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Pai de joia do Santos foi trabalhar na África para sustentar sonho do filho

Gabriel Pirani, do Santos, na partida contra o Santo André - Ettore Chiereguini/AGIF
Gabriel Pirani, do Santos, na partida contra o Santo André Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Eder Traskini

Do UOL, em Santos (SP)

07/04/2021 04h00

Os caminhos do sucesso no futebol dificilmente são lineares. O sonho de se tornar jogador profissional é comum em território nacional, mas a forma como cada um atinge tal objetivo é infinitamente distinta entre si. Por vezes é necessário ficar milhares de quilômetros longe da família, ou até, no caso de Gabriel Pirani, a um continente de distância. O meia-atacante do Santos vem se destacando e deu belo passe para Marcos Leonardo sofrer pênalti convertido por Marinho na vitória de ontem (6) por 3 a 1 sobre o San Lorenzo, pela fase preliminar da Libertadores.

Foi em 2015 que seu pai, Marcos, precisou tomar uma decisão difícil para manter vivo o sonho do filho Gabriel: deixar para trás o negócio da família e se mudar para a República Democrática do Congo, na África, para trabalhar. 7,5 mil quilômetros separam a cidade de Penápolis, interior de São Paulo, do país africano.

"Foi talvez a decisão mais difícil. Sempre fomos muito unidos, em todos os finais de semana estávamos em Santos. O Gabriel sofreu menos por estar com os avós. Eu e minha mãe sofremos demais e ainda ficamos cuidando da transportadora enquanto ele foi. Mas era o único jeito, não tinha como bancar todas as contas e pagar a prestação do Gabriel. Todo mundo teve que fazer um sacrifício por ele, mas tenho certeza que se fosse o contrário também seria feito, faríamos isso por qualquer pessoa da nossa família", contou Leonardo Pirani, irmão de Gabriel.

Como chegou ao Santos muito jovem, na categoria sub-10 do futsal, Pirani não tinha idade para integrar o alojamento do clube. Os pais, então, tomaram a decisão de comprar um apartamento na cidade e enviar os avós do garoto para morarem com ele na cidade localizada na Baixada Santista.

Cerca de dois anos depois, a transportadora da família Pirani passava por dificuldades no interior de São Paulo e foi aí que o pai do jogador aceitou a proposta de uma empresa para a qual prestavam serviços para trabalhar na África. Marcos conseguia vir ao Brasil por 15 dias a cada quatro meses. Léo e a mãe de Pirani seguiram cuidando da empresa da família, que fecharia as portas no fim de 2015.

No Congo, Marcos conseguia vir ao Brasil por duas semanas a cada quatro meses. Foi assim por três anos. Até que em 2017, o pai do jogador santista voltou ao país para trabalhar em uma empresa do mesmo grupo em Água Clara, no Mato Grosso do Sul. Atualmente, a família toda trabalha na empresa.

Apesar de ter chegado ao Peixe ainda no sub-10 do futsal, Pirani também já atuava no campo pelo sub-11 — onde foi bicampeão paulista na categoria. Antes do Peixe, a joia santista teve uma rápida passagem pela base do São Paulo, mas escolheu o Santos quando surgiu a oportunidade.

Alçado ao profissional no ano passado, Pirani estreou na última rodada do Brasileirão, mas ganhou destaque mesmo nesta temporada, já sob comando de Ariel Holan — que vê o jovem de 18 anos como uma das principais promessas do clube. Ele fez seu primeiro gol profissional na estreia do Santos na temporada 2021 — empate por 2 a 2 com o Santo André, pelo Paulistão.

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