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Flamengo se reinventa com trocas ousadas de Ceni e engrena na reta final

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

02/02/2021 04h00

As eliminações em sequência na Copa do Brasil e na Libertadores pesaram, Ceni encarou uma forte turbulência no Flamengo, mas o treinador começa a imprimir suas digitais em uma equipe que já mostra lampejos de seus melhores momentos e segue firme na briga pelo Brasileiro.

A chave para essa mudança de postura coincide com uma troca arriscada do rubro-negro, que apostou no deslocamento de Willian Arão para a zaga, o que, por consequência, levou ao recuo Diego, fixado como um volante —que muito mais lembra um meia.

Ao contrário do que poderia parecer a olhos mais conservadores, a mudança tornou o Fla um time mais sólido e engrenou bons resultados. Com a aposta nesta espinha dorsal, os rubro-negros enfileiraram vitórias convincentes sobre Palmeiras, Grêmio e Sport. Houve um tropeço diante do Athletico, mas a evolução é clara. Nestes quatro duelos, os rubro-negros marcaram dez gols e sofreram só quatro.

O movimento no tabuleiro de xadrez do treinador melhorou a saída de jogo do time, que constrói com muito mais qualidade desde lá de trás. Com Diego na equipe, os zagueiros ganharam uma opção de passe. Com esta configuração da zaga, Isla e Filipe Luís se revezam na primeira linha e participam ativamente das ações defensivas e ofensivas.

O encaixe deu ainda mais liberdade para Gabigol e Bruno Henrique, que enlouquecem as zagas adversárias com movimentação intensa e troca de posições. Por trás, Arrascaeta e Everton Ribeiro encontram mais brechas para o passe. Ou seja: o talentoso quarteto voltou a jogar de acordo com seu potencial.

Outro ritmo

Além da nova disposição tática, esta nova versão do Flamengo chama a atenção pela volta do espírito de competição do time, que briga pela bola com muita disposição. Na vitória por 3 a 0 sobre o Sport, chamou atenção a fome pela recuperação da posse, algo muito visto sob a batuta de Jorge Jesus. Não fosse uma imprecisão no toque final, o resultado na Ilha do Retiro seria bem mais elástico.

"Tem gente que vê quantos gols perdemos, eu vejo quantas chances criamos. Eles chegam em casa 4h da manhã (amanhã) e já têm de se apresentar para trabalhar. Mas, quando tem um espaço maior de tempo, a gente treina finalização", disse Ceni.

"Foi um grande jogo, a equipe jogou muito bem, tivemos muitas chances. O importante foi que não levamos gols; Poderíamos ter feito mais", completou Diego.

A quatro pontos do líder Internacional, o Flamengo segue vivo na caça ao líder e pelo título do Brasileirão. Com algumas pitadas diferentes, mas com um tempero de 2019, os atuais campeões esperam dar o bote na reta de chegada. Na quinta (4), o time encara o rival Vasco, às 21h, no Maracanã.