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ANÁLISE

Mauro: Queda do Vasco tem requinte de crueldade pela ilusão lá no início

Do UOL, em São Paulo

22/02/2021 18h33

O empate em 0 a 0 com o Corinthians deixou o Vasco muito próximo do rebaixamento para a Série B, o quarto de sua história, já que precisaria vencer e tirar uma diferença de 12 gols para o Fortaleza para escapar da queda, que foi admitida pelo próprio técnico Vanderlei Luxemburgo após a partida de ontem (21).

No podcast Posse de Bola #102, Mauro Cezar Pereira afirma que o rebaixamento do Vasco na temporada atual é ainda pior para o torcedor devido à empolgação com as rodadas iniciais, quando o time esteve entre os primeiros colocados sob o comando de Ramon Menezes, antes de despencar na classificação e não conseguir a recuperação com o português Ricardo Sá Pinto e depois Vanderlei Luxemburgo.

"O que vai ser do Vasco? Quatro rebaixamentos em 12 anos aproximadamente. O Vasco está caindo, a cada 3 anos e pouco, o Vasco é rebaixado, em média, um negócio horroroso, é o primeiro grande clube do país a cair quatro vezes e todas em pontos corridos. O Botafogo, que caiu agora, a primeira queda foi lá em 2002 junto com o Palmeiras, ainda era aquele campeonato de um turno só e com mata-mata, você não tinha o segundo turno para se recuperar. O Vasco consegue essa proeza, como explicar isso?", questiona Mauro Cezar.

"O torcedor está cansado, é muita pancada, e esse rebaixamento tem o requinte de crueldade que foi a ilusão do começo do campeonato, que eu acho perfeitamente normal o torcedor ficar eufórico e feliz. Na época, o que se vendeu para o vascaíno foi uma mentira, e parte da imprensa alimentou isso, como se o Vasco tivesse time para ficar nas posições mais nobres e não tinha, mas também não tinha time para cair, essa queda vai na conta do Alexandre Campello, que era o presidente, do Ricardo Sá Pinto, que foi péssimo o português pelo Vasco, e o Vanderlei Luxemburgo também que acabou de enterrar o Vasco na segunda divisão", completa.

Mauro cita a empolgação com o 'Ramonismo', o aproveitamento elevado nas finalizações que era fora do comum para os padrões do futebol brasileiro e que o trabalho do técnico se baseava apenas em um estilo de jogo reativo, semelhante ao que Abel Braga tentou utilizar, mas não teve sucesso durante a passagem por São Januário.

"Liderar o campeonato, ficar entre os primeiros colocados nas primeiras rodadas, isso não tem grande importância, a única importância é você estar acumulando pontos que podem ser muito importantes no final e nem aqueles pontos do Ramonismo bastaram. Houve uma visão muito torta de parte da imprensa com relação ao chamado Ramonismo, foi tratado o Ramon Menezes como se fosse um técnico diferente e não era, o que ele fazia no Vasco era a mesma coisa que o Abel tentou fazer e não conseguiu, mas conseguiu no Internacional o tal do time reativo"

O jornalista chama a atenção para a situação que fica o clube em relação às finanças no momento em que tem na gestão um presidente que pretende acertar a questão econômica do clube. Além da queda de receitas com as transmissões de jogos, o clube ainda tem a dificuldade de arrecadar devido à ausência de torcida nos estádios.

"Justamente quando entrou um presidente, o Jorge Salgado, com discurso de recuperação do clube, sanear finanças, as finanças vão ficar mais abaladas ainda, a queda de receitas vai ser brutal, não há previsão de volta de público no estádio, então o Vasco vai continuar sem renda. E tem um detalhe importante, a torcida está muito machucada, então até você contar com o engajamento natural do torcedor do grande clube quando o time é rebaixado, eu não sei até que ponto vai ter esse engajamento", conclui.

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