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Delegado diz que lateral Marcinho dirigia carro que atropelou casal

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro

04/01/2021 15h27

O lateral direito Marcinho, ex-Botafogo, prestou depoimento hoje (4), na 42 DP, no Recreio, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele admitiu ser o condutor do carro que atropelou um casal no último dia 30, na Avenida Lúcio Costa, no mesmo bairro.

Alexandre Silva de Lima morreu no local e Maria Cristina José Soares foi levada ao Hospital Lourenço Jorge em estado grave. Ela está internada no Hospital Vitória, recuperando-se de uma cirurgia. O jogador não prestou socorro.

Marcinho, de 24 anos, foi à delegacia acompanhado de Sérgio Lemos, pai e empresário. O veículo está no nome de uma empresa que tem Sérgio como um dos sócios. Eles chegaram às 11h e saíram quase três horas depois.

Segundo Alan Luxardo, delegado que investiga o caso, o jogador alegou que o casal apareceu de forma repentina. Agora, testemunhas serão ouvidas para que a versão seja verificada

"Até então, tínhamos uma suspeita de quem estaria dirigindo o veículo, até porque não havia uma prova cabal. Hoje nós tivemos a certeza de que quem estava dirigindo era o Marcio. Ele alegou que estava a 60 (quilômetros) por hora. Mas a gente tem de analisar o laudo pericial para confirmar esse dado. Ele alegou que estava dirigindo e um casal chegou na frente dele de forma repentina. Agora, vamos atrás de testemunhas, que já estão identificadas, para verificar essa versão ou mudar o rumo da investigação", disse.

Questionado sobre o fato de o jogador não ter prestado socorro, Luxardo ressaltou que a fuga pode ser um fator de aumento de pena.

"Ele alegou que estava com medo, estava em estado de choque. Ficou com medo por ser uma figura pública, já ter sido ameaçado, e saiu do local. Houve fuga. Isso não vejo como ser diferente. Então isso é uma causa de aumento de pena e isso tudo será levado em consideração no inquérito policial", afirmou.

Segundo Gabriel Habib, advogado de Marcinho, o jogador não havia ingerido bebida alcoólica e deixou o local por estar apavorado e com medo de linchamento.

"Foi um acidente. Foi inevitável. O casal atravessou fora da faixa de pedestre. Estava escuro à noite, praia estava cheia e não conseguiu evitar, frear a tempo. Está muito preocupado com a assistência à família. O que ele está podendo fazer pela família, está prestando toda a assessoria, todo o auxílio", indicou ele, que completou:

"Marcio é uma pessoa pública, sofre muitas ameaças por parte da torcida do Botafogo. Tem lugares que ele não frequenta. Já recebe ameaças de morte há algum tempo nas redes sociais. Ele, realmente, não prestou socorro porque estava com muito vidro no olho, muito apavorado. As pessoas começaram a aglomerar perto do carro e ele ficou com medo de linchamento e represálias. Ele não havia bebido neste dia, estava sóbrio".

De acordo com Márcio Albuquerque, que faz a defesa das vítimas, Maria Cristina está se recuperando bem das cirurgias às quais foi submetida e está consciente, sabendo da morte do marido. Aguarda-se uma evolução no quadro para que ela possa prestar depoimento.

Cria da base do Botafogo, Marcinho tinha contrato com o clube até o fim do ano passado e as partes não chegaram a um acordo para a renovação do vínculo. Em 2020 ele pouco atuou devido a uma grave lesão no joelho direito, que aconteceu ainda durante a pré-temporada.

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