coletiva de Mancini:

Sobre a atuação dos garotos da base

"Faltou imposição. Acho que não tivemos a imposição necessária no início do jogo, que era um pacto que nós havíamos feito para que a gente pressionasse o São Bento. Tomamos um gol muito cedo, o que joga uma pressão para certos jogadores, principalmente os mais jovens, e você para de arriscar. Começa um jogo de passes laterais e você para de ser agressivo. Acho que no primeiro tempo nós, embora tivéssemos um pouco de espaço nas laterais, não tivemos a calma necessária para agredir mais o São Bento. Até tivemos alguns lances interessantes, mas poucos em relação ao que nós tivemos".

O rodízio é uma necessidade do Corinthians?

"É uma necessidade. Nenhum atleta suportaria entrar em campo com a sequência que nós vimos. São quatro jogos em oito dias e é de fundamental importância equilibrar o tempo de cada um. Não podemos jogar fora o planejamento. É necessário ter calma. Queremos vencer todas as partidas, mas nem sempre é possível"

Sobre Camacho e Xavier não terem sido relacionados

"Não tem ninguém atrás de ninguém. Sabíamos que teríamos uma sequência de jogos e por isso a escolha de um time fazer dois jogos e outro também para que na Sul-Americana a gente escolhesse o melhor time. Tenho que respeitar aquilo que foi combinado com todo mundo. Elaboramos um planejamento e ele está sendo cumprido. O time que jogou na terça-feira, jogará no domingo. Fizemos isso para escolher um time para a Sul-Americana".

Qual o planejamento para a Copa Sul-Americana?

"Temos ainda um jogo no domingo para depois pensar na Sul-Americana. Vamos analisar tudo e queremos para a Sul-Americana ter um time titular. Acho que é a maneira mais justo dos atletas. Vamos avaliar os últimos quatro jogoso".

Sobre a escalação de Cantillo

"Na verdade, eu tive a decisão porque os atletas que jogaram a decisão não estavam completamente recuperados. Mantivemos o planejamento. O Cantillo não foi para Araraquara justamente para que pudesse jogar hoje".

O time reserva foi melhor do que o titular?

"O time titular vai ser escolhido. Quando você vê nossa linha defensiva atuando gera uma expectativa de que esse seja o time que vai jogar a maior parte dos jogos na temporada, mas não é bem assim, Mesclei duas equipes e o time vai ser escolhido a partir do início da Sul-Americana. Os atletas estão demonstrando dentro de camop o que podem fazer. Contra a Ferroviária, fomos bem no primeiro tempo e perdemos no segundo. Hoje, melhorou um pouco no segundo tempo, mas sabemos que pode render mais. Sei que incomoda a torcida porque também me incomoda. O Corinthians jogou hoje muito abaixo do que poderia ser".

Planejamento para o meia Otero

"Pelo que me consta, a partir do momento em que um clube contrata um jogador por 12 meses, ele pode ser utilizado por 12 meses. Eu não posso utilizar o atleta só por nove meses. A partir do momento em que o contrato dele vence em junho, ele tem que ser utilizado pelo Corinthians até o último dia de contrato. O pensamento é simples: é um atleta que està à disposição. A decisão de usar o Otero é feita com todos os atletas do elenco. O Cazares é diferente, ele foi negociado. Tive conversas com o Otero, ele me disse recentemente que quer reverter a situação. Tenho que trabalhar para sempre ter um elenco mais forte. Essa é a realidade dos fatos e temos que conviver com isso".

Sobre o Jô

"O Jô é um exemplo no dia a dia, não só pela sua postura como pela sua dedicação nos treinos. Eu não tenho nenhum tipo de problema com nenhum jogador no Corinthians. Todos eles se empenham muito. Quando eu disse em outras entrevistas que alguns atletas estão abaixo de outros, é o que eu quero dizer sobre o Jô não ter sido titular. Hoje, o Cauê foi titular. Se o Jô estivesse melhor nos treinamentos, certamente estaria no time desde o início. Este é um processo que todos os atletas passam, não podemos de forma alguma descartar algum atleta. Se alguém perdeu espaço, outro alguém ganhou espaço. Se eu tiro o Cauê, eu preciso colocar o Jô. Além disso de ser extremamente dedicado, ele é um atleta que é da posição. Eu não poderia em um jogo que eu estava perdendo, improvisar um jogador. O Jô foi importante em alguns lances, nós temos que analisar o jogo friamente".

As críticas ao trabalho e os pedidos de demissão feitos pela torcida são justos?

"Acho que são justas a partir do momento em que a equipe não vem jogando bem. Você perde um jogo fora de casa com dois erros individuais e depois você empata um jogo em casa. É natural que a torcida esteja chateada, mas acho que a divisão de responsabilidades deve acontecer. Toda essa pressão, ela chega. Muito maior do que essa pressão é a nossa pressão interna. A cobrança é exercida em cima de todo mundo. Hoje, os meninos foram cobrados. Não estamos em um mar de rosas, temos que entender aquilo que está acontecendo. Estamos em um momento em que tudo isso tem que ser absorvido. Queremos dar prazer ao torcedor, às vezes a gente consegue e às vezes não. Temos que pasar ao torcedor que estamos cobrando e estamos sendo cobrados. Internamente, nos cobramos. Ninguém ficou satisfeito".

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