Topo

Rogério Ceni: "Eu gostaria de ter mais elogios do que críticas"

Do UOL, em São Paulo

18/03/2021 15h22

Ídolo do São Paulo, uma das grandes torcidas do país como goleiro e ainda com uma carreira no início como treinador, Rogério Ceni chegou no ano passado para treinar o Flamengo, de torcida ainda maior, e cujo nível de exigência aumentou desde 2019, com títulos e futebol bem jogado sendo uma exigência. Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, no UOL Esporte, o técnico fala sobre seus acertos e erros no clube rubro-negro e como lida com as críticas de uma ala da torcida mesmo tendo conquistado o título brasileiro de 2020.

Ceni diz que o Flamengo era um clube em que ele imaginava um dia trabalhar, ao mesmo tempo em que ressalta que gostaria de ser mais elogiado do que criticado pelo que fez desde sua chegada, em novembro de 2020, em meio a decisões de Copa do Brasil e Libertadores, nas quais foi eliminado, além do Campeonato Brasileiro, no qual o clube campeão de 2019 só liderou o de 2020 nas duas rodadas finais e levou o troféu para a Gávea.

"Vou ser sincero, eu gostaria de ter mais elogios do que críticas, porque é muito mais fácil você conviver com elogios e às vezes as críticas são com coisas totalmente fora da minha condição de resolução dentro de um campo de jogo. Então eu vejo muito 'ah não, ele substitui errado'. Mas aqui o elenco que tem é esse, as pessoas têm que entender que o elenco está montado e que as peças que tem para troca para determinados jogadores são essas, eu entendo, o torcedor pode gostar menos de um, mais de outro jogador, eu confio nos caras que estão aqui comigo, essas são as peças à disposição e são as que vão entrar", diz Rogério.

Entre as outras críticas que Rogério Ceni recebe estão no momento em que faz as substituições, além dos insistentes pedidos para que o treinador utilize durante as partidas uma formação que tenha os dois centroavantes Pedro e Gabigol ao mesmo tempo em campo, o que ele explica que não é impossível fazer, mas é preciso garantir que o time não perca o poder de marcação.

"Tem a questão Pedro e Gabriel também que é uma questão que é sempre abordada, 'ah o Rogério diz que é impossível de eles jogarem juntos'. Não tem nada de impossível jogarem juntos, desde que todos marquem, agora, você tem que lembrar que para colocar Pedro e Gabriel, nós temos Bruno Henrique, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gerson e Diego, não vou nem colocar Diego e Gerson juntos, porque, na minha opinião, aí ficam muito desguarnecido o meio-campo, aí eu não tenho mais condição de fazer o mínimo defensivo", explica Ceni.

"Tenho que tirar um dos outros três e é difícil porque são todos bons jogadores. Eles nas suas determinadas funções rendem mais do que esses jogadores cumprindo uma função que seria deles. O que é bom no Flamengo é que você tem dois 'noves' de muita qualidade, cada um com característica diferente, que podem jogar sempre que possível ou necessário, por exemplo, como foi no jogo contra o Internacional, um jogador expulso, já tínhamos treinado aquela situação. Agora, eu não consigo às vezes, sei que falar é muito fácil, na prática nem sempre é tão simples", completa.

"Gostaria mais que as pessoas ficassem felizes"

Ainda na análise sobre as críticas que recebe, Rogério Ceni vê a influência do histórico que teve como ídolo do São Paulo e o fato de o clube paulista, mesmo que não sendo um rival regional do Flamengo, disputar os mesmos títulos.

"Eu gostaria mais que as pessoas ficassem felizes, mas entendo que isso também tem muito a ver e concordo, com os 25 anos de São Paulo, com a rivalidade ao longo do tempo que se criou, apesar de estados diferentes, mas equipes que se confrontam e que são vencedoras, equipes que são vencedoras, têm DNA vencedor, acho que isso atrapalha um pouco, agora, eu estou aqui, eu trabalho muito todos os dias tentando o melhor que eu posso pelo Flamengo, é o que eu posso falar", afirma o técnico.

"Maior acerto dentro de campo foi recuar o Arão para a zaga"

Ceni também comenta o que considera o seu maior acerto no comando do Flamengo, o recuo de Willian Arão para atuar como zagueiro e Diego jogando de primeiro volante, além de ressaltar que o Flamengo era um clube que ele imaginava poder trabalhar um dia.

"Um grande acerto foi primeiro ter aceitado o convite de vir trabalhar no Flamengo, esse foi o principal de todos, porque é um clube que eu imaginei um dia poder chegar a trabalhar. Dentro do campo eu acho que foi no momento onde a gente fez a maior mudança, mais drástica, que foi recuar o Arão para a zaga, tentando ter uma saída de jogo melhor, que é o que o Flamengo se propõe", explica o técnico.

"O estilo de jogo proposto pelo Flamengo, encaixando o Diego de primeiro volante, dando muita qualidade, muita posse de bola, mais do que a gente já tinha normalmente, fazendo com que o time criasse muito mais, tivesse mais oportunidades de gol, então talvez essa tenha sido taticamente o ponto principal, o ponto alto do nosso trabalho essa mudança, fazendo com que o Filipe Luís construísse muito mais do que chegasse ao fundo, o que já é uma característica boa do Filipe, explorando o Isla na sua valência maior, que é justamente essa chegada à linha de fundo", conclui.

O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.