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Diretoria do Cruzeiro perde prestígio e vira alvo de torcida e Felipão

Presença de Sergio Santos Rodrigues na Toca da Raposa II diminuiu consideravelmente nos últimos meses - Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Presença de Sergio Santos Rodrigues na Toca da Raposa II diminuiu consideravelmente nos últimos meses Imagem: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

14/01/2021 04h00

Falhar no objetivo de regressar à elite do Campeonato Brasileiro é apenas um dos problemas a serem enfrentados pelo Cruzeiro na temporada de 2021. Com dívidas milionárias e que escancaram uma das maiores feridas da história do clube — causada por gestões temerárias em um passado recente — a diretoria atual da Raposa vai perdendo o prestígio por decisões estratégicas erradas do ponto de vista da torcida, conselheiros e até investidores.

Somado a tudo isso, promessas não cumpridas podem fazer a comissão técnica de Luiz Felipe Scolari deixar a Toca II em breve. Na noite de ontem (13), o Cruzeiro perdeu por 1 a 0 para o Oeste em casa e ficou ainda mais longe do acesso à Série A.

Por essas questões, segundo apurou o UOL Esporte, o presidente Sérgio Santos Rodrigues está ficando isolado. Na semana passada houve um encontro de membros da diretoria celeste — o próprio mandatário, membros da comunicação, marketing, dentre outros — com integrantes de algumas torcidas organizadas e influenciadores digitais que produzem conteúdo sobre o dia a dia do clube. Nesta reunião aconteceu, por parte da atual administração, uma tentativa de "bandeira branca" entre os torcedores e a diretoria, o que não aconteceu por "incompatibilidade de pensamento entre as partes".

Os torcedores, segundo relatos dados ao UOL, criticam os seguintes pontos: presidente ter "ficado em cima do muro" em algumas questões, como a expulsão dos conselheiros que foram remunerados pelo clube na gestão de Wagner Pires de Sá, o "apoio velado" ao candidato que venceu a eleição para a presidência da mesa diretora do Conselho Deliberativo, Nagib Simões, considerado apoiador da "Família União" — grupo que alçou Wagner Pires e Itair Machado ao comando do clube em 2017.

Completam a lista a permanência de Benecy Queiroz e Deivid no dia a dia do futebol do clube, além de tomada de decisões "equivocadas" com contratações de treinadores e jogadores.

Tanto que, na última terça-feira (12), aconteceu um "tuitaço" das principais organizadas do clube com uma mensagem forte contra o presidente celeste. "

"Vou ser implacável" @SergioSRoficial Sua lábia não cola playboy! Não expulsou ninguém e fez ainda pior, se juntou a quem nos derrubou. Péssimo na política, ridículo no futebol. Quem disse que estou sozinho?" Não está. Está com a Família União. Pede pra sair, AMADOR! (sic)", foi a mensagem publicada nos perfis oficiais no Twitter das principais organizadas do clube, como a Máfia Azul, Torcida Fanati-Cruz (TFC).

O grupo Nascidos Palestra, Forjados Cruzeiro 1921 (NPFC 1921), que orquestrou protestos que culminaram com a renúncia de Wagner Pires de Sá da presidência no fim de 2019, também está contra o atual presidente e sua diretoria.

Além de não ter o apoio de torcedores, Sérgio Santos Rodrigues mais uma vez se vê distante de um dos maiores investidores do clube, de acordo com informações confirmadas pela reportagem. As verbas que estavam sendo aplicadas no Cruzeiro por esse mecenas "secaram" e por isso há atrasos salariais graves. Está em aberto parte da folha de outubro, as folhas de novembro e dezembro, além do 13º salário.

Até mesmo empresários no mercado da bola têm chamado a atual diretoria do Cruzeiro de "amadora", muito pela condução da negociação que envolve o lateral direito colombiano Orejuela. O jogador, que desejava ficar no Grêmio e tinha acordo alinhado entre os clubes para que isso acontecesse, acabou tendo frustrados os seus planos. A diretoria cruzeirense, de uma hora para outra, mudou os planos, o que irritou a diretoria gremista. Membros da cúpula gaúcha chegaram a alegar má-fé da Raposa.

Além disso, as promessas feitas e não cumpridas com comissão técnica de Luiz Felipe Scolari também irritam o próprio treinador, que não deve permanecer no clube após o término da atual edição da Série B. Jogadores, sem a assistência do departamento de futebol no que diz respeito aos salários atrasados, também estão insatisfeitos.

Tanto que o grupo protestou e informou que não haveria concentração antes da partida de ontem (13) contra o Oeste. O UOL procurou o Cruzeiro para saber se o presidente Sérgio Santos Rodrigues se pronunciaria sobre as críticas da torcida e do técnico Felipão. Até a publicação da matéria não houve resposta.

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