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Ambulantes na festa do Palmeiras citam medo e alegam urgência por trabalho

Ambulante serve drinks para torcida do Palmeiras que comemorava título da Copa do Brasil nos arredores do Allianz Parque - André Porto/UOL
Ambulante serve drinks para torcida do Palmeiras que comemorava título da Copa do Brasil nos arredores do Allianz Parque Imagem: André Porto/UOL

Yago Rudá

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/03/2021 04h00

A torcida do Palmeiras fez a festa pela conquista do tetracampeonato da Copa do Brasil. Mesmo contrariando as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do plano de contenção à pandemia criado pelo Governo do Estado, os palmeirenses se aglomeraram ontem na região do Allianz Parque. Para alguns, no entanto, a presença no meio dos torcedores, desafiando o risco de contágio, era uma necessidade.

Era o caso de Sérgio de Jesus Alves, de 63 anos. Mesmo pertencente ao grupo de risco da pandemia, o vendedor ambulante optou por sair de casa para vender artigos do Palmeiras, principalmente faixas comemorativas da conquista da Copa do Brasil. Segundo ele, o trabalho informal é a única opção para o sustento de sua família, composta por quatro pessoas.

Meu barraco está quebrado. Como é que eu faço? Não tem emprego, está todo mundo no bico de corvo. Se minha menina pede um arroz e um feijão, o que eu faço? Não tem. Eu não vou roubar porque eu não nasci para roubar. Eu quero trabalhar aqui no meio de toda essa gente? Não, eu não quero, mas é o que tem."

Sérgio de Jesus Alves, de 63 anos

Medo constante em quem precisava estar ali

Entre os torcedores, a grande maioria não usava máscara ou adotava qualquer medida de proteção ao contágio pelo vírus. Já entre os trabalhadores informais, o medo era uma constante. Entretanto, de acordo com os cinco ambulantes ouvidos pela reportagem (três deles pediram para não serem identificados), o impacto econômico na renda familiar pesou na escolha em ir até o Allianz Parque.

"Eu tenho muito medo da pandemia, mas esse é o meu único trabalho. Não tenho outra fonte de renda. Em um dia de jogo normal eu já tinha vendido uns R$ 1.000, mas até agora só consegui R$ 60. Não tem o que fazer, preciso trabalhar", explicou Neudson de Brito, de 40 anos, que vive do comércio de bebidas em eventos como shows e partidas de futebol.

A Polícia Militar não forneceu uma estimativa de quantos torcedores estiveram nas ruas próximas ao Allianz Parque na noite de ontem. Mesmo com a PM bloqueando todos os acessos das ruas Palestra Itália e Padre Antônio Tomás, centenas de palmeirenses ocuparam o bairro e festejaram a conquista —a terceira do clube na temporada 2020.

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