Topo

São Paulo

Agora no São Paulo, Alex traça como meta desenvolver jogadores para Crespo

Thiago Fernandes

Do UOL, em São Paulo

05/04/2021 15h51

Alex foi apresentado, na tarde de hoje (5), como treinador do time sub-20 do São Paulo. O ex-jogador exaltou o coordenador técnico do clube, Muricy Ramalho, em sua chegada, reforçou que seu objetivo nas divisões de base é desenvolver atletas para a equipe comandada por Hernán Crespo e disse por que optou pelo cargo, mesmo com ofertas para trabalhar no futebol profissional.

"Joguei por 20 anos e, depois, busquei a preparação fora para tentar encaixar o que tinha de experiência. Nos últimos anos, eu discuti muito sobre como iniciar, se iria para uma equipe principal, para a base... Eu conversei com muita gente, gestores de alguns clubes, sentamos com o São Paulo, Muricy e Biasotto, e a ideia se encontrou. Houve uma boa relação, as ideias se bateram. Por isso, a gente chegou a um consenso e, hoje, estou aqui. A minha maior discussão talvez tenha sido essa até chegar o momento da escolha no São Paulo", explicou o novo técnico são-paulo, que ainda se manifestou sobre a sua meta no clube:

"A minha ideia é desenvolver o jogador, formar o jogador, não vou ensinar ninguém a jogar futebol. O jogador de sub-20 de um grande clube, como o São Paulo, já tem uma situação contratual definida. Eu posso ajudá-lo a ter um desenvolvimento um pouco mais acelerado. A questão de fazer sucesso como treinador é discutível, porque para alguns é ganhar e para outros é desenvolver atletas. O meu trabalho no momento é de desenvolvimento. Sei que tem muita gente por trás de mim que está nessa situação há bastante tempo. Meu pensamento hoje é de desenvolvimento de atletas. Se o menino está ali, numa categoria como o São Paulo, tenho que ajudá-lo da melhor maneira", comentou.

"A ideia é usar o conceito do São Paulo, clube de riqueza de jogadores enormes. Sabemos como o São Paulo jogou durante a história, sabemos os jogadores que aqui passaram. Quando a gente fala de fluidez, uma equipe que vem à cabeça é o São Paulo. Não vai existir choque ou confronto, quero desenvolver jogadores capacidtados para entender tudo o que o Crespo e sua comissão pedirem. A ideia é o futebol brasileiro, o que o São Paulo tem como essência, jogadores com coragem", acrescentou.

Alex ainda apontou a importância de Muricy Ramalho em seu acordo com o São Paulo. O coordenador técnico foi peça fundamental nas conversas para a chegada do treinador.

"Visitei Cotia há um mês, quando vim falar com o Muricy e o Biasotto. Acabei assistindo a um treino do Crespo. Depois, fui para Cotia e vi que há um centro de treinamentos, uma estrutura espetacular. A estrutura do São Paulo é espetacular".

Confira, abaixo, outros trechos da entrevista coletiva de Alex na chegada ao Tricolor paulista:

Dificuldade pandemia: "Não somente os meninos do sub-20, mas se olharmos para baixo, todos eles e todos nós estamos perdendo muita coisa com a pandemia. Temos que ser muito criativos para tentar enfrentar. Nós olhamos a parte tática, a parte técnica e pouco se fala sobre o ser humano, a questão pessoal. A pandemia tem mostrado isso, muita gente tem tido problemas em suas casas e em suas famílias. Qualquer clube terá problemas, seja no primeiro time ou com os meninos. Tenho uma preocupação grande, na conversa com o Biasotto e o Muricy, falamos muito a respeito disso. Não é um privilégio dos meninos que jogam na sub-20. Isso está afetando a todos".

Assédio estrangeiro sobre jovens: "Somos um mercado formador. O meu trabalho enquanto treinador da sub-20 é oferecer jogadores preparados para a equipe de time, quando o Crespo precisar. Sobre o mercado externo, é um problema para o presidente e para a diretoria".

