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São-paulina "vira casaca" e torce para Rogério Ceni ser campeão no Morumbi

Rogério Ceni e a torcedora Andrezza Gabriela Almeida - Arquivo pessoal
Rogério Ceni e a torcedora Andrezza Gabriela Almeida Imagem: Arquivo pessoal

Toni Assis

Colaboração para o UOL

25/02/2021 04h00

De um lado o clube do coração, com a necessidade de vencer o líder do Brasileirão para se garantir na fase de grupos da Copa Libertadores. Do outro, o maior ídolo de sua vida, agora treinador do time adversário, a uma vitória do título nacional. Em circunstâncias normais, a pedagoga Andrezza Gabriela Almeida, de 38 anos, não teria dúvidas em canalizar sua torcida para o São Paulo diante do Flamengo, hoje (25), às 21h30 (de Brasília), no Morumbi. Mas o fato de Rogério Ceni comandar a equipe carioca, num momento decisivo da sua carreira de técnico, a fez "virar casaca".

"Meu time é o São Paulo, mas meu ídolo maior será sempre o Rogério", afirmou a torcedora, que será minoria em casa. "Em termos de torcida, vai ser 4 a 1 para o Tricolor. Meus pais, meu irmão e minha irmã vão torcer para o São Paulo, enquanto eu ficarei do lado do Rogério. Mas não tem problema", acrescenta.

Mas nem sempre a postura da torcedora foi essa. Nos embates que Rogério teve diante do São Paulo pela Copa do Brasil, quando dirigiu o Fortaleza e, depois, o Flamengo, a torcida foi para o Tricolor. "Nesses jogos, eu torci pelo São Paulo e fiquei feliz porque fomos melhores. Prevaleceu o amor pelo clube porque brigávamos pelo título da Copa do Brasil. Só batia uma tristeza quando olhava para ele [Rogério] de cabeça baixa na beira do campo".

Idolatria desde 97

Chuteira - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Chuteira autografada por Rogério Ceni para a torcedora Andrezza Gabriela Almeida
Imagem: Arquivo pessoal

A idolatria pelo hoje técnico flamenguista começou a tomar forma em 1997, ano em que ele, de fato, passou a ser titular da meta Tricolor, após Zetti deixar o clube. A partir daí, Andrezza passou a colecionar camisas do Rogério, recortes de jornais e revistas e souvenires do Tricolor.

O primeiro encontro com o ídolo aconteceu apenas em 2010, em evento realizado no restaurante no Morumbi durante a Copa do Mundo. Mas foi em 2012 que Andrezza conseguiu um contato mais próximo com o então goleiro. Ela esteve num resort e Rogério Ceni foi um dos palestrantes. Neste evento, a torcedora tomou coragem, pegou o microfone, e disse tudo o que sentia. "Falei da minha admiração, do amor de fã que carrego, de tudo que ele representa para a torcida. A minha voz tremia."

Após essa declaração, o goleiro acabou dando uma recompensa que ela guarda até hoje: uma chuteira autografada. "Já pediram emprestada, já ofereceram até R$ 800, mas essa chuteira eu guardo com o maior carinho", revela Andrezza, que também ganhou um par de luvas com a assinatura do então atleta.

Torcedora assídua em jogos do Morumbi, apesar de morar em Sorocaba, no interior de São Paulo, ela contabiliza várias fotos ao lado de Ceni, além de camisas autografadas. Tamanha idolatria quase fez Andrezza brigar com um outro torcedor são-paulino durante uma partida. "Eu sou uma pessoa calma, mas um dia apareceu um torcedor que estava xingando o Rogério no jogo e não aguentei. Mandei ele ficar quieto, disse que o nosso goleiro era o único mito do futebol e falei que tinha ainda reconhecimento internacional. O cara levou um susto e não falou mais nada", brinca.

Rogério como técnico

Fã de Rogério dentro de campo, Andrezza acha que o título brasileiro pelo Flamengo seria importante para começar a consolidar a carreira do ex-goleiro como treinador. "Achei injusto quando o São Paulo mandou o Rogério embora. Se ele tivesse continuado, tenho certeza de que não estaríamos nesse jejum de títulos. Alguma coisa ele conquistaria. Ele é obstinado, quer sempre ganhar", analisa.

A demissão de Ceni em 2017 fez Andressa, inclusive, cancelar o título de sócio-torcedora. "Na justificativa do cancelamento disse que não concordava com a sua saída e falei que o Rogério não tinha culpa pela má campanha do time, pois a diretoria tinha vendido vários atletas importantes".

O último encontro dos dois aconteceu em 2019, quando o Fortaleza foi até Sorocaba enfrentar o São Bento pelo Campeonato Brasileiro da Série B. Este momento ela guarda com muito carinho. Por fim, Andrezza, revela os motivos que a levam a pender mais para o lado do ídolo Rogério na partida desta noite. "O Morumbi foi o lugar em que ele morou, cresceu, fez grandes partidas e se consagrou. Acho justo que ele conquiste algo aqui", finaliza.

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