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Morto aos 24, Alex fez história na Copa SP e superou Gabriel Jesus e Pedro

Alex Apolinário foi eleito o melhor jogador da final da Copinha de 2015, no confronto entre Corinthians x Botafogo-SP - Rogério Moroti/Agência Botafogo
Alex Apolinário foi eleito o melhor jogador da final da Copinha de 2015, no confronto entre Corinthians x Botafogo-SP Imagem: Rogério Moroti/Agência Botafogo

Arthur Sandes e Flávio Latif

Do UOL, em São Paulo (SP)

08/01/2021 04h00

Ontem (7), o Alverca, clube que disputa a terceira divisão do futebol português, anunciou o falecimento do meia-atacante brasileiro Alex Apolinário, por morte cerebral. O jogador tinha 24 anos e estava internado desde o último domingo (3), após sofrer uma parada cardiorrespiratória durante a partida contra o União FC de Almeirim, pelo campeonato nacional.

Antes de chegar à Europa, Alex foi revelado pelo Botafogo-SP e esteve na campanha histórica do time de Ribeirão Preto na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2015, que chegou à final (igualando a antiga marca de 1983) após eliminar quatro grandes: Botafogo (segunda fase), Fluminense (oitavas), Grêmio (quartas) e o Palmeiras (semifinal). Na decisão, porém, acabou perdendo por 1 a 0 para o Corinthians.

Fato curioso é que o Tricolor carioca tinha em seu elenco o atacante Pedro, hoje no Flamengo, o Tricolor gaúcho contava com o meio-campista Arthur, atualmente na Juventus (ITA), e o Alviverde tinha como maior destaque de sua equipe o atacante Gabriel Jesus, agora no Manchester City (ING).

É verdade que o atacante Isaac foi um dos artilheiros daquela Copinha com oito gols (depois sendo contratado pelo Corinthians), mas era em torno de Alex que o Botafogo-SP funcionava. "Ele era o craque da equipe", recorda Rodrigo Fonseca, o treinador daquela equipe. "E ele saiu da zona de conforto dele, mudou o estilo de jogar para brigar mais sem a bola. Entregou mais e foi o craque do time naquele campeonato. O artilheiro foi o Isaac, mas ele foi quem abasteceu o Isaac. Ele fez o time jogar."

Depois da Copa São Paulo, Alex foi contratado pelo Cruzeiro, onde voltaria a trabalhar com Rodrigo Fonseca por mais um ano e meio. "O Alex era aquele atleta carente, que precisava de uma conversa, de um apoio. Muitos atletas funcionam melhor com outro trato, mais na base da força, mas no Alex eu sentia um tipo de carência. E a gente trazia para perto, para conversar, com incentivo moral. Foi o que fizemos para ele render", lembra o treinador.

Alex chegou a fazer parte do elenco principal do Botafogo-SP em 2014, mas não conseguiu espaço e voltou à base. "Desceu chateado", lembra Rodrigo Fonseca, mas logo mostrou o valor que tinha. Ele chamou a atenção nos Jogos Abertos do Interior de 2014, quando o time representou a cidade de Ribeirão Preto e foi campeão, e um mês depois se destacou na Copinha.

Durante a Copa São Paulo de 2015, Alex foi desfalque na partida contra o Grêmio, mas foi titular nos confrontos contra os outros adversários. Ele foi eleito o melhor jogador da final, mesmo com a derrota. Além do Botafogo-SP, no futebol brasileiro também defendeu Cruzeiro e Athletico.

"A gente nunca espera uma coisa dessas"

Túlio Souza foi outro titular do Botafogo-SP naquela final de Copinha. Ele era um dos volantes do time e já conhecia Alex desde que tinha chegado ao clube, dois anos antes. No alojamento, chegou a dividir quarto com o companheiro, e hoje não esconde que a morte repentina o abalou.

"É uma tragédia", são suas primeiras palavras. "Quando eu vi o vídeo [da parada cardíaca], foi um baque. A gente nunca espera uma coisa dessas, pela idade dele, o vigor físico. Ele vinha jogando, e foi repentino", lamenta, admitindo que o ocorrido faz pensar sobre a continuidade no futebol.

"Às vezes, nós passamos por alguns clubes que não nos dão estrutura e vamos para jogos sem exame, nem nada. Eu fiz educação física, começo a pensar, sim! Porque [a vida] é um sopro", reflete Túlio. "Mas pensando dessa forma, também há outras diversas situações na vida em que acontece algo assim inesperado", pondera.