Novo desafio: "É diferente, porque tive uma última semana muito diferente. Vivi um dia a dia muito tranquilo nos últimos sete, oito anos, vivendo ao lado da minha família. Eu sentei em uma comissão técnica com sete, oito membros, muita pressão, muitos planos. Eu venho me preparando desde que parei, em 2014, passo a passo, sem pressa alguma. A partir de amanhã, ficarei no clube por 24 horas para pegar o que for necessário. Jogar é o que fazia desde que nasci. Como treinador, vou ter que jogar e aprender, mas muito tranquilo e feliz, com ciência de que posso desenvolver isso da melhor forma possível".

Formação como técnico: "Sim, eu queria e tiraria no ano passado para acompanhar os treinamentos de alguns jogadores, mas surgiu a pandemia, que impediu que eu tivesse essa oportunidade. Eu joguei futebol por muito tempo, troquei muitas ideias no dia a dia. Sempre fui uma pessoa muito curiosa, de muita conversa nos meus grupos. Quando eu paro, fui fazer curso de gestão e percebi que não era para mim. Apareceu o convite da ESPN e pude ver o lado de vocês, como vocês se preparam para o jogo, como observam a semana a semana de jogadores. Fui buscar as licenças exigidas no Brasil pela CBF. Agora vou para dentro do campo para praticar. Em cima disso, foi a minha formação".

Repetirá Crespo: "O Crespo acabou de chegar e eu também. O meu trabalho é ajudar a desenvolver os meninos e entregar para o Crespo no time principal. Eu torço para que ele desenvolva bem e vá bem nas competições, porque faço parte disso hoje, mas não tenho preocupação nenhuma aqui na frente".

Escolha pelas divisões de base: "Eu posso traçar o paralelo com o Rogério [Ceni] e vários outros. Cada um faz o seu caminho. Conversei com muita gente, presidentes, alguns gestores, e o papo que mais se aproximou daquilo que penso foi a situação do São Paulo. Cada um tem a sua trajetória, o seu caminho. Acredito que a escolha que fiz pelo São Paulo é um bom caminho como treinador".

Tempo como técnico do sub-20: "Não estipulei tempo e não estou preocupado com isso também não. A minha preocupação é procurar entender o mais breve possível como as coisas funcionam. Temos que deixar que esses meninos tenham a capacidade para que os garotos saibam como pagar. Estou nisso desde criança e estou preocupado somente com o meu trabalho e com as questões que surgirem".

Referência como treinador: "Eu poderia citar vários, mas existe uma situação que é a que a gente deseja e o que é necessário ser feito. Eu vou dar meu primeiro treino essa semana, a primeira coisa que quero fazer é encontrar o cenário do São Paulo. São meninos que têm uma qualidade absurda, mas que ficaram sem jogar desde janeiro. Temos muito tempo de expectativa pelo jogo. Eu tenho que entender essa necessidade. Para executar ideias, preciso dos meus jogadores, preciso entender se os jogadores têm necessidade para fazer. O principal, no momento, independente de citar nomes ou não, é saber se teremos quem utilizar. Podemos desenvolver no dia a dia o trabalho com os jogadores".

Psicologia no futebol: "Era há 30 anos, imagine hoje. Eu lembro bem da minha chegada em São Paulo. Durante um ano e meio, eu apanhei por todos os dias. Ou eu tinha capacidade mental para suportar ou não estaria aqui. Existia pouco assunto e pouca discussão sobre o tema. Não existe o tempo ideal de discussão para o tempo relacionado a isso, mas já existe. Tem profissionais de psicologia lá dentro que já conhecem esse time. É uma conversa que faremos todos os dias. É impossível dissociar a parte mental do ser humano. Você vai precisar da ajuda de alguém, obviamente. Dentro do futebol, não é diferente. A ideia é que, no dia a dia, a gente possa passar o entendimento mais próximo do ideal. O que a gente tem que lembrar sempre é que, se o menino tem 18, 19 anos, ele tem toda uma vida para trás. Vamos tentar entrar nisso e ajudar para que eles entendam a dificuldade que surja. Nesse sentido, vamos tentar ajudá-los".

São Paulo