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City é acusado de fazer contrato fantasma para manter brasileiro no elenco

Etihad Stadium, casa do Manchester City - Reprodução
Etihad Stadium, casa do Manchester City Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

13/01/2021 19h11

O Manchester City está sendo acusado de criar um cargo fantasma no clube para que Gabriel Almeida, jogador considerado uma promessa em 2011, atuasse pelo clube. Gabriel, então com 14 anos, já havia passado pelas categorias de base do Sporting Lisboa e do Tottenham, e ainda não poderia firmar um contrato profissional - a Premier League exige que os atletas tenham, no mínimo, 16 anos.

Em uma extensa reportagem, o site 'The Athletic' afirma que para que o atleta fosse induzido a permanecer no City, o clube teria feito um contrato com o pai do garoto para uma função que não existia, o que representaria uma violação às regras do futebol no país.

A prática de empregar familiares de jogadores foi muito comum, mas segundo o 'The Athletic', o caso de Gabriel difere, já que ele e o pai garantem que o serviço não foi prestado, e que os comprovantes enviados à reportagem foram "inventados para aumentar os pagamentos à família enquanto o jogador era menor de 16 anos".

No manual vigente na temporada 2011-2012, a Regra .90 já previa que "nenhum clube deve induzir ou tentar induzir um jogador a se registrar pelo clube oferecendo a ele, ou a qualquer pessoa relacionada a ele, direta ou indiretamente, um benefício ou pagamento de qualquer natureza, seja ele em dinheiro ou outra espécie". Na regra seguinte, que trata sobre desenvolvimento de jovens jogadores, é explicitamente proibido qualquer tipo de indução a acordos.

Um advogado especialista ouvido pelo site afirmou que qualquer suspeita de violação das diretrizes seriam encaminhadas aos conselhos da Premier League e da FA (Associação Inglesa de Futebol). Se confirmadas as denúncias, o City pode ser punido. A Premier League preferiu não comentar o caso.

Como olheiro, como era contratado, o pai de Gabriel Almeida ganhava um salário e teria direito a reembolso pelo transporte para os jogos. Nos recibos que o 'The Athletic' teve acesso, constavam valores na casa das 1.000 libras mensais entre setembro de 2011 e junho de 2012, mas a remuneração variava.

"A verdade é que me pagaram mas eu não trabalhei", disse o pai de Almeida. "Na verdade, eles nos enganaram porque eu não falo inglês. Providenciaram para que eu fizesse um curso de scout. Fui à sala de aula em duas ocasiões para comparecer ao curso, dentro do Mancester City".

Em nota, o City refutou todas as acusações, e afirmou que "o Sr. Almeida [pai de Gabriel] foi olheiro casual por um período, enquanto Gabriel estava no clube, e foi reembolsado pelas despesas". Essa não é a primeira vez que o clube é acusado de conduta semelhante. Dados revelados pelo Football Leaks mostram que o clube adotou postura parecida para manter Jadon Sancho e Mathias Bossaerts no clube.

Nascido em Santos, Gabriel Almeida teve passagens por Flamengo, Corinthians, Athletico e Internacional antes de ser promovido a profissional. Em 2019, ele estreou na categoria com a camisa do Bragantino, mas pouco atuou. Em 2020, se transferiu para o Stretford Paddock FC, de Manchester.