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Fla aperta o cinto e trava gastos no futebol em meio a perdas de receita

Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, administra clube em tempos de crise - Reprodução Canal Paparazzo Rubro-Negro
Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, administra clube em tempos de crise Imagem: Reprodução Canal Paparazzo Rubro-Negro

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/03/2021 04h00

"Acabou o dinheiro". A frase imortalizada pelo ex-presidente Márcio Braga ainda não se aplica ao Flamengo atual, mas a situação exige cautela e o clube faz as contas na ponta do lápis para não dar passos em falso.

Carro-chefe rubro-negro, o futebol tem apertado o cinto desde o início da pandemia da Covid-19 e fez cortes na própria carne para se manter sustentável. Ocorre que as perdas de receita no clube começam a ter impactos cada vez mais diretos na paixão da maior torcida do Brasil.

Para se manter saudável, o departamento renegociou parcelas referentes a jogadores, ajustou a folha salarial e fez cortes de pessoal. A conta, no entanto, vai ficando mais apertada a cada dia que passa, já que os rubro-negros veem a pandemia causar efeitos preocupantes. Com os portões fechados dos estádios, o Fla vive um efeito cascata com a falta de receita da bilheteria e o desinteresse pelo sócio-torcedor.

Para se ter uma ideia, o "Nação" perdeu aproximadamente 60 mil associados desde o início da crise da Covid-19. Embalado pelos títulos da Libertadores e do Brasileirão, o clube calculava, já com valores readequados, faturar R$ 115 milhões entre seu programa de associados e bilheteria. Até o penúltimo trimestre do ano passado, a receita líquida destes itens apontava para ganhos de R$ 81 milhões.

Além desta diminuição da expectativa nestes aportes, o Rubro-Negro encara dificuldades na captação de patrocínios. No momento, o uniforme do octacampeão brasileiro tem espaço vago nas costas, no meião, na manga e no calção. Essa situação pressiona o marketing e ajuda a explicar o pé no freio. Em compasso de espera, o futebol aguarda o final feliz de alguma negociação. O setor responsável, por sua vez, festeja novas frentes de recursos que foram abertas durante a pandemia e entende não depender exclusivamente de parceiros comerciais do uniforme para faturar.

Além disso, o Fla vive a frustração de não ter o Maracanã à disposição. O clube achou que a final da Libertadores de 2020 abriria o caminho para a volta gradativa do público, mas determinações dos entes governamentais jogaram água nas expectativas.

Até que não haja algum novo parceiro comercial, a cúpula de futebol se equilibra na corda bamba para bater as metas impostas. Há o entendimento interno de que a principal atividade do clube gerou caixa no ano passado e que uma parte do que foi faturado no Brasileiro de 2020, por normas contábeis, será computado no exercício de 2021.

Enquanto o Rubro-Negro avalia formas de minimizar as dificuldades, conversas por chegadas de reforços estão paralisadas, inclusive a de Rafinha. A negociação com o lateral esfriou e já não há mais tanta certeza pelo retorno. Há interesse das partes, mas não há acordo possível em meio ao cenário completamente nebuloso. As tratativas só serão retomadas se houver algum tipo de aporte financeiro, mas qualquer coisa que escape ao orçamento não terá o aval do presidente Rodolfo Landim.

Por outro lado, o Flamengo vai engordando o cofre como pode. Com os negócios de alguns jovens da casa, o clube contabiliza cerca de R$ 80 milhões com vendas de direitos econômicos, o que representa praticamente metade do que foi orçado para transferência de jogadores. O goleiro Hugo pode ser a bola da vez e entrou na mira do Ajax (HOL), informação confirmada pelo UOL Esporte.