'Sem meu avô, Pelé não teria jogado no Maracanã', diz neto de Mario Filho
O jornalista Mario Neto, descendente de Mario Filho, que dá nome ao Maracanã, criticou a tentativa de trocar o nome do estádio para "Edson Arantes do Nascimento - Rei Pelé". Em entrevista à revista Época, Neto disse que sem seu avô, Pelé sequer teria jogado no estádio.
"Quando o Santos fez sua primeira partida no Rio de Janeiro e o presidente do clube foi indagado sobre o motivo de ter escolhido disputar todas as suas grandes partidas no Maracanã, ele respondeu que o futebol do Santos era digno do melhor estádio do mundo. Se não fosse meu avô, Pelé não teria jogado no Maracanã", disse Neto, à revista.
Ele critica os parlamentares cariocas e acredita que os deputados que votaram favoravelmente à mudança de nome nem ao menos sabem quem foi seu avô.
"Aquela notícia me impactou. Fiquei chateado. Eles não conhecem nada de Mario Filho. Há deputados ali que, se fossem perguntados sobre quem foi meu avô, não saberiam responder. Perguntem ao Bebeto se o Mário Filho dele é com ketchup ou mostarda, porque, se perguntar a ele quem foi Mário Filho, talvez vá dizer que é um lanche do Bob's. Com certeza não sabe quem foi", ironizou.
Projeto aprovado
Os deputados da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) aprovaram na última terça-feira (9) o projeto de lei que altera o nome do estádio do Maracanã para Edson Arantes do Nascimento - Rei Pelé. O projeto ainda depende da sanção do governador do estado.
Na minha opinião, aproveitaram o momento crítico da pandemia para conseguir passar esse projeto. Deveriam estar preocupados com outros assuntos.
Mario Neto
De autoria do deputado André Ceciliano (PT), o projeto 3.489/21 mantém o nome Mário Filho ao complexo esportivo, que tem o ginásio do Maracanãzinho e o estádio de atletismo Célio de Barros.
"A utilização de nomes de pessoas vivas nos bens pertencentes ao patrimônio público tem sido uma preocupação da sociedade para zelar pelo que é de todos e impedir a privatização do patrimônio público. Mas, nesse caso, essa é uma justa homenagem a uma pessoa reconhecida mundialmente pelo seu legado no futebol brasileiro e pela prestação de relevantes serviços ao nosso país", justificou Ceciliano ao site da Alerj.
Ainda na proposta, fica explicado que as placar que possuem o nome do estádio farão menção ao milésimo gol do ídolo futebolístico do Brasil.
"O estádio pelo qual meu avô brigou acabou em 2010. Ele lutou por um estádio com capacidade para mais de 100 mil pessoas. Foi considerada uma das maiores obras do mundo. Já vi Brasil x Paraguai com aproximadamente 200 mil pessoas. O Maracanã pelo qual meu avô brigou não existe mais", afirmou Neto para a revista Época.
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