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Palmeiras: Abel quer cumprir contrato, mas diz pensar 'um dia por vez'

Do UOL, em São Paulo

17/03/2021 14h49

Com menos de cinco meses à frente do Palmeiras, Abel Ferreira conquistou a Libertadores e a Copa do Brasil. A ascensão meteórica do jovem treinador português acende o alerta sobre uma possível saída para a Europa, como aconteceu com Jorge Jesus no Flamengo. Com contrato até o fim de 2022 com o time alviverde, o português afirma ter desejo de cumprir o acordo, mas deixa as portas abertas.

"Sou um treinador de projeto. Minha carreira diz isso. Estou muito satisfeito e contente no Palmeiras. Temos mais dois títulos para disputar. Eu vivo a minha vida um dia de cada vez, preparo o futuro no presente. Digo isso para os jogadores. Não adianta pensar em Real, City, Barcelona, se não trabalhar todo dia", explicou, durante entrevista ao UOL Esporte.

Abel também elogiou a organização do Palmeiras para reforçar que planeja seguir à frente do time alviverde.

"Estamos falando de um clube organizado, competente, que cumpre todas as obrigações. Isso é muito bom para o treinador. Portanto, não há nada que não seja continuar. Quero continuar a ganhar e dar alegrias aos nossos torcedores", declarou o português.

"Há um contrato. Quero cumpri-lo", acrescentou.

Confira outras declarações de Abel Ferreira na entrevista ao UOL Esporte:

Relação com as críticas

"Não consigo prever o futebol, mas sei como as coisas funcionam. As regras são claras. É comigo, Mourinho, Guardiola. É fácil gostar de você quando ganha e não gostar de você quando não ganha. Minha equipe sentiu isso quando ganhou a Libertadores e foi derrotada no Mundial. Isso é em qualquer equipe que esteja lutando pela Liga dos Campeões. Eu não me preocupo muito com isso.

Para mim, o futebol é muito claro. 30% vão gostar sempre de você. Depois, tem mais 30% que nunca vão gostar de você. Sobram 40% que vai depender se ganhar ou se não ganhar. As coisas para mim no futebol são muito claras, nas redes sociais são claras e só quero que a minha família e as pessoas que trabalham comigo gostem de mim. Há coisas que você não pode mudar, que são da sua personalidade e são frutos da minha experiência."

O dia que mais chorou

"A vez que mais chorei foi quando acabou a final da Libertadores. Corri para dentro do vestiário, foi a vez que mais chorei. Quando estava sozinho na minha sala, chorei, chorei, chorei. Quando ganha algo desta dimensão [Libertadores], você tem lá tudo, um flash, uma emoção tão forte que você se lembra de todo o processo, de tudo o que sofreu para chegar ali.

Tive que deixar minha família para trás, é necessário? É preciso sofrer tanto para chegar neste nível? Depois, você começa a ver história de campeões. Gosto muito da Netflix, você consegue ver quantos campeões se dedicam. Como o Cristiano Ronaldo para chegar aonde chegou, criticado como foi e no jogo seguinte ao do Porto fez três gols; Só vemos a fotografia final. Por isso que chorei. Lembrei dos tempos que eu treinava juniores, quando troquei de clube, da forma que saí do Sporting, como cheguei no Braga. Difícil não é chegar, é se manter lá."

Saída do Ramires

"Quero dizer que o Ramires foi o que eu chamo de atualidade. Atualmente, as redes sociais exercem uma pressão muito forte com o que tem com a nossa profissão. Se não perceber como funcionam as redes... quem está do lado de lá, tem o direito de xingar, torcer, mas eu tenho direito de só deixar afetar o que eu quero.

Muitas vezes, os jogadores não têm essa capacidade. Eles nascem com o celular embaixo do braço. Vão ver o que dizem sobre eles. Começam a ler os comentários. Se você dar atenção a isso, nos momentos menos bons, vai destruir se não for mentalmente muito bom. Cristiano Ronaldo é xingado e elogiado. Quando o xingam, três gols. Não tem a capacidade mental para perceber que isso faz parte. Deixem dizer.

Ramires foi uma experiência nova. Jogou no Benfica, Chelsea, seleção brasileira, teve uma série de clubes, mas os torcedores do palmeiras estavam críticos. Só um homem como ele [para decidir sair], porque seria muito fácil para ele ficar ali até o final do contrato, arranjar uma lesão no tornozelo... O grupo gostava dele. Tentei fazer tudo para que ele não saísse, saiu e saiu como homem. Para mim, saiu e eu aceitei a vontade dele. No último jogo dele, contra o Libertad [pela Libertadores], ele falou que não queria, que ia sair, que não dava mais. Ele abdicou de um monte de dinheiro. Podem chamá-lo do que quiserem, menos de alguém que fez mal ao Palmeiras."

